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B. Alan Wallace 'Cultivando o equilíbrio mental e emocional' em "Mind & Its Potential 2012"

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    Fui convidado para falar
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    sobre cultivar o equilíbrio mental e emocional
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    E eu imagino que muitos de nós se não todos que estão aqui
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    já têm interesse nesse tema
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    Mas tenho certeza de que todas as pessoas
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    têm interesse em ter uma mente clara,
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    em ter bem-estar mental, bem-estar emocional,
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    no sentido de ter saúde.
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    E a implicação deste título é que
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    equilíbrio é a chave para o bem-estar mental e emocional.
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    Portanto, como iremos cultivar isso?
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    Gostaria de sugerir que a chave é a atenção.
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    Acho que todos nós sabemos pela nossa própria experiência que nossas mentes
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    podem ser nossos piores inimigos, podem nos deixar loucos!
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    Se nos sentarmos em nossos quartos em silêncio,
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    sem nenhum estímulo do ambiente
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    podemos nos tornar verdadeiramente infelizes.
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    Apenas devido à ruminação, aos pensamentos que vêm às nossas mentes,
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    sendo apanhados e aprisionados nas garras do que os psicólogos chamam de ruminação.
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    Em outras palavras, sabemos que podemos nos tornar infelizes sozinhos, sem nenhuma ajuda externa.
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    É um trabalho interno!
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    E muitas se não todas as pessoas sabem
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    que também é possível
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    permanecer sentado quieto em seus aposentos,
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    quieto em sua caverna,
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    quieto em lugar sereno na natureza,
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    com pouco ou nenhum estímulo do ambiente,
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    e ter a sensação de estar verdadeiramente bem,
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    feliz.
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    E você olha à sua volta e pensa "o quê está me fazendo feliz?"
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    e... você não consegue encontrar nada do lado de fora.
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    Essa sensação de bem-estar está vindo de dentro.
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    E então, todos nós devemos ser "Sherlock Holmes" agora.
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    Rastrear isso até sua fonte.
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    Nessa apresentação maravilhosa que tive a sorte de assistir antes de subir ao palco
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    A causa, o agente era em geral atribuído ao cérebro.
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    E não há dúvidas de que o cérebro está envolvido
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    em todas as nossas experiências subjetivas.
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    Mas a noção de que a única explicação verdadeira é a neurológica,
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    e eu nunca ouvi o palestrante
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    mas o Prof Ramachandran diria isso,
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    penso ser limitada.
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    Algumas vezes, podemos ter uma elucidação mais clara
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    sobre o que está havendo em nossa experiência subjetiva
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    observando a própria experiência subjetiva
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    buscando uma explicação psicológica.
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    Então, sugeri que a atenção é a chave.
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    Uma pessoa que pode controlar sua atenção
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    pode ter controle sobre o tipo de realidade que tem a sensação de estar experimentando e vivenciando
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    Afinal, como William James, um grande pioneiro da psicologia moderna, afirmou
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    "A cada momento, aquilo a que prestamos atenção é a realidade"
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    Levamos a sério
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    consideramos real apenas aquilo a que estamos atentos
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    Então, quando nossa mente está tomada por uma hiperatividade da atenção
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    seja clinicamente diagnosticada ou não
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    acho que todos nós temos idéia de como é
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    Quando a mente se parece a um trem desgovernado
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    como um elefante no cio, segundo a grande e clássica metáfora indiana,
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    podemos sentir uma aflição enorme.
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    Em especial quando essa ruminação,
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    este fluxo obsessivo e compulsivo de pensamentos
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    é negativo.
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    Insistir em infortúnios do passado,
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    no mal comportamento de outras pessoas,
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    negatividades de um tipo ou de outro
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    nos aprisiona e subjuga.
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    Nós realmente nos tornamos vítimas de nossas próprias mentes.
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    Então, ruminação negativa.
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    Portanto, se estamos buscando o equilíbrio mental, equilíbrio emocional,
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    enquanto nossa mente ainda estiver propensa a tal ruminação negativa,
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    em tal hiperatividade da atenção,
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    com uma mente que está realmente fora de controle
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    e que por consequência como que nos arrasta,
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    enquanto somos propensos a isso ou na medida em que somos propensos a isso
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    o equilíbrio mental e emocional
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    será um ideal inalcançável
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    Eu chamo essa tendência de OCDD,
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    não confundam com TOC, transtorno obsessivo compulsivo,
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    que é um diagnóstico clínico
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    OCDD não aparecerá na versão atual da enciclopédia de doenças mentais (DSM)
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    provavelmente porque todos os editores da enciclopédia têm essa doença
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    bem como a maioria de nós aqui
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    eu a chamo de distúrbio obsessivo compulsivo delusório
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    Mas veja como parece familiar
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    obsessivo no sentido de que quando você quer apenas ficar em silêncio
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    quando não há nada para pensar a respeito
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    nada sobre o que você precise pensar a respeito
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    você gostaria apenas de ficar quieto e presente
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    simplesmente atento ao seu corpo, sua mente, ao meio, a outra pessoa
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    você não consegue, porque sua mente é tagarela
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    ela sempre tem algo a dizer
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    pensamentos obsessivamente fluindo um após o outro
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    e ainda que você queira desligar ou ao menos ter um pouco de alívio de vez em quando
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    um pouco de silêncio nos aposentos da sua mente
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    ela não te dá essa opção
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    ela sempre tem uma resposta
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    "você quer ficar quieto?" "Ótimo!" "Vamos conversar sobre isso!"
