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Such Hawks Such Hounds (Full Documentary)

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    "Os Três Corvos"
    Canção Popular
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    Lá ao longe num campo verde
    Está um cavaleiro morto debaixo do seu escudo
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    Os seus cães estão deitados a seus pés
    Para guardar o seu dono
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    Os seus falcões voam tão avidamente
    Que ninguém ousa chegar perto
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    Podem dizer que a música é pesada
    pela maneira como soa.
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    Mas, para mim, vem da experiência
    das pessoas que a fazem.
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    Isso é o que a faz pesada.
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    Eu prefiro estar pedrado
    ou morrer do que viver.
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    Esse tipo de coisa.
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    E pode ser a coisa mais pesada do mundo.
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    Heavy tem a ver com estar zangado
    e ser um guerreiro.
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    É como se estivesses numa batalha,
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    tivesses um machado e degolasses alguém.
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    E tens um riff que toca da mesma maneira.
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    Isso é Heavy.
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    Quando os Beatles vieram à América
    tinham uns amplificadores minúsculos
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    e não se conseguia ouvir nada
    para além de raparigas a gritar.
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    Isso mudou quando a Marshall,
    Laney e Orange
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    começaram a fazer estes amplificadores
    gigantes de alta potência,
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    que de repente calaram o público.
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    Uma grande parte da música
    Hard Rock do início
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    está só a tentar perceber o que fazer
    com toda esta distorção e volume.
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    Há coisas que podes fazer com um tom limpo
  • 1:52 - 1:55
    que são tão maléficas e obscuras
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    que fazem os Black Sabbath
    parecer Peggy Lee.
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    Levou tempo para perceber
    como fugir dessa ideia
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    de estar só a abanar a cabeça
    com cornos de diabo
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    que na música Heavy Rock
    estávamos a fazer cenas estranhas.
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    Então como é que vamos fazer este som?
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    Como é que podemos pô-lo num
    armário, num espaço pequeno?
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    Vamos pô-lo num caixão, ver que
    tipo de performance vocal conseguimos
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    e que tipo de tom podemos tirar daqui.
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    A quinta bemol é muito mais pesada do que...
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    Sabem o quero dizer?
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    É terra a terra, é muitas vezes crua e é real.
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    E quando ficas mesmo tecnicamente profissional
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    isso suga a alma ao Rock & Roll.
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    Quando alguém tem mesmo algo para dizer
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    e eu não digo, necessariamente,
    de forma verbal, mas emocionalmente.
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    Sai da música e acerta-nos em cheio.
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    Isso é que é música Heavy para mim.
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    Não tem de necessariamente
    ser só guitarras barulhentas,
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    apesar de eu adorar guitarras barulhentas.
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    OS BARES NÃO QUERIAM
    QUE TOCÁSSEMOS LÁ
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    Parece que Heavy
    e a expressão moderna
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    é sempre algo que envolve
    distorção e volume alto.
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    Uma espécie de referência
    às primeiras bandas Heavy.
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    Como os Black Sabbath,
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    Blue Cheer e Led Zeppelin.
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    Toda a experiência de crescimento
    no início dos anos setenta
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    foi muito tensa e teve muitos problemas
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    que a indústria de entertenimento
    não mencionava.
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    E definitivamente nem a indústria
    da música Pop.
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    Eu adorava voltar aos anos
    setenta e revivê-lo
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    porque tinhas os Black Sabbath
    no seu auge,
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    tinhas os Captain Beyond
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    tinhas os Deep Purple no Rock
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    tinhas os Mountain, os Grand Funk
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    tinhas os The Stooges
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    tinhas Atomic Rooster, Dust,
    Groundhogs, Stray.
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    Todas estas bandas incríveis.
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    Desde 1972 que tem piorado.
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    Sim, desde que o Volume 4 foi lançado.
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    Os Sabbath...
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    ponto de discussão desnecessário.
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    Eu costumo referir os Hawkwind
  • 4:59 - 5:02
    porque eles foram uma grande
    influência para mim nessa altura.
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    Durante a altura dos Green River,
    eu descobri os Hawkwind.
  • 5:07 - 5:08
    E tenho estado apaixonado
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    pelos primeiros quatro ou cinco
    álbuns desde essa altura.
  • 5:12 - 5:16
    Mountain, Zeppelin, Free.
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    Como todos os miúdos da nossa idade, os Kiss.
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    Nós tínhamos todos os álbuns
    dos The Dictators.
  • 5:20 - 5:23
    James Gang, Joe Walsh
  • 5:23 - 5:23
    Neil Young
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    Leaf Hound
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    Mahavishnu Orchestra
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    Giant, Crimson
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    Alice Cooper foi o primeiro
    bom álbum que comprei.
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    Claro que gosto dos Sabbath,
    isso é o óbvio.
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    Eles conhecem os Sabbath e isso é óptimo,
    mas os Sabbath estão batidos.
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    Muitas das bandas que eu
    e o Bobby gostávamos
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    são o que eu chamo, bandas
    de categoria B ou C, como
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    Dust ou Baltimore.
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    Sir Lord Baltimore, eu não conhecia estas
    bandas até há poucos anos quando as ouvi
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    e parti-me a rir porque é mesmo excessivo.
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    Pões este álbuns a tocar
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    e pensas: "Isto não é
    Steely Dan"
  • 6:01 - 6:04
    mas não é Barracuda,
    não é Supertramp.
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    De certa forma, os Black Sabbath
    nunca passavam na rádio,
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    mas as pessoas iam a concertos.
  • 6:11 - 6:15
    E acho que era por isso que havia mais dinheiro
    para essas bandas que iam em tour.
  • 6:16 - 6:20
    E podem ficar conhecidos, receber o disco de
    platina sem nunca estarem na rádio.
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    Nos anos 70 havia muito mais
    Hard Rock regional.
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    Havia bandas como os Pentagram
    em Washinton D.C.
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    que não faziam parte do sistema
    de grandes gravadoras.
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    Pentagram foi formada no fim de 1971.
  • 6:36 - 6:38
    O Bobby foi o primeiro.
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    Posso já dizer-vos isso.
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    Bobby Liebling foi o primeiro.
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    Literalmente, uma noite, eu e o Bobby
    estávamos sentados em casa de um amigo
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    a ficar pedrado, como de costume,
    praticamente todas as noites
  • 6:58 - 7:03
    e dissemos, porque não criamos uma banda
    que é exactamente aquilo que queremos fazer?
  • 7:08 - 7:11
    Durante o tempo em que estive
    na banda, de 1971 a 1976,
  • 7:11 - 7:13
    eu diria que éramos uma banda de Hard Rock.
  • 7:13 - 7:17
    talvez uma banda de Heavy Hard Rock,
    mas não éramos uma banda de Heavy Metal.
  • 7:18 - 7:23
    Não queríamos tocar em discotecas,
    porque as discotecas não nos queriam a tocar lá.
  • 7:23 - 7:25
    Porque nós não fazíamos covers.
  • 7:27 - 7:31
    Se ouvirem as canções do Bobby,
    elas eram criativas, incrivelmente inventivas
  • 7:31 - 7:34
  • 7:34 - 7:36
    compassos estranhos e assim.
  • 7:36 - 7:40
    Mas as editoras diziam
    que não era certo para a rádio,
  • 7:40 - 7:42
    não conseguimos vender isto,
    não conseguimos ouvir um single.