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    É obsessivo!
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    Se você acha que tem controle, tente não pensar por um minuto enquanto ainda está acordado
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    É obsessivo!
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    Como se não bastasse,
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    é também compulsivo, isto é, os pensamentos surgem,
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    mas eles não surgem simplesmente, como imagens na TV
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    eles surgem e em geral nós somos compulsivamente puxados para dentro deles
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    como um sifão, eles nos sugam nossa atenção
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    e nossa atenção é dirigida ao referente do pensamento
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    estamos aqui e ali, pensando nisso e naquilo...
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    Há uma imagem terrível que ilustra isso no filme "Pequena Miss Sunshine"
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    se lembram que prenderam o cachorro atrás da caminhonete e então esqueceram?
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    era uma comédia, não se preocupem, nenhum animal foi ferido nessa sequência
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    mas ainda assim nós somos o cachorro
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    e a ruminação é como a caminhonete
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    ela nos carrega, nos arrasta
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    isso combina com a sua experiência?
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    Mas é pior que isso
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    obsessivo seria ruim o suficiente
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    compulsivo é ainda pior
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    mas piora ainda mais!
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    É delusório!
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    E isso significa que quando você é apanhado no redemoinho
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    dessa espécie de fluxo de ruminação
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    a tendência geral
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    e veja por si mesmo, eu não estou tentando dizer como é a sua experiência,
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    eu estou generalizando e veja se o sapato te serve
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    nossa tendência é levar a sério o que quer que estejamos pensando
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    mesmo que não estejamos de fato pensando, estão "nos" pensando
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    o cão não está dirigindo o carro
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    Mas não é verdade?
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    Quando estamos pensando algo, fixando, ruminando, obcecado com alguma coisa
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    temos a tendência geral de pensar: "estou pensando tal coisa e portanto ela é verdadeira"
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    Os psicólogos chamam isso de período refratário
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    Quando a mente é aprisionada nas garras de uma emoção, memória, desejo
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    e nós não conseguimos pensar além desse sistema de filtro
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    se estou ruminando negativamente a respeito de uma pessoa
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    surge ressentimento, talvez desprezo ou aversão em relação a essa pessoa
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    enquanto estiver no fluxo dessa ruminação, nesse distúrbio obsessivo compulsivo delusório,
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    eu não consigo imaginar que tal pessoa tenha qualquer qualidade positiva
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    ou nem mesmo qualidades neutras
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    as neutras parecem ruins e as boas são invisíveis
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    enquanto que as ruins, essas surgem em alta definição 3D
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    vívidas e, na verdade, exageradas
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    fora do comum
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    Então obsessivo compulsivo delusório, isso parece bem ruim
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    e se não fosse tão ubíquo definitivamente estaria na enciclopédia
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    Mas aí está!
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    Hiperatividade da atenção, esse é um bom termo mais curto para isso.
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    Não é um sinal de saúde mental, nós apenas nos acostumamos a isso
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    mas essa a única razão para ser tolerável
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    muitas coisas se tornam toleráveis se você simplesmente se acostumar a elas
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    sexismo, racismo e muitas outras aberrações da mente e do espírito humanos
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    parecem ser toleráveis simplesmente por estarmos habituados a eles
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    Bem, isso é exaustivo! Todos nós sabemos como é isso, não é?
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    Ser tomado por uma ruminação após a outra,
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    rouba nossa felicidade durante o dia e quando estamos finalmente cansados,
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    não conseguimos adormecer
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    porque não sabemos como desligar
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    E continua, continua... "eu sei que você está cansado mas não vamos parar"
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    "vou arrastar você até deixá-lo inconsciente"
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    E mesmo durante o dia é exaustivo, não é?
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    A experiência é fatigante, estressante.
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    Por isso existe "atenção plena para redução do estresse"
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    existem massagens e vários tipos de terapias
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    apenas para nos dar descanso, para que possamos nos recuperar,
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    ao menos um primeiro socorro para todo o dano que causamos a nós mesmos
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    E é claro que não estamos "fazendo" a nós mesmos, caso contrário, nós pararíamos!
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    É apenas puro hábito!
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    Estou certo de que há correlações neurológicas mas não tenho certeza de que identificá-las irá realmente ajudar.
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    Então, quando estamos exaustos caímos no deficit de atenção.
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    Podemos estar em uma reunião, talvez estudantes na sala de aula,
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    talvez trabalhando, dirigindo e assim por diante
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    assistindo TV, lendo um livro e todos nós sabemos disso, não é?
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    Deficit de atenção
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    Você gostaria de estar focado
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    e a mente não está afim, sua atenção não está afim
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    você está apenas lá sentado, girando, sem se engajar,
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    você pode estar tendo uma conversa com sua esposa e ela pergunta: "o quê você acha?"
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    e você diz: "O quê? Quê?"
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    ausente da realidade
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    E é claramente por exaustão, por pura exaustão
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    Ainda que o deficit de atenção seja diagnosticado e que os médicos sejam favoráveis a medicar até a submissão,
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    isso não cura, eu sei que pode ser muito útil e necessário a algumas pessoas
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    mas não seria maravilhoso se desde a infância
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    para nossos próprios filhos e filhos dos nosso filhos
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    considerando o ritmo instável da modernidade, multitarefas
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    a sensação de bombardeio, bombardeio de informações
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    celulares, internet, TV, radio, mensagens de texto e tudo o mais
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    até mesmo o entretenimento é como entrar num ringue com um pugilista
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    sendo espancado até a submissão
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    não seria maravilhoso se nossos filhos
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    já que a minha geração e as gerações anterior e a seguinte criaram este mundo,
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    um mundo de deficit de atenção e hiperatividade
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    não seria maravilhoso se pudéssemos oferecer às nossas crianças um tipo de imunização psicológica
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    para ajudá-las a se prevenir de sofrerem de DAH
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    de sucumbirem ao apelo de todo o meio ambiente, à entropia da mente
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    Então como?
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    Drogas como a ritalina, adderall, tratam os sintomas
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    o quê o torna dependente e habituado desde bem pequeno
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    "se você tem um problema psicológico, apenas encontre uma droga"
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    em outras palavras, "quando encontrar a droga, apenas diga sim"
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    "apenas diga sim"
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    Se pensar em si mesmo como sendo um cérebro e em todos os problemas psicológicos como sendo cerebrais
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    você chegará a conclusão de que a forma de tratá-los é apenas dizer sim à droga
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    Ainda que as drogas psicofarmacêuticas possam ser valiosas,
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    penso que é uma limitação paralisante pensar que esta seja a única forma
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    Remediar
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    Se estamos realmente buscando equilíbrio mental, equilíbrio emocional
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    como penso que todos nós estamos, ou ao menos bem-estar
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    como podemos treinar esta besta selvagem, a atenção?
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    trazer equilíbrio a ela
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    Para que quando desejarmos ficar quietos, tenhamos essa opção
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    quando desejarmos ter um fluxo livre de pensamentos, sonhar acordados, tenhamos essa opção
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    bem como pensar criativamente, analiticamente,
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    pensar sobre o passado e antecipar o futuro, tenhamos essa opção
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    e quando quisermos apenas ficar quietos,
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    atentos,
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    receptivos
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    conversando com uma criança, um amigo, sua esposa, numa reunião de negócios, educação, etc
  • 12:14 - 12:16
    apenas desejar ficar totalmente em silêncio
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    não quero dizer ficar aéreo, quero dizer presente, com discernimento
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    apenas assimilando a realidade ao invés de insistir em dialogar o tempo todo
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    Como?
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    Já que tivemos o Eminente Professor Ramachandran, com formação indiana
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    falando paradigmaticamente da perspectiva científica ocidental
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    com forte e grande ênfase em entender o que é objetivo, físico e quantificável
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    eu agora vou "virar a mesa", sendo um anglo falando da perspectiva indiana clássica
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    como desenvolvemos habilidades de atenção?
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    como desenvolvemos equilíbrio da atenção?
  • 12:55 - 13:01
    A Índia é a principal civilização do planeta em termos de séculos de pesquisas realizadas
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    com o que é chamado de "samadhi"
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    não no sentido de algum tipo de apontador, meu novo túnel de visão, de forma alguma
  • 13:08 - 13:10
    é útil ocasionalmente mas é apenas como olhar com um telescópio
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    mas sim em termos de equilíbrio da atenção, qual é o primeiro passo?
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    O primeiro passo é: você pode aprender a relaxar?
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    É uma habilidade
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    É uma habilidade a ser cultivada
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    Colocar seu corpo à vontade, colocar sua mente à vontade, soltar
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    Muitos de nós somos como pneus super inflados
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    como fazemos para simplesmente pegar um alfinete e colocá-lo na válvula e psssss
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    relaxe baby, você vai ficar bem!
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    mas você precisa primeiro soltar
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    Se você tomar essa mente nervosa, tensa, agitada, cansada, egóica e orientada ao sucesso
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    e disser: ok, agora vamos à meditação! Vamos lá! Vou conseguir! Vou dominar isso também!
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    E vou ser realmente bom em meditação! Vou dar o melhor de mim!
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    Vou dominar essa porcaria seja lá o que for!
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    Que você tenha muita sorte então!