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    Nós só queríamos gravar o nosso
    próprio material e lançá-lo.
  • 7:53 - 7:56
    Por isso nós tínhamos vários managers
  • 7:56 - 7:58
    que se mantiveram ao nosso lado
    por vários períodos de tempo.
  • 7:58 - 8:01
    Que nos levavam aos estúdios,
    pagavam pelas sessões
  • 8:01 - 8:05
    e tentavam arranjar-nos um
    contracto de gravação.
  • 8:06 - 8:08
    E falharam todas as vezes.
  • 8:12 - 8:16
    A Columbia Records queria o Bobby
  • 8:17 - 8:24
    e o Bobby conseguiu uma grande audição
    em Nova Iorque num grande estúdio.
  • 8:24 - 8:30
    Essa foi a última gota de água
  • 8:30 - 8:33
    porque, basicamente, o Bobby arruinou o nosso
    contrato de gravação com a Columbia Records.
  • 8:36 - 8:40
    Nós queríamos melhorar a nossa prestação,
    mas o homem que estava a pagar pela nossa sessão,
  • 8:40 - 8:44
    a Colombia Records, disse não se preocupem
    e esse devia ser o fim da discussão.
  • 8:44 - 8:50
    E o Bobby queria fazer à maneira dele e aí têm,
    esse foi o fim da Columbia Records.
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    O problema foram as drogas
  • 9:00 - 9:03
    e o Bobby ficou com uma má reputação.
  • 9:03 - 9:11
    O Bobby esteve sempre a um passo de se
    tornar uma estrela de Rock lendária.
  • 9:14 - 9:16
    Eu não conhecia os Pentagram da
    primeira vez que eles apareceram.
  • 9:16 - 9:18
    Eu acho que os álbuns deles eram
    quase impossíveis de encontrar.
  • 9:18 - 9:23
    E não ouvi sequer falar dos Pentagram até
    os álbuns começarem a ser reeditados.
  • 9:23 - 9:26
    Bobby tinha este material e, acreditem
    ou não, mesmo nessa altura
  • 9:26 - 9:32
    apesar de serem de 8 pistas, às vezes 4,
    tinham imensa qualidade.
  • 9:39 - 9:40
    O Bobby conseguiu um
    contrato com a Relapse
  • 9:40 - 9:45
    e eles queriam criar uma compilação com
    muitas das nossas demos dos anos setenta.
  • 9:45 - 9:47
    As demos que tínhamos gravado em
    estúdio com os vários managers.
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    Eu adorava o material dos Pentagram
    dos anos oitenta e noventa
  • 10:00 - 10:04
    e estou mesmo orgulhoso do Bobby
    por ter continuado a banda todos esses anos
  • 10:04 - 10:07
    porque se ele não tivesse continuado a banda
  • 10:07 - 10:08
    não estariam a falar comigo neste momento.
  • 10:15 - 10:17
    A constituição original dos
    Pentagram desfez-se em 1976.
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    Geof O'Keefe e o guitarrista dos Pentagram
    Randy Palmer continuam o projecto Bedemon,
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    que começou em 1973.
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    Bobby Liebling e novos membros lançaram
    álbuns Pentagram, recentemente em 2004.
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    Nós temos uma estrutura base,
  • 11:06 - 11:10
    temos o esqueleto mas há tanto por preencher,
  • 11:10 - 11:15
    essas partes duram cerca
    de cinco a dez minutos
  • 11:15 - 11:19
    e depois improvisamos por
    vinte minutos e é sempre diferente.
  • 11:35 - 11:37
    Existe sempre uma interação
    entre nós enquanto tocamos.
  • 11:38 - 11:42
    Eu costumo chamar-lhe o aceno cósmico.
  • 11:47 - 11:53
    Eu acho que é uma coisa muito espiritual
  • 11:53 - 11:58
    especialmente para nós quando
    tocamos durante muito tempo.
  • 11:58 - 12:04
    Dessa maneira conseguimos manter
    uma nota durante cinco minutos.
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    Entregas-te a ela
  • 12:07 - 12:08
    e isso dá-te tempo para pensar.
  • 12:11 - 12:14
    Para explorar o que vai na tua mente
    quando te entregas ao momento.
  • 12:35 - 12:40
    Nós falámos sobre isso e pensámos
    se deveríamos escrever canções
  • 12:40 - 12:42
    ou arranjar um vocalista.
  • 12:44 - 12:46
    E concluímos que gostavamos de como estava.
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    O Metal nos anos oitenta
    tornou-se numa fórmula.
  • 15:11 - 15:14
    Só têm de olhar para o álbum
    Turbo dos Judas Priest
  • 15:15 - 15:20
    e compará-lo com os Stain Glass ou Sin After Sin
    e percebem o que aconteceu à música
  • 15:20 - 15:21
    nos anos oitenta.
  • 15:21 - 15:25
    A primeira fase do Hard Rock Psicadélico
  • 15:25 - 15:28
    acabou quando a droga de eleição
    tornou-se a cocaína.
  • 15:29 - 15:32
    Todos os aspectos negativos
    da gravação em estúdio
  • 15:32 - 15:39
    são amplificados pelo uso de cocaína
    pelos engenheiros, produtores, músicos
  • 15:39 - 15:44
    Havia música com base fórmulas
    e produção em estúdio,
  • 15:45 - 15:47
    e depois havia uma onda
    "underground" estranha.
  • 15:51 - 15:51
    Talvez os Venom,
  • 15:51 - 15:55
    os Metallica andavam
    entre o estilo Punk e Metal.
  • 15:55 - 16:01
    Eu não me identificava com a onda
    do Ozzy Osbourne, Judas Priest.
  • 16:01 - 16:03
    Não havia Punks a ir a concertos de Metal
  • 16:03 - 16:05
    e fãs de Metal a ir a concertos Punk.
  • 16:06 - 16:09
    E depois durante 1984 ou 1985
  • 16:09 - 16:11
    essa linha de separação ficou menos nítida.
  • 16:11 - 16:14
    Houve mesmo um momento decisivo
  • 16:14 - 16:18
    quando The Obsessed foram aceites
    pela comunidade Punk.
  • 16:18 - 16:21
    E isso acontecia quando, por exemplo,
    estávamos a tocar num pequeno bar
  • 16:21 - 16:22
    e o P.A deixou de funcionar.
  • 16:23 - 16:26
    e em vez de pararmos
    tocámos o set inteiro sem o P.A.
  • 16:26 - 16:29
    A gritar, a tocar com o dobro da velocidade.
  • 16:30 - 16:33
    Depois disso, o Sam disse "Ok, vou vomitar".
  • 16:36 - 16:38
    Eu acho que as bandas
    Hardcore de D.C.
  • 16:38 - 16:40
    foram o que me despertou interesse
  • 16:40 - 16:44
    em bandas como Spring, Void.
  • 16:45 - 16:53
    Alguém me disse: "Se queres ouvir algo rápido,
    ouve D.R.I e C.O.C."
  • 16:53 - 16:57
    e outras bandas Hardcore do
    início dos anos oitenta.
  • 16:57 - 16:59
    A primeira vez que vimos os Melvins
  • 17:00 - 17:03
    compreendi que uma banda
    podia esvaziar uma sala
  • 17:03 - 17:08
    ou mudar completamente
    a vida de uma pessoa
  • 17:08 - 17:10
    rapido, rapido, rapido,
    e depois os Melvins apareceram
  • 17:10 - 17:12
    e nós achamos muito fixe
  • 17:12 - 17:16
    Motorhead deveria ter tido mais crédito.
    Eu digo isto, porque
  • 17:16 - 17:19
    eles foram a primeira banda
    híbrida de punk metal
  • 17:19 - 17:22
    Trouble foram um exemplo perfeito,
    os St. Vitus foram um exemplo perfeito.
  • 17:25 - 17:30
    Até os Black Flag eram. Mas eram tão populares que os fãs estavam dispostos a irem à mesma,
  • 17:30 - 17:31
    para houvir músicas do My War.
  • 17:31 - 17:36
    Os Black Flag tocaram
    no deserto,
  • 17:36 - 17:47
    provavelmente em 1981.
  • 17:47 - 17:54
    O deserto, mesmo agora,
    mas mais há 15, 20 anos atrás
  • 17:54 - 17:58
    era inicialmente uma comunidade
    de reformados.
  • 17:58 - 18:04
    É como um aspirador
    de cultura musical
  • 18:04 - 18:07
    Ninguém se questionava
    se iria para LA
  • 18:07 - 18:08
    Eu nunca fui para L.A.
  • 18:08 - 18:11
    Se eu fosse para Palm Springs,
    era um grande acontecimento.
  • 18:11 - 18:15
    Não havia nenhuma loja de discos, a vender Maximum Rock'n'roll ou Flip Side
  • 18:15 - 18:17
    O deserto era tudo
  • 18:17 - 18:20
    e não era algo que nós
    celebrassemos
  • 18:20 - 18:24
    como se celebraria se fosse hoje.
  • 18:24 - 18:27
    O deserto é um sitio para os recém-casados
    e para os quase mortos.
  • 18:27 - 18:30
    É mesmo esse tipo de lugar.
  • 18:36 - 18:39
    As bandas de punk rock
    iam chegando
  • 18:39 - 18:41
    que se estavam a formar.
  • 18:41 - 18:44
    As primeiras foram os Dead Issue
  • 18:44 - 18:46
    e os Skabies Babies.
  • 18:46 - 18:50
    Havia uma banda chamada Dead Issue,
    da qual eu fazia parte
  • 18:50 - 18:53
    que se tornou Across the River
    com o Marlow Raollali
  • 18:53 - 18:56
    Alfredo Hernández, também
    fazia parte da banda
  • 18:56 - 18:59
    Ele tocou nos Kyuss por uns tempos
  • 18:59 - 19:00
    Queens of the Stone Age
  • 19:00 - 19:02
    Haviam mais algumas pessoas,
  • 19:02 - 19:05
    mas eu diria que
  • 19:05 - 19:10
    o núcleo inicial, como Across the River
  • 19:10 - 19:13
    eles foram aqueles que
    eu me recordo mais vivamente
  • 19:13 - 19:14
    eles foram um momento de mudança
  • 19:16 - 19:19
    O pessoal da SST eram
    os nossos ídolos,
  • 19:19 - 19:25
    Black Flag, Meat Puppets,
    Minutemen, October Faction
  • 19:26 - 19:27
    Aqui há pimentos
  • 19:30 - 19:33
    algum tipo de Pimentão Banana
  • 19:33 - 19:36
    estes são pimentões Thay Dragon
  • 19:36 - 19:42
    quando ficam vermelhos
    ficam mesmo muito picantes
  • 19:42 - 19:45
    O que é doom?
  • 19:45 - 19:51
    Primeiro a minha percepção
    do estilo de música
  • 19:51 - 19:54
    que nós queremos chamar doom.
  • 19:54 - 20:00
    É como eu disse antes,
    é como um intestino.
  • 20:00 - 20:08
    É um puxão real,
    visceral, emocional.
  • 20:10 - 20:12
    Algo que te fará chorar.
  • 20:18 - 20:23
    Quando pensei e comecei a
    dizer concretamente
  • 20:23 - 20:25
    "estou numa banda de doom"
  • 20:25 - 20:26
    foi definitivamente com Saint Vitus.
  • 20:27 - 20:28
    Tivemos alguns
    concertos com Saint Vitus
  • 20:28 - 20:31
    quando tinham o antigo
    vocalista, o Scott Reagers
  • 20:34 - 20:37
    Depois eles arranjaram outro tipo,
    o Wino
  • 20:39 - 20:42
    o primeiro concerto dele foi
    no meu 21º aniversário, em 1986
  • 20:43 - 20:45
    num centro comunitário
    em Palm Desert
  • 20:47 - 20:49
    os D.R.I, Saint Vitus,
    e Across the River
  • 20:52 - 20:56
    Sempre pareceu que os Across the River
    eram algo de especial
  • 21:10 - 21:16
    Temos álbuns desde
    os Mountain a Black Sabbath
  • 21:17 - 21:19
    os primeiros dos Mettalica
  • 21:20 - 21:21
    todo o tipo de coisas
  • 21:22 - 21:26
    Estávamos a misturar isso com
    o sentimento que vinha do punk rock.
  • 21:26 - 21:30
    As colunas a derreter à tua frente,
  • 21:30 - 21:34
    adoro esse som, então
    voltamos atrás e em vez de...
  • 21:37 - 21:42
    Era mais lento, mais calmo,
    volume, saturação, blues.
  • 21:49 - 21:53
    Eles alienaram-se...
  • 21:53 - 22:02
    desse jogo de ritmos rápidos, e abusar nos riffs,
    toda a cena do punk metal
  • 22:02 - 22:05
    Eles passaram isso à frente,
    diretamente para o rock.
  • 22:06 - 22:08
    Ninguém estava a fazer o mesmo.
  • 22:13 - 22:17
    No fim de Across the River, os
    Soundgarden estavam a começar
  • 22:17 - 22:19
    a atrair multidões em Seattle.
  • 22:19 - 22:21
    E eles eram mesmo parte dos SST
  • 22:21 - 22:25
    O mesmo tipo de coisa que se estava a
    desenvolver lá, estava a desenvolver-se cá.
  • 22:25 - 22:28
    Toda a gente me conhecia como
    o vocalista de Saint Vitus
  • 22:28 - 22:30
    mas ninguém sabia
    que eu tocava guitarra.
  • 22:30 - 22:34
    Houve uma situação engraçada,
  • 22:34 - 22:38
    acho que foi o Scott Mars
    da banda Across the River,
  • 22:39 - 22:43
    Improvisámos numa festa perto
    de Ventura, junto à praia,
  • 22:43 - 22:45
    eu estava a tocar bateria,
    ele estava a tocar guitarra,
  • 22:46 - 22:49
    eu não sabia que ele tocava,
    o Mario Lalli estava a tocar baixo
  • 22:51 - 22:54
    Fizemos este improviso louco
    e depois foi tipo,
  • 22:54 - 22:56
    "Temos de formar uma banda
    um dia destes"
  • 22:58 - 23:04
    Apanhei o Scott e concordamos
    formar The Obsessed
  • 23:05 - 23:08
    Foi o que fizemos, era eu,
    o Scott Reeder e o Greg Rogers
  • 23:08 - 23:11
    Depois de alguns problemas
    aqui e ali,
  • 23:13 - 23:14
    o Scott Reeder saiu para
    se juntar aos Kyuss
  • 23:15 - 23:18
    foi basicamente quando
    os Kyuss se popularizaram.