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    A primeira coisa é que não há nada a dominar, é na verdade "deixar ir"
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    não há nada para adquirir ou alcançar coisa alguma
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    a primeira coisa é soltar
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    liberar toda a ruminação, tanto quanto puder, a cada respiração
  • 14:21 - 14:25
    deixe que cada expiração seja uma entrega, uma feliz rendição
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    uma liberação da respiração, liberação da tensão corporal,
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    uma liberação da ruminação, a cada respiração
  • 14:33 - 14:35
    traga sua consciência de volta ao momento presente
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    não com um punho cerrado mas com relaxamento, liberação
  • 14:39 - 14:41
    É uma habilidade a ser cultivada
  • 14:41 - 14:44
    Nós deveríamos ensinar isso às nossas crianças desde a pré-escola
  • 14:44 - 14:47
    porque eles já estão sendo doutrinados a agarrar as coisas
  • 14:47 - 14:49
    e estão aprendendo bem
  • 14:49 - 14:54
    como fazer o que tem que ser feito, mas com tensão, apertando, com esforço, com ego
  • 14:54 - 14:56
    eles aprenderão essa lição com certeza
  • 14:56 - 14:59
    precisamos de alguma imunização contra isso para ajudá-los a se equilibrar
  • 14:59 - 15:02
    para eles e talvez para nós também
  • 15:02 - 15:05
    Então, o primeiro ponto é relaxamento, é soltar
  • 15:05 - 15:07
    liberar-se no momento presente
  • 15:07 - 15:10
    e quando você chega nesse ponto, "Oh, alô realidade!"
  • 15:10 - 15:13
    pois afinal o passado já não existe mais e o futuro não existe ainda
  • 15:13 - 15:16
    portanto, se você está interessado na realidade, sabe onde encontrá-la
  • 15:16 - 15:18
    entre os dois
  • 15:18 - 15:23
    entre o que ainda não passou e o que ainda não é o futuro
  • 15:23 - 15:25
    no que está acontecendo neste momento, é aí que está a riqueza
  • 15:25 - 15:28
    liberar-se dentro disso
  • 15:28 - 15:31
    e então estabilizar
  • 15:31 - 15:34
    encontrar literalmente a presença mental
  • 15:34 - 15:36
    e estabilizar-se aí
  • 15:36 - 15:38
    encontrar alguma quietude interior
  • 15:38 - 15:40
    estabilidade
  • 15:40 - 15:41
    compostura
  • 15:41 - 15:42
    recolhimento
  • 15:42 - 15:46
    o termo em sânscrito "samadhi", que não faz parte da língua inglesa, significa
  • 15:46 - 15:48
    unificação da mente
  • 15:48 - 15:51
    organizar-se
  • 15:51 - 15:53
    no momento presente
  • 15:53 - 15:58
    focado, estável, relaxado
  • 15:58 - 16:02
    Para todos os professores nesta sala: "não seria maravilhoso, se ao entrar na sala de aula
  • 16:02 - 16:09
    para começar a aula, seus alunos estivessem todos preparados
  • 16:09 - 16:10
    relaxados
  • 16:10 - 16:11
    estáveis
  • 16:11 - 16:14
    o professor entrando na sala
  • 16:14 - 16:20
    eles verdadeiramente aprenderiam alguma coisa
  • 16:20 - 16:21
    Até agora tudo bem!
  • 16:21 - 16:25
    relaxado, estável, quieto... mas não é suficiente!
  • 16:25 - 16:28
    Precisa haver alguma clareza nisso.
  • 16:28 - 16:33
    Clareza, vivacidade, acuidade elevada, brilho da mente
  • 16:33 - 16:37
    Observando clara e atentamente o que quer que queiramos direcionar nossa atenção
  • 16:37 - 16:40
    seja estudando, criando, dirigindo,
  • 16:40 - 16:45
    conversando com alguém que amamos, ou com alguém que não amamos tanto
  • 16:45 - 16:48
    mas estando totalmente atentos
  • 16:48 - 16:49
    Aí está a chave!
  • 16:49 - 16:53
    Tudo pode ser cultivado e há uma sequência para isso
  • 16:53 - 16:55
    Primeiro relaxamento
  • 16:55 - 16:57
    e então estabilidade
  • 16:57 - 17:01
    e depois vivacidade
  • 17:01 - 17:06
    (eu gostaria de ver o monitor, obrigado)
  • 17:06 - 17:09
    Há algumas surpresas guardadas quando você se engaja nesse tipo de prática
  • 17:09 - 17:12
    e qualquer pessoa pode fazer, religiosos, não religiosos,
  • 17:12 - 17:14
    você nem precisa estar realmente interessado em meditação
  • 17:14 - 17:18
    quanto menos em Índia, budismo tibetano, hinduísmo e assim por diante
  • 17:18 - 17:20
    você não precisa ter interesse em nada disso
  • 17:20 - 17:21
    se você quiser, ótimo!