  • 23:29 - 23:32
    Eles eram a única banda
    em tourné no deserto
  • 23:36 - 23:43
    Foram eles que começaram
    a perpetuar o nosso universo lá fora.
  • 23:44 - 23:50
    Se houvesse uma espécie de
    molde para o desert rock, seriam eles.
  • 23:50 - 23:54
    Tipos como o Mario Lalli e Kyuss
    deram o passo seguinte ao...
  • 23:54 - 23:57
    Não apenas ao dizer,
  • 23:58 - 24:00
    "Somos do deserto por isso se calhar
    não sabemos o que é fixe noutros sítios"
  • 24:01 - 24:03
    mas em vez disso eles
    levaram isso a sério e disseram
  • 24:03 - 24:05
    Não só vamos rejeitar o que é fixe,
  • 24:05 - 24:09
    como vamos rejeitar as massas ao
    mesmo tempo, vamos rejeitar tudo.
  • 24:09 - 24:13
    Detesto dizê-lo, mas a maioria
    começou a fumar erva.
  • 24:15 - 24:16
    Levas um grupo de miudos
  • 24:16 - 24:23
    a explorar música agressiva,
    ainda por cima punk hardcore
  • 24:24 - 24:28
    e eles começam a fumar,
    coisas interessantes acabam por acontecer.
  • 24:28 - 24:30
    Isso é música interessante.
  • 24:44 - 24:48
    O que aconteceu com os
    The Obsessed foi seguir para o thrash
  • 24:48 - 24:51
    os Slayer e esse tipo de música
    tinham uma dimensão muito grande
  • 24:55 - 24:58
    Foi isso que os anos 80 se tornaram
  • 24:58 - 25:00
    ou eras uma banda de glam metal
  • 25:01 - 25:04
    ou eras uma banda de thrash metal
  • 25:05 - 25:07
    Se alguém merecia ser uma
    estrela de rock, era aquele tipo.
  • 25:15 - 25:16
    Isto é o paraíso.
  • 25:17 - 25:19
    Estás destinado a ser o
    perdedor, não há saída.
  • 25:19 - 25:21
    Tens simplesmente de estar lá.
  • 25:22 - 25:25
    As pessoas vão gostar
    de ti porque ficaste dessa maneira,
  • 25:26 - 25:29
    manténs-te firme, e nunca
    páras de tocar aquilo que tocas.
  • 25:30 - 25:33
    Com Guy Pinhas no baixo,
    os The Obsessed lançaram
  • 25:33 - 25:36
    "The Church Within", na
    Columbia Records, em 1994.
  • 25:36 - 25:40
    Quando a Columbia lhes pediu
    uma audição para se manterem
  • 25:40 - 25:43
    na editora, eles acabaram.
    Desde então o Wino tem estado
  • 25:43 - 25:45
    com os Spirit Caravan
    e The Hidden Hand.
  • 25:46 - 25:48
    Os Kyuss acabaram em 1995.
    O guitarrista Josh Homme
  • 25:49 - 25:52
    e o baterista Alfredo Hernandez
    formaram os Queens of Stone Age
  • 25:52 - 25:54
    com o baixista original dos Kyuss,
    Nick Oliveri.
  • 25:55 - 25:58
    O Scoot Reeder tocou em Goatsnake
    e Unida e foi convidado para
  • 25:59 - 26:01
    uma audição com os Metallica.
    Actualmente é produtor e artista a solo.
  • 26:19 - 26:21
    Formámos os Comets em 1999
  • 26:21 - 26:25
    o Ben Flashman e eu formamos
    o grupo em Santa Cruz, Califórnia
  • 26:27 - 26:29
    Nós estávamos na onda
    do anthemic rock
  • 26:30 - 26:32
    Grand Funk e algum punk rock.
  • 26:32 - 26:34
    Alguns velhos favoritos
    e coisas desse género
  • 26:35 - 26:39
    Estávamos a começar
    a experimentar mais.
  • 26:40 - 26:46
    Como Free Jazz, Coltrane...
  • 26:46 - 26:51
    Não é só um sintetizador
    que faz sons engraçados
  • 26:51 - 26:55
    Não, é de efeitos.
  • 26:56 - 26:59
    Então podes pôr o efeito
    do sintetizador no teu...
  • 27:13 - 27:18
    A nossa missão original era tentar
    juntar aquelas duas coisas diferentes
  • 27:18 - 27:20
    que normalmente não
    ficam bem juntas.
  • 27:20 - 27:25
    Definitivamente tornámos isto em
    algo mais que um som psicadélico.
  • 27:25 - 27:32
    Tentámos fazer mais do
    que um tributo ou stoner rock.
  • 27:33 - 27:36
    Se somos uma banda
    psicadélica? Sim!
  • 29:49 - 29:54
    No tempo dos Kuyss o termo
    stoner rock não existia
  • 29:54 - 30:00
    era "seguidor de Metal",
    que era meio ofensivo para nós
  • 30:00 - 30:06
    Para ser honesto nunca me preocupei
    com classificações pessoais como essas.
  • 30:10 - 30:14
    Se as pessoas perguntassem que
    tipo de banda eram os Goatsnake
  • 30:14 - 30:16
    eu diria simplesmente que
    é uma banda de rock pesado
  • 30:16 - 30:18
    Não podiam chamar grunge
    Não podiam chamar metal
  • 30:18 - 30:22
    Não podiam chamar punk,
    por isso tinham de inventar um nome
  • 30:23 - 30:25
    Hoje em dia
    é só hard rock normal.
  • 30:25 - 30:29
    O termo stoner rock é um entrave
    para aqueles que não ficam pedrados,
  • 30:29 - 30:33
    porque funciona como uma desculpa
    para desprezarem a música
  • 30:41 - 30:43
    Hoje em dia, quando dizes stoner rock
    sabes exactamente o que isso significa,
  • 30:43 - 30:47
    são guitarras com distorção,
    riffs gigantescos,
  • 30:47 - 30:50
    é melódico, até certo ponto.
  • 30:51 - 30:54
    Mas ecoa o rock clássico.
  • 30:54 - 30:56
    Sempre disse que stoner
    rock é só grunge,
  • 30:56 - 30:59
    e realmente ambos são a
    continuação do rock dos anos 70.
  • 31:07 - 31:16
    Monster Magnet abriu para os Kyuss.
    Estávamos a fazer algo entre 93 e 94,
  • 31:17 - 31:25
    afastado do grunge, era mais sombrio,
    mais pesado e estranho.
  • 31:26 - 31:28
    Mas quando estavamos a ficar conhecidos
    as bandas estavam a mudar.
  • 31:28 - 31:30
    Os Nebula estavam a mudar,
  • 31:30 - 31:31
    os Queens of the Stone Age
    estavam a mudar,
  • 31:32 - 31:34
    e continuavam a tentar
    chamá-lo de stoner rock.
  • 31:34 - 31:37
    Há toda a questão da
    revista Musician perguntar...
  • 31:37 - 31:42
    Qual é o equipamento que estão a usar?
    Como está a ser gravado?
  • 31:43 - 31:44
    Não vamos usar equipamento digital.
  • 31:44 - 31:49
    Vamos usar amplificadores de válvulas
    e esse tipo de coisas.
  • 31:50 - 31:53
    Eu não estava ligada ao movimento do deserto
    enquanto esta estava a acontecer.
  • 31:54 - 31:58
    Fizémo-lo depois de Man's Ruin,
    porque estávamos na mesma editora juntos.
  • 31:59 - 32:04
    Acho que se pode dizer
    que os albuns da Man's Ruin Records,
  • 32:04 - 32:10
    são responsáveis por introduzir
    as pessoas a muitas destas músicas.
  • 32:10 - 32:13
    Eu acabei por cobrir muitas
    destas bandas para a primeira edição,
  • 32:13 - 32:19
    porque estava a fazer uma espécie
    de cobertura da Man's Ruin.
  • 32:19 - 32:24
    Esse género de música
    que é descrito como stoner rock,
  • 32:24 - 32:28
    que é a definição infeliz
    com que ficaram.
  • 32:28 - 32:33
    Depois disso, houve uma afluência
    gigantesca de bandas,
  • 32:34 - 32:37
    como que a copiar
    esse som.
  • 32:37 - 32:40
    Não tenho a certeza de
    onde veio esse termo
  • 32:41 - 32:43
    para ser honesto
    eu não pesquisei,
  • 32:43 - 32:51
    assumo que seja só por causa
    da música passar pelo improviso,
  • 32:51 - 32:55
    detesto usar orgânico,
    mas vou, orgânico.
  • 32:55 - 32:59
    Não sei, o que é stoner
    rock? Diz-me tu!
  • 33:06 - 33:12
    Os Fatso Jetson vieram de um
    bar de rock que eu e o Larry abrimos.
  • 33:12 - 33:19
    É o resultado de estar farto
    de ser apanhado em festas
  • 33:20 - 33:21
    e saber que somos
    capazes de fazê-lo sozinhos.
  • 33:28 - 33:35
    Começámos em 1994,
    eramos fãs dos Black Flag.
  • 33:35 - 33:38
    Eram uma inspiração
    para todos nós
  • 33:39 - 33:44
    e pensámos "hey, vamos
    mandar-nos de cabeça"
  • 33:45 - 33:49
    e fizémo-lo. Tocámos,
    foi o nosso primeiro concerto
  • 33:49 - 33:53
    e acho que o Greg gostou
    do que nós fizemos,
  • 33:53 - 33:57
    e ofereceu-se para lançar
    um CD por nós no SSK.
  • 34:05 - 34:11
    Os blues para mim, a crueza
    e a honestidade presente,
  • 34:11 - 34:20
    é similar às coisas
    que aprecio no punk rock.
  • 34:33 - 34:41
    Não é anormal para mim, na
    a mesma canção encontrar
  • 34:41 - 34:45
    Howlin' Wolf, Black Flag,
    Link Wray e Devo
  • 35:04 - 35:06
    É muito primitivo.
  • 35:07 - 35:09
    Pomos os nossos discos
    onde tocamos
  • 35:12 - 35:15
    e depois esse som
    é mesmo puro.
  • 35:16 - 35:19
    Fazemo-lo, sob os
    nossos próprios termos
  • 35:19 - 35:22
    e não é uma questão
    de sobrevivência.
  • 35:23 - 35:24
    É uma questão
    de desejo de vida.
  • 36:54 - 37:01
    Lembro-me da cena
    em San Francisco, nos anos 90,
  • 37:01 - 37:08
    ser os Sleep, Neurosis,
    The Melvins.
  • 37:11 - 37:15
    Havia muitas coisas
    boas a surgir,
  • 37:15 - 37:18
    como Neurosis, que era
    o mais importante por aqui,
  • 37:18 - 37:22
    Neurosis e The Melvins,
    era o centro de tudo.
  • 37:22 - 37:25
    Comecei a tocar com
    uma banda no secundário,
  • 37:26 - 37:28
    com o Al e o Chris que
    estão nos Om actualmente.
  • 37:29 - 37:31
    Eles tinham esta banda,
    os Asbestosdeath.
  • 37:31 - 37:32
    Eles queriam mesmo
    estar numa banda
  • 37:32 - 37:35
    provavelmente uma reacção
    à miséria da vida.
  • 37:36 - 37:39
    Não sei, havia uma amizade
  • 37:39 - 37:44
    e de um modo geral
    eram mesmo bons amigos.
  • 37:45 - 37:46
    A música surgiu daí.
  • 37:46 - 37:49
    Eu e o Al estávamos sentados
    sobre o efeito de LSD,
  • 37:49 - 37:51
    a fumar e assim,
  • 37:51 - 37:55
    e o Al lembrou-se do nome Sleep
    e eu disse "Wow, isso é um grande nome".
  • 37:55 - 37:59
    Era mais do que ver um concerto,
    era viver uma experiência com... Sabes?
  • 38:00 - 38:01
    Pregar-te pelo teu
    próprio centro.
  • 38:02 - 38:05
    Tinham este massivo...
    Nunca vi nada assim!
  • 38:06 - 38:09
    É como... Vermelho, verde,
    azul, Sleep.
  • 38:18 - 38:22
    Eles lançaram dois albuns,
    Volume 1 e Holy Mountain
  • 38:24 - 38:25
    Depois assinaram com uma major,
    a London Records.
  • 38:26 - 38:32
    Não tenho a certeza se a London
    Records sabia o que estava a assinar,
  • 38:33 - 38:37
    porque os Sleep estavam a
    planear as suas obras-primas
  • 38:37 - 38:39
    Uma canção de 52 minutos.
  • 38:40 - 38:42
    Jerusalem, acho que originalmente
    se chamava Dopesmoker.
  • 38:43 - 38:45
    As letras incorporam
    esta espécie de...
  • 38:45 - 38:51
    caravana de drogas
    para a terra sagrada.
  • 38:52 - 38:54
    Foram 5 anos em que a
    música se desenvolveu.
  • 38:54 - 38:57
    Tinham tudo escrito e ficaram
    presos com editoras,
  • 38:58 - 39:01
    Estavam basicamente
    sentados com isto pronto,
  • 39:01 - 39:04
    e estavam basicamente
    a morrer na praia.
  • 39:05 - 39:09
    Queriam tirá-lo dali e não podiam,
    tiveram de esperar um ano só para gravar.
  • 39:09 - 39:14
    Por um período de pelo menos 2 anos
    recusaram-se a tocar isso ao vivo,
  • 39:14 - 39:18
    porque estavam convictos de
    ainda não deixar as pessoas ouvirem.
  • 39:18 - 39:21
    Tentámos travar a música
    e foi tão estranho,
  • 39:21 - 39:23
    como se fosse suposto
    seguir em frente...
  • 39:24 - 39:28
    Estávamos a tentar descobrir
  • 39:28 - 39:31
    como voltar a pôr os pés na terra,
    como aterrar.
  • 39:31 - 39:33
    Às vezes o riff é tão bom
  • 39:33 - 39:36
    que só queremos ouvi-lo
    uma vez, e outra, e outra.
  • 39:37 - 39:40
    Às vezes por 52 minutos!
  • 39:41 - 39:47
    Tanto quanto sei a London sempre
    soube dos planos deles para a canção.
  • 40:00 - 40:06
    Começou com esta escala
    de música estranha, quase indiana
  • 40:06 - 40:12
    O intuito era transmitir que a banda
    estava em hipnose enquanto tocava
  • 40:16 - 40:20
    O baterista carrega essa música.
  • 40:20 - 40:25
    Toda a canção é baseada na bateria
    e nos tempos, e bater no sítio certo.