  • 17:21 - 17:25
    Tudo o que você precisa ter interesse é em encontrar uma sensação interna de bem-estar
  • 17:25 - 17:29
    um equilíbrio da atenção, que você poderá aplicar em qualquer outra tarefa na qual deseje engajar-se
  • 17:29 - 17:32
    incluindo adormecer
  • 17:32 - 17:34
    e então quando você se deitar na cama, cansado, pronto para dormir
  • 17:34 - 17:36
    essa é realmente uma opção
  • 17:36 - 17:40
    porque então você relaxa, permite que sua mente se aquiete,
  • 17:40 - 17:46
    e então você pode liberar a clareza conforme adormece
  • 17:46 - 17:48
    Portanto, encontrar paz mental, paz mental interior
  • 17:48 - 17:50
    previsível... previsível
  • 17:50 - 17:52
    porque sabemos o que é o oposto disso
  • 17:52 - 17:55
    quando a mente está tomada por ruminação, pensamentos obsessivos e delusórios
  • 17:55 - 17:58
    aquele período refratário,
  • 17:58 - 18:00
    não é nada agradável
  • 18:00 - 18:04
    Mas há uma surpresa guardada, uma grande surpresa!
  • 18:04 - 18:08
    Uma descoberta que se foi feita, foi considerada marginal por todas as ciências modernas da mente
  • 18:08 - 18:13
    mas que é talvez uma das descobertas mais importantes ainda a serem feitas cientificamente
  • 18:13 - 18:17
    sobre a natureza da mente e esta é que, quando você encontra apenas esse equilíbrio da atenção,
  • 18:17 - 18:20
    quanto mais os outros aspectos do equilíbrio mental, pois há outros,
  • 18:20 - 18:23
    mas simplesmente encontrando e cultivando o equilíbrio da atenção,
  • 18:23 - 18:25
    relaxamento, estabilidade e clareza,
  • 18:25 - 18:29
    não é apenas uma sensação de paz e de calma interior que surge
  • 18:29 - 18:31
    Vejam só!
  • 18:31 - 18:33
    Você começa a desfrutar da prática
  • 18:33 - 18:36
    pode ser simplesmente atenção plena à respiração
  • 18:36 - 18:38
    que não é intrinsecamente um ato agradável
  • 18:38 - 18:41
    é observar sensações bastante neutras
  • 18:41 - 18:43
    mas não é que a respiração em si se torne agradável
  • 18:43 - 18:47
    é a qualidade da consciência que surge nessa tarefa neutra
  • 18:47 - 18:50
    e uma sensação de bem-estar, além da paz e serenidade
  • 18:50 - 18:52
    uma sensação de felicidade real
  • 18:52 - 18:53
    uma sensação de florescer
  • 18:53 - 18:55
    que não está vindo do que você obtém do mundo
  • 18:55 - 18:59
    mas que está vindo do que você está trazendo ao mundo
  • 18:59 - 19:00
    a qualidade do equilíbrio da atenção
  • 19:00 - 19:03
    o primeiro passo em direção ao equilíbrio mental
  • 19:03 - 19:05
    e os gregos deram um nome a isso
  • 19:05 - 19:07
    Sócrates, Platão, Aristóteles
  • 19:07 - 19:10
    chamaram de eudaimonia
  • 19:10 - 19:13
    felicidade genuína, florescer humano,
  • 19:13 - 19:16
    Aristóteles chamou isso de estar a serviço da alma em conformidade com a virtude
  • 19:16 - 19:21
    podendo ser mais de uma virtude, em conformidade com a virtude mais elevada
  • 19:21 - 19:26
    Eudaimonia, sensação de bem-estar que não é impulsionada por estímulos
  • 19:26 - 19:29
    que não necessita de uma companheiro, não precisa de entretenimento,
  • 19:29 - 19:35
    não precisa seja do que for, não precisa nem mesmo de pensamentos felizes para mantê-lo vivo
  • 19:35 - 19:39
    é uma qualidade da consciência em si, é de fato um sintoma de saúde mental
  • 19:39 - 19:43
    assim como o sintoma de uma lesão ou doença física é sentir-se mal
  • 19:43 - 19:47
    como um sintoma de desequilíbrio mental é sentir-se mal como deveria
  • 19:47 - 19:51
    é bom que se sinta mal quando está mentalmente desequilibrado
  • 19:51 - 19:54
    caso contrário não teria nenhum incentivo para buscar o equilíbrio mental
  • 19:54 - 19:59
    não mate o mensageiro e esta é a minha queixa contra o uso exagerado de psicofármacos
  • 19:59 - 20:01
    matar o mensageiro, isso é o que farão!
  • 20:01 - 20:07
    enriquecendo a indústria farmacêutica mas empobrecendo todos que se tornam dependentes
  • 20:07 - 20:08
    Portanto, eudaimonia
  • 20:08 - 20:15
    um senso de bem-estar que surge do que trazemos ao mundo e não do que obtemos dele
  • 20:15 - 20:18
    Uma das questões que me pediram para abordar é
  • 20:18 - 20:26
    como nossos desejos e impulsos afetam nosso bem-estar, nosso desenvolvimento psicológico?
  • 20:26 - 20:29
    E eu sugeriria que enquanto estivermos investindo
  • 20:29 - 20:32
    como se tivéssemos um portfolio bancário de investimentos
  • 20:32 - 20:35
    enquanto estivermos investindo nosso tempo, nossa energia, nossa criatividade,
  • 20:35 - 20:39
    nossas aspirações e objetivos puramente em prazeres hedônicos,
  • 20:39 - 20:43
    a vida boa é igual a ter muita sorte todo dia
  • 20:43 - 20:46
    alcançada por adquirir mais e mais
  • 20:46 - 20:48
    riqueza e tudo o que o dinheiro puder comprar
  • 20:48 - 20:56
    alcançada por obter estima, consideração, reconhecimento, respeito, apreciação e amor de outras pessoas
  • 20:56 - 21:02
    alcançada obtendo status, poder, influência, sabendo que você é realmente alguém
  • 21:02 - 21:09
    enquanto a pauta das nossas vidas for focada em unicamente em obter prazer hedônico
  • 21:09 - 21:16
    o prazer que obtemos do mundo à nossa volta, da riqueza, de outras pessoas, do trabalho, do meio à nossa volta
  • 21:16 - 21:22
    então, acho que qualquer tipo de equilíbrio emocional duradouro mais uma vez estará fora de alcance
  • 21:22 - 21:23
    por uma razão muito simples
  • 21:23 - 21:26
    o mundo está amplamente fora do nosso controle
  • 21:26 - 21:28
    o comportamento de outras pessoas, até mesmo de nossas esposas,
  • 21:28 - 21:33
    eu não quero controlar o comportamento da minha esposa, mas se eu tentasse...
  • 21:33 - 21:37
    sei que não teria essa opção
  • 21:37 - 21:41
    Mesmo minha esposa, forte compromisso entre duas pessoas, por anos, mais de duas décadas
  • 21:41 - 21:43
    mas eu não controle seu comportamento, ela não controla o meu
  • 21:43 - 21:48
    isso faz parte do encanto de ter uma relação plena de sentido
  • 21:48 - 21:54
    então, o quê é isso, em termos de aspiração, desejos, objetivos, podemos também dizer
  • 21:54 - 21:58
    além do hedonismo, da boa vida igualada a riqueza e assim por diante?
  • 21:58 - 22:03
    e para incluir na nossa visão sobre a vida
  • 22:03 - 22:06
    certamente há um papel para o bem-estar hedônico
  • 22:06 - 22:08
    satisfazer suas necessidades materiais
  • 22:08 - 22:11
    alimento, roupas, abrigo,
  • 22:11 - 22:14
    cuidados médicos quando precisar
  • 22:14 - 22:15
    educação para os seus filhos
  • 22:15 - 22:17
    tudo isso é muito importante
  • 22:17 - 22:21
    Mas também vislumbrar onde se encontra minha felicidade genuína?
  • 22:21 - 22:27
    como eu posso cultivar esse estado de bem-estar que não depende de o mundo ser do meu jeito
  • 22:27 - 22:29
    de acordo com os meus desejos
  • 22:29 - 22:31
    Eu acho que incluir isso em nossa visão de mundo
  • 22:31 - 22:35
    de nosso próprio florescer, da boa vida, o que verdadeiramente me faz feliz
  • 22:35 - 22:42
    é na verdade, em conjunto com o equilíbrio da atenção, uma chave para o equilíbrio emocional
  • 22:42 - 22:44
    em outras palavras, maturidade
  • 22:44 - 22:47
    maturidade em termos de desejos
  • 22:47 - 22:50
    não temos mais desejos infantis, não queremos mais um caminhão de bombeiros novo
  • 22:50 - 22:52
    ou ser um cowboy quando crescermos
  • 22:52 - 22:56
    presumo que não, a menos que seja realmente um bom cowboy
  • 22:56 - 22:59
    Mas permita que suas aspirações amadureçam na sabedoria
  • 22:59 - 23:03
    como na sabedoria dos santos, do Buda, de Shankara, Chuang Tzu, assim por diante
  • 23:03 - 23:07
    todas as grandes tradições de sabedoria do mundo, religiosas e não religiosas,
  • 23:07 - 23:09
    Aristóteles não era propriamente um religioso
  • 23:09 - 23:11
    um grande filósofo
  • 23:11 - 23:12
    Sócrates também
  • 23:12 - 23:15
    Todas as grandes tradições de sabedoria do mundo, todas têm, com variações, é claro
  • 23:15 - 23:18
    uma visão de eudaimonia
  • 23:18 - 23:21
    que é mais do que simplesmente prazer impulsionado por estímulos
  • 23:21 - 23:23
    eu eu não estou reclamando dos prazeres impulsionados por estímulos
  • 23:23 - 23:26
    mas é que eles não temos muito controle, certo?
  • 23:26 - 23:31
    Mesmo os mais ricos, podem morrer por alguma doença, ou se ferir
  • 23:31 - 23:34
    ou ter um casamento destruído que os deixam angustiados
  • 23:34 - 23:38
    casamento, riqueza, fama
  • 23:38 - 23:41
    você acha que tem controle sobre isso?