  • 40:29 - 40:35
    Há muito mitos e lendas sobre
    a maneira como Jerusalem foi feito.
  • 40:35 - 40:37
    Algumas coisa podem
    não ser mitologia.
  • 40:37 - 40:43
    O maior deles é que eles
    gastaram o dinheiro adiantado com erva?
  • 40:43 - 40:45
    Bem, a parte da erva
    é totalmente verdade
  • 40:46 - 40:50
    Queimamos muito dinheiro
    e tempo em erva?
  • 40:50 - 40:53
    Entregar a master
    a outra editora.
  • 40:54 - 40:56
    Tinha sido uma boa ideia quem me
    dera que nos tivéssemos lembrado disso.
  • 40:57 - 41:00
    Passámos por aquela que é a coisa
    mais pesada alguma vez gravada.
  • 41:02 - 41:06
    Não se olhava a despesa,
    para acrescentar alguma coisa.
  • 41:06 - 41:08
    "Queres adicionar outra guitarra
    vamos fazer isso...
  • 41:10 - 41:11
    Vamos pôr mais duas."
  • 41:11 - 41:15
    Gastámos 75.000 dólares
    em amplificadores.
  • 41:15 - 41:19
    Em amplificadores costumizados, guitarras,
    todo o tipo de coisas.
  • 41:27 - 41:31
    As canções, não só sonoramente
    mas se seguires as letras
  • 41:31 - 41:34
    é uma caravana
    a entregar erva.
  • 41:34 - 41:37
    Usámos longsman? e
    haxixe na mesma linha.
  • 41:38 - 41:39
    Como é que se faz isto?
  • 41:41 - 41:46
    Entregámos aquilo à editora,
    eles ouviram e depois estavam tipo:
  • 41:46 - 41:48
    "Isto é muito pesado, não há
    nada que possamos fazer com isto"
  • 41:49 - 41:50
    "É muito isto, muito aquilo"
  • 41:53 - 41:55
    E alguém na editora, não sei quem,
  • 41:56 - 42:02
    meteu na cabeça que se alguém
    a remisturasse ficaria diferente.
  • 42:02 - 42:07
    Tens uma banda com uma música
    de 60 minutos, o que esperavas? Rádio?
  • 42:08 - 42:12
    O album foi metido na gaveta e só saiu
    3 anos depois de ter sido gravado
  • 42:12 - 42:15
    O que acabou por ser 2 anos e meio
    depois dos Sleep acabarem.
  • 42:16 - 42:23
    E acabou por tornar-se...
    Em parte porque era fantástico,
  • 42:23 - 42:25
    mas em parte por causa
    dos mitos à sua volta,
  • 42:26 - 42:28
    passou a ser visto
    como um clássico.
  • 42:29 - 42:30
    Um clássico perdido, mesmo.
  • 42:54 - 42:58
    Algum tempo depois
    de se fazer a remistura.
  • 42:58 - 43:00
    eles decidiram não
    continuar a ser uma banda.
  • 43:01 - 43:03
    Isso foi em 97.
  • 43:07 - 43:14
    Por volta de 2001 ou 2002,
  • 43:14 - 43:20
    o Matt Pike dos High on Fire que também era dos Sleep,
    o manager dele, o Tod,
  • 43:21 - 43:24
    perguntou-me se eu queria
    fazer a versão original desse album
  • 43:24 - 43:30
    que era Dopesmoker, que era a versão
    completa, não editada, não misturada
  • 43:30 - 43:34
    Não misturada pelo Sardy, que eles
    arranjaram para tentar melhorar,
  • 43:34 - 43:36
    obviamente eles não
    estavam contentes com isso.
  • 43:36 - 43:38
    Eles perguntaram se eu o queria
    fazer e eu disse "absolutamente".
  • 43:39 - 43:41
    Eu gosto dessa versão
    de Dopsmoker,
  • 43:41 - 43:45
    porque era um bocadinho maior
    e foi a mistura que fizemos com o Billy,
  • 43:46 - 43:49
    Mais ninguém da editora
    veio e cortou tudo.
  • 43:50 - 43:52
    Acho que nós os três
    fizemos as pazes com a canção
  • 43:52 - 43:55
    que sabemos que
    existe cá dentro,
  • 43:55 - 43:57
    versus o que anda por aí e
    as pessoas pensam que significa.
  • 43:58 - 44:01
    E acho que foi a maneira de
    continuarmos e deixarmos isso em paz.
  • 44:02 - 44:05
    Foi aquela espécie
    de batalha milenar
  • 44:05 - 44:09
    entre o que é arte e o que
    as editoras pensam que é produto.
  • 44:10 - 44:14
    Vocês estranharam-se por
    um tempo, depois dos Sleep?
  • 44:15 - 44:19
    Sim. Mais ou menos.
    Todos nós... Houve muita dor.
  • 44:20 - 44:23
    Não sabíamos exactamente
    o que dizer uns aos outros
  • 44:24 - 44:29
    Ainda havia amor...
    Havia amor, ódio e confusão.
  • 44:30 - 44:31
    Só tivemos de lidar com
    isso durante um tempo.
  • 44:32 - 44:34
    Eu não falei com o Chris
    durante alguns anos,
  • 44:35 - 44:37
    depois de toda a cena
    do Dopesmoker
  • 44:38 - 44:44
    e o Al... Foi uma coisa triste,
    o Al deixou de tocar música,
  • 44:45 - 44:47
    durante 5 anos.
  • 44:49 - 44:52
    Eu diria que deixou mesmo de tocar,
    só não era muito público em relação
  • 44:53 - 44:56
    a ver alguém, ou estar
    numa banda, coisas assim.
  • 45:01 - 45:11
    Acho que os Sleep foram quase
    a essência desta espécie de reavivar
  • 45:11 - 45:13
    que começou a acontecer
    nos anos 90
  • 45:13 - 45:17
    daquilo que foi chamado
    de stoner rock ou doom, ou assim.
  • 45:18 - 45:21
    Eles apanharam o que os
    Saint Vitus estavam a fazer
  • 45:21 - 45:25
    e os The Melvins, Black
    Sabbath, claro.
  • 45:26 - 45:27
    Mas acho que eles
    acertaram em cheio.
  • 45:27 - 45:33
    Pode quase dizer-se que o conseguiram,
    ao fazerem dois dos melhores álbuns
  • 45:33 - 45:35
    que precisavam de ser feitos
    naquele género.
  • 45:58 - 46:04
    Eles determinaram,
    desde o primeiro ensaio que tivemos.
  • 46:05 - 46:10
    Não era necessário mais nenhum elemento, para
    o que estávamos a fazer
  • 46:10 - 46:14
    não era preciso utilizar
    uma estrutura tradicional.
  • 46:15 - 46:20
    Usar uma guitarra, para encaixar
    num tipo de som estabelecido.
  • 46:24 - 46:30
    Há momentos em que estou
    parado e tenho que transformar
  • 46:30 - 46:36
    as emoções em palavras
    que sirvam não só propósitos simbólicos,
  • 46:36 - 46:40
    mas, num nível muito prático,
    propósitos ritmicos.
  • 46:40 - 46:43
    Tenho a certeza que
    não são combinadas
  • 46:43 - 46:45
    de acordo com
    a sonoridade gramatical.
  • 46:52 - 46:56
    Às vezes as pessoas dizem:
    "Sabes outro riff?"
  • 46:56 - 47:00
    ou "Presta atenção,
    são todos muito..."