  • 23:41 - 23:42
    Eu acho que não
  • 23:42 - 23:47
    Então, para vislumbrar como posso transformar a mim mesmo
  • 23:47 - 23:52
    e haverá um correlato cerebral? Sim, eles virão na sequência
  • 23:52 - 23:55
    eles virão junto, os correlatos cerebrais
  • 23:55 - 23:58
    mas como de fato fazer acontecer tal amadurecimento
  • 23:58 - 24:03
    mais sabedoria, uma amadurecimento da experiência de eudaimonia
  • 24:03 - 24:07
    não será introduzindo alguma coisa no seu cérebro
  • 24:07 - 24:13
    porque isso não traz sentido, injetar uma droga no seu cérebro não é uma atividade significativa
  • 24:13 - 24:17
    mas levar uma vida significativa
  • 24:17 - 24:20
    isso é significativo por que sua vida é significativa
  • 24:20 - 24:21
    porque suas ações são significativas
  • 24:21 - 24:23
    porque suas atitudes são significativas
  • 24:23 - 24:24
    neurônios não são significativos
  • 24:24 - 24:27
    as substâncias químicas, muito complexos certamente, mas ainda são químicos
  • 24:27 - 24:30
    não há nada dentro do cérebro além de substâncias químicas e eletricidade
  • 24:30 - 24:34
    nós deveríamos evitar às vezes mitificar o cérebro
  • 24:34 - 24:38
    Substâncias químicas e eletricidade com uma complexidade incrível
  • 24:38 - 24:42
    a mente não é uma coisa menos extraordinária
  • 24:42 - 24:45
    e ainda não há evidências de que o cérebro e a mente sejam a mesma coisa
  • 24:45 - 24:48
    se houver alguma, eu gostaria de ver
  • 24:48 - 24:52
    Então, em termos de encontrar bem-estar emocional
  • 24:52 - 24:56
    equilíbrar, investimentos diversificados,
  • 24:56 - 25:01
    isto é, ainda temos que, como diz a tradição cristã, dar a César o que é de César,
  • 25:01 - 25:03
    cuidar do que é hedônico o quanto for necessário
  • 25:03 - 25:04
    e é necessário
  • 25:04 - 25:07
    mas então, qual é o sentido?
  • 25:07 - 25:11
    São Tomás de Aquino, um outro mestre da mente cristão
  • 25:11 - 25:14
    disse que todo o sentido da vida política
  • 25:14 - 25:16
    de toda essa busca por bem-estar hedônico
  • 25:16 - 25:18
    tudo é para o bem da vida contemplativa
  • 25:18 - 25:21
    tudo em nome de uma vida significativa
  • 25:21 - 25:24
    para cultivar a felicidade genuína
  • 25:24 - 25:28
    Agora, em meio a isso, não é suficiente apenas refinar a prática da atenção
  • 25:28 - 25:31
    desenvolver um tipo de tecnologia contemplativa
  • 25:31 - 25:33
    relaxamento, estabilidade e vivacidade
  • 25:33 - 25:36
    mas então temos que trazer isso à vida
  • 25:36 - 25:38
    observar atentamente, prestar atenção
  • 25:38 - 25:40
    dar o nosso melhor à realidade
  • 25:40 - 25:44
    e isso significa permitir que a luminosidade clara da nossa atenção ilumine a nossa própria mente
  • 25:44 - 25:46
    de forma a estarmos conscientes
  • 25:46 - 25:49
    quando pensamentos, imagens, desejos, emoções surgirem
  • 25:49 - 25:52
    teremos essa consciência metacognitiva que nos dá a opção, a possibilidade de
  • 25:52 - 25:55
    fazer escolhas mais sábias quando um impulso surgir
  • 25:55 - 26:00
    de não sermos simplesmente carregados por cada impulso, cada desejo, cada pensamento que aparecer
  • 26:00 - 26:03
    e agir como um robô
  • 26:03 - 26:06
    mas na verdade podermos ver um impulso surgindo e então podermos fazer uma escolha
  • 26:06 - 26:10
    é um impulso sábio, um impulso benéfico
  • 26:10 - 26:12
    será bom para mim e para os outros ou não
  • 26:12 - 26:16
    e ter a opção de fazer uma escolha sábia
  • 26:16 - 26:19
    Equilíbrio cognitivo
  • 26:19 - 26:23
    podemos compreender o equilíbrio cognitivo identificando o desequilíbrio cognitivo
  • 26:23 - 26:25
    hiperatividade cognitiva
  • 26:25 - 26:28
    é quanto estamos atentos a uma pessoa ou uma situação ou mesmo à nossa própria mente
  • 26:28 - 26:35
    com tantos pressupostos, tantas projeções, interpretações sobre interpretações
  • 26:35 - 26:40
    que nós mal podemos ver o quê está acontecendo porque estamos interpretando excessivamente
  • 26:40 - 26:45
    ouvindo coisas que não foram ditas, vendo coisas que não surgiram
  • 26:45 - 26:49
    ou vivendo em seu próprio mundinho e projetando sobre a realidade, é delusão
  • 26:49 - 26:51
    hiperatividade cognitiva
  • 26:51 - 26:54
    deficit cognitivo, novamente, é quando nos recolhemos, nos desengajamos
  • 26:54 - 26:56
    não estamos atentos, não estamos presentes
  • 26:56 - 26:59
    com nossos filhos, com nossas esposas, com nossos amigos,
  • 26:59 - 27:01
    nós simplesmente não estamos presentes
  • 27:01 - 27:03
    Então para estarmos claramente presentes
  • 27:03 - 27:05
    prestando atenção à linguagem corporal das outras pessoas
  • 27:05 - 27:07
    às expressões faciais, o quê dizem, como dizem
  • 27:07 - 27:13
    a qualidade da voz, a velocidade em que falam,
  • 27:13 - 27:18
    observando atentamente
  • 27:18 - 27:21
    Um amigo meu, Lawrence Freeman, amigo querido, monge beneditino
  • 27:21 - 27:26
    diz que o maior presente que podemos dar às outras pessoas é a nossa atenção
  • 27:26 - 27:32
    atento vem da raíz latina "inclinado a", cuidar, zelar,
  • 27:32 - 27:35
    inclinado em direção aos outros
  • 27:35 - 27:38
    ao prestarmos atenção, ao deixarmos que se tornem reais para nós
  • 27:38 - 27:42
    naturalmente e inevitavelmente surge um senso de empatia
  • 27:42 - 27:45
    neurocorrelatos? extraordinário, "neurônios espelho"
  • 27:45 - 27:48
    mas não se cultiva empatia compreendendo os neurônios espelho