  • 47:01 - 47:08
    As repetições que fazemos também...
    Há coisas em tantos albuns antigos
  • 47:08 - 47:10
    que ouvíamos e crescemos
    a apreciar,
  • 47:11 - 47:13
    e há alguns segmentos
    nestas canções,
  • 47:13 - 47:16
    e nós dissemos "porque é que
    isto não se repete mais?"
  • 47:16 - 47:19
    E às vezes gostava que isso
    continuasse por 14 ou 15 minutos.
  • 49:05 - 49:09
    As drogas podem mesmo
    fazer-te escrever uma canção
  • 49:09 - 49:11
    ou fazer qualquer coisa, se houver
    alguma coisa que te impeça.
  • 49:13 - 49:19
    - É como se ficasses mais concentrado.
    - Acalmasses, e teres as coisas feitas.
  • 49:23 - 49:29
    Tem alguma coisa a ver
    com ouvir. Tocar não, mas ouvir.
  • 49:31 - 49:35
    Uma coisa que resulta comigo é
    usá-las como uma ferramenta de verificação.
  • 49:36 - 49:39
    O sentido de estilo musical
    é parte da tua mente.
  • 49:41 - 49:45
    As plantas estão vivas e sinto
    que estive a comunicar com elas
  • 49:46 - 49:49
    através disto. Se há uma maneira
    de comunicar entre espécies
  • 49:50 - 49:51
    então é provavelmente isto.
  • 49:53 - 49:57
    Ao aumentar a percepção vês
    as coisas ligeiramente diferentes,
  • 49:57 - 50:01
    e de certa forma é bom,
    mas não é necessário.
  • 50:02 - 50:05
    No final não é isso que é importante.
  • 50:07 - 50:12
    É uma parte essencial
    naquilo que fazemos
  • 50:12 - 50:15
    Isto não vai ficar no filme?
  • 50:19 - 50:22
    Pode ser pela viagem,
  • 50:22 - 50:27
    a ideia de viajar até
    outros domínios,
  • 50:28 - 50:32
    mas isso pode incluir tomar drogas,
    mas não está limitado a tomar drogas.
  • 50:33 - 50:37
    Pessoas como o H. P. Lovecraft,
    Lord Dunsany, Clark Ashton Smith,
  • 50:38 - 50:41
    todos estes escritores dos anos 30,
    e do virar do século,
  • 50:42 - 50:46
    que eram mesmo imaginativos.
  • 50:47 - 50:52
    Especialmente quando os tempos se tornam
    mais pesados ou politicamente penosos,
  • 50:53 - 51:02
    tipicamente vês mais fantasia,
    vês mais artistas idealistas,
  • 51:03 - 51:04
    nas suas fantasias pessoais.
  • 51:09 - 51:13
    É preciso motivação e
    dedicação para escrever canções
  • 51:13 - 51:18
    e ir para o estudio e dedicar a tua
    vida a fazer música com a banda.
  • 51:19 - 51:23
    Não acho que os que drogados
    normais consigam chegar tão longe.
  • 51:38 - 51:39
    Todos nós crescemos
    fora da cidade,
  • 51:40 - 51:42
    o Steve e eu crescemos
    na Virginia
  • 51:43 - 51:49
    mas há aquele momento em que percebes
    quanta música vem de Washington DC
  • 51:49 - 51:51
    e toda a cena punk
    com os Fugazi
  • 51:52 - 51:55
    e toda aquela música que estava
    a surgir nos anos 80.
  • 51:55 - 51:57
    Nós estávamos nesse tipo
    de bandas por um tempo
  • 51:57 - 52:03
    e precisávamos de voltar ao que
    inicialmente nos entusiasmou na música
  • 52:03 - 52:06
    e bandas como
    Led Zeppelin e Black Sabbath.
  • 52:07 - 52:11
    Bandas relaxadas,
    com boa vibração
  • 52:12 - 52:13
    que de certa forma
    não se pareciam importar.
  • 52:24 - 52:31
    Estamos aqui a gravar
    o nosso quinto disco,
  • 52:31 - 52:37
    no Sunset Sound, estudios lendários
    na Sunset Strip.
  • 52:37 - 52:44
    Fala-se muito em bandas que
    estão a fazer rock clássico,
  • 52:44 - 52:47
    o que nos leva a pensar,
    se estamos a regressar às bases do rock.
  • 52:53 - 52:57
    Todos os nossos albuns antigos
    estavam carregados de diferentes
  • 52:57 - 53:02
    atmosferas e efeitos, e agora estamos
    a tentar captar mais a performance.
  • 53:03 - 53:08
    A espontaneidade, mais direto.
  • 55:40 - 55:43
    Acho que muita da música que escrevo
    é a pensar em imagens
  • 55:45 - 55:49
    como floresta, oceano, estrelas, andar...
  • 55:51 - 55:55
    Mau tempo ou... sabes...
  • 55:56 - 56:00
    grandes árvores maciças ou falésias ou...
  • 56:00 - 56:03
    É definitivamente uma relação
    com a Natureza.
  • 56:03 - 56:06
    As árvores são tão bonitas
    que te fazem sentir feliz
  • 56:06 - 56:13
    e elas parecem tão antigas,
    com tanta história para contar
  • 56:13 - 56:17
    Sim, definitivamente, há um elemento
    na nossa música que envolve a natureza
  • 56:17 - 56:20
    e espiritualidade, suponho.
    E essas são as coisas mais importantes.
  • 56:21 - 56:24
    A minha mãe gostava
    de ilustrar coisas da natureza
  • 56:25 - 56:32
    Ela desenhava cogumelos, plantas e flores...
    Isso era o que me rodeava em criança
  • 56:34 - 56:36
    e acho essas coisas realmente inspiradoras.
  • 56:37 - 56:39
    O som e a visão são muito similares
  • 56:39 - 56:42
    e sempre tiveram uma relação
    um com o outro, para mim.
  • 56:43 - 56:49
    Quer seja a ver um músico tocar ou ouvir um
    álbum e olhar para o trabalho artístico
  • 56:49 - 56:52
    O que fez com que os posters voltassem atrás
    em termos de estilo,
  • 56:52 - 56:58
    acho que é a rejeição da arte corporativa e do
    modo corporativo de encarar as bandas.
  • 56:59 - 57:07
    Eu sento-me, com headphones,
    e concentro-me realmente.
  • 57:09 - 57:15
    Ouço, fecho os olhos e concentro-me para ver
    o que acontece, se alguma coisa vem até mim.
  • 57:16 - 57:19
    Eu não gostava de nenhuma
    imagética musical dos anos 90
  • 57:20 - 57:30
    Não me interessava. Vampiras, personagens com
    cabeças grandes... Não é o meu estilo.
  • 57:31 - 57:35
    Faço muito horizontes e céus
    porque para mim representa
  • 57:36 - 57:41
    toda uma série de possibilidades infinitas.
  • 57:42 - 57:45
    O lugar onde o céu encontra o oceano,
    sempre vi isso como uma espécie
  • 57:46 - 57:48
    de portal ou uma entrada
    para mais alguma coisa.
  • 57:50 - 57:54
    Comparando a arte que tem por base
    a música psicadélica,
  • 57:55 - 57:58
    acho que é algo extraordinariamente criativo.
  • 57:59 - 58:05
    Alguns dos álbuns em que trabalhei,
    tentei torná-los criativos a vários níveis.