  • 27:48 - 27:50
    é muito útil, tenho certeza
  • 27:50 - 27:56
    mas cultiva-se empatia, prestando muita atenção aos outros
  • 27:56 - 27:58
    até que de fato se tornem reais para você
  • 27:58 - 28:01
    não como meio para o seu próprio fim
  • 28:01 - 28:03
    mas eles são reais
  • 28:03 - 28:04
    cada um é real
  • 28:04 - 28:05
    cada um é digno
  • 28:05 - 28:07
    cada um é precioso
  • 28:07 - 28:10
    cada um aspira ser feliz e se livrar do sofrimento
  • 28:10 - 28:12
    assim como nós
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    então nós trazemos essa atenção plena
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    essa atenção minuciosa, esse equilíbrio cognitivo
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    para dentro de nós, para experimentar vividamente nossos próprios corpos
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    a sensação e a experiência de estarmos encarnados
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    observando atentamente nossas mentes
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    você não verá seu cérebro ali
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    mas você verá uma gama espantosa de fenômenos mentais
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    que estão correlacionados de forma misteriosa
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    porque eu não acho que haja um cientista vivo
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    que tenha descoberto a exata natureza das correlações entre mente e cérebro
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    é um mistério
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    algumas vezes encoberto por premissas que não servem à comunidade científica ou a quem quer que seja
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    de simplesmente assumir que são a mesma coisa, porque isso nunca foi demonstrado
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    as correlações são brilhantes
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    e cientistas são a eminência, o talento, a genialidade, pode-se, como o Prof Ramachandran
  • 28:58 - 29:01
    e estão ressaltando essas surpreendentes correlações
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    mas o que nós não sabemos é qual é a natureza da correlação
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    então, enquanto não descobrirmos, porque simplesmente não mantemos isso no espaço?
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    prestar muita atenção no que está dentro de nós e no que está fora de nós
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    desenvolver um senso real de empatia com relação a nós mesmos
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    que é o oposto de baixa auto-estima
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    prestar atenção a nós mesmos é o oposto do narcisismo
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    prestar atenção aos outros, que estabelece a base cognitiva para a empatia
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    e a empatia é a base para verdadeiramente nos importarmos com os outros
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    como nos importamos conosco mesmos
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    e essa é a base para a bondade amorosa, compaixão
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    quando estamos atentos aos que estão próximos, aos que estão distantes
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    vemos que não podemos evitar, começamos a nos importar mais
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    no sentido de desejarmos o bem-estar dos outros e que se livrem do sofrimento
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    isso surge naturalmente, apenas porque estamos prestando atenção
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    e essa é a chave para o equilíbrio emocional
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    ter uma grande mente, um grande espaço mental
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    e todos à sua volta, próximos ou distantes, são reais para você
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    e assim você encontra o equilíbrio emocional
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    o seu próprio bem-estar está, na verdade,
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    indissociavelmente ligado ao bem-estar de todos à sua volta
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    Essa é a chave
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    para o equilíbrio mental
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    para o equilíbrio emocional
  • 30:21 - 30:23
    e chegamos ao fim!
Title:
B. Alan Wallace 'Cultivando o equilíbrio mental e emocional' em "Mind & Its Potential 2012"
Description:

Como nossos desejos e impulsos afetam nosso bem-estar emocional?
Como a desatenção afeta nossas mentes?
Que impacto têm os pensamentos negativos?
Como podemos corrigir os desequilíbrios emocionais?
Como podemos cultivar o equilíbrio mental e emocional em nossas vidas?

B. Alan Wallace, estudioso, escritor e professor de meditação, Santa Barbara Institute for Consciousness Studies, USA

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Video Language:
English
Duration:
30:34

Portuguese, Brazilian subtitles

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