  • 58:23 - 58:29
    Eu penso que a psicadelia de Malleus é a nossa
    habilidade de desenhar e interpretar as mulheres
  • 58:33 - 58:34
    Nunca há uma "doce figura materna".
  • 58:35 - 58:38
    Vejo a mulher que fazemos
    como uma rapariga perversa.
  • 58:43 - 58:47
    A imaginação é a melhor droga no mundo
  • 58:52 - 58:55
    Estava mesmo numa de hipnose, ainda estou.
  • 58:55 - 58:58
    Estes designers de Inglaterra
    fizeram muitas coisas
  • 58:59 - 59:03
    como capas para Dark Side of the Moon,
    Led Zeppelin
  • 59:03 - 59:06
    muitas outras coisas
    significativas e reconhecíveis.
  • 59:08 - 59:09
    E o Roger Dean, claro...
  • 59:10 - 59:18
    A imagem fala por si própria, mas eu gosto muito
    de letras e da estética da palavra
  • 59:19 - 59:23
    Isto são algumas das coisas que
    tenho feito ultimamente.
  • 59:24 - 59:30
    Fiz estas nas últimas semanas.
    Isto é o calendário deste ano
  • 59:30 - 59:32
    e isto é o próximo álbum
    dos Residual Echoes
  • 59:35 - 59:38
    Como estava a pensar de forma muito abstrata,
    acabou por resultar
  • 59:39 - 59:44
    foi muito detalhado e acho que se tornou
    numa nova forma de piscadelia
  • 59:44 - 59:47
    que não fosse do tipo "flower power",
    mas algo mais agressivo
  • 59:48 - 59:52
    Acabou por ser a forma
    apocalíptica da piscadelia
  • 59:52 - 59:55
    Acho a palavra psicadelia muito interessante
  • 59:55 - 60:03
    e acho que as coisas que eu faço são sempre
    psicadélicas em determinado aspecto visionário
  • 60:04 - 60:10
    Esteticamente, tem mais em comum
    com desenho técnico
  • 60:10 - 60:12
    ou desenho arquitectónico.
  • 60:21 - 60:25
    Quando algo tem um som muito, muito grande,
    parece-me sempre algo muito vasto
  • 60:26 - 60:32
    este espaço em aberto,
    com nuvens e penhascos...
  • 60:33 - 60:38
    quando é algo lento e pesado,
    é o que vejo.
  • 60:39 - 60:43
    O que vejo de música mais rápida
    como os High on Fire
  • 60:44 - 60:48
    é mais imagética
    que acelera o coração
  • 61:19 - 61:21
    O primeiro álbum,
    The Art of Self Defense
  • 61:22 - 61:25
    tinha uma onda dos Sleep,
    mas eu estava a mudar o meu estilo
  • 61:26 - 61:31
    Quando tocava com os Sleep,
    usávamos tempos mais rápidos
  • 61:31 - 61:38
    mas olhando agora para trás era meio lento,
    porque estávamos na procura de um novo eu
  • 61:39 - 61:42
    Eu estava à procura do eu guitarrista
    e estava a começar a cantar.
  • 61:43 - 61:47
    Isso era tudo novo para mim.
    Pode perceber-se a influência de estar a sair
  • 61:47 - 61:48
    daquela banda,
    pelo menos na minha perspectiva.
  • 62:00 - 62:06
    Começámos a usar um ritmo mais rápido,
    mais "thrash", um poder mais pesado
  • 62:09 - 62:12
    É como metal, mas não uma banda
    típica de metal
  • 62:18 - 62:23
    Talvez estivéssemos chateados com algo,
    zangados ou tristes ou alguém nos tivesse lixado
  • 62:25 - 62:30
    vou passar isso para o papel,
    como se fosse imagem de algo que li
  • 62:30 - 62:36
    ou algo em que estava interessado para mostrar
    como me sentia, apesar de ser uma confusão.
  • 62:44 - 62:47
    Se consegues transferir os teus sentimentos
    para peças de música
  • 62:48 - 62:52
    e como te sentes, quer seja irritação ou amor,
    tristeza, qualquer coisa.
  • 62:53 - 62:55
    Isso é o que faz um grande artista,
    um grande músico.
  • 64:39 - 64:43
    VOU VENDER
    MUITAS COISAS EM BREVE
  • 64:43 - 64:49
    Muitos dos álbuns, olhando desde os anos 70,
    são, todos eles, estranhos e obscuros
  • 64:50 - 64:56
    Os discos dos Groundhog,
    Sir Lord Baltimore, May Blitz,
  • 64:56 - 64:57
    Budgie, Hawkwind...
  • 64:57 - 65:02
    Todos eles estavam em grandes editoras.
    Actualmente, não seria possível.
  • 65:02 - 65:10
    Estariam todos em editoras Indie e isso deve-se à consolidação e contracção da indústria.
  • 65:10 - 65:18
    Que se lixem as editoras. Fizeram um péssimo
    trabalho nos últimos 25 anos, não merecem nada
  • 65:18 - 65:22
    Sempre me senti atraído
    pelo lado negro dos sons e da arte
  • 65:23 - 65:30
    o que, normalmente, conduz a que a música e
    arte sejam "underground" e independente.
  • 65:30 - 65:35
    Na minha juventude, as pessoas, especialmente
    os meus pais, sempre me disseram
  • 65:36 - 65:41
    "Tens que tocar o que as pessoas querem ouvir,
    senão nunca farás dinheiro"
  • 65:43 - 65:48
    Mas não me interessava se fazia dinheiro,
    porque sempre soube, desde o início,
  • 65:49 - 65:54
    que a minha música era um dom muito especial,
    mas também uma arte muito especial
  • 65:55 - 66:03
    Estávamos a fazer coisas que eram o oposto e o
    contrário do mainstream, mas que fosse.
  • 66:04 - 66:07
    Isto era o que fazíamos
    e o que vamos continuar a fazer
  • 66:08 - 66:15
    Não interessa que não nos torne ricos
    e famosos, não estamos à procura disso.
  • 66:15 - 66:21
    Ao mesmo tempo, estou a envelhecer
    e gostava de ter uma casa,
  • 66:22 - 66:27
    gostava de tomar conta e casar com uma rapariga.
    Pensamos nisso quando envelhecemos
  • 66:28 - 66:40
    Há muito mais carreirismo por causa da inflação
    e expectativa de ter um estilo de vida seguro
  • 66:40 - 66:45
    Ter dinheiro, um espaço confortável
    para gravar e suporte para as digressões
  • 66:45 - 66:46
    Não sou contra isso
  • 66:49 - 66:52
    Provavelmente as bandas estão melhor agora
    numa grande editora, para dizer a verdade
  • 66:52 - 66:56
    não me chatearia muito com isso. Recebes um
    bom adiantamento e talvez consigas comprar
  • 66:57 - 67:00
    uma casa e depois disso...
    Quer dizer, isto de tiveres sorte.
  • 67:01 - 67:04
    O meu amigo uma vez
    chamou-nos de amadores loucos
  • 67:05 - 67:09
    não estávamos
    activamente a tentar sair em digressão,
  • 67:10 - 67:14
    não estávamos activamente
    a tentar fazer uma carreira disto.
  • 67:14 - 67:19
    Os meus pais e os do Mario estavam na
    restauração antes mesmo de termos nascido
  • 67:23 - 67:26
    Mudámo-nos todos para aqui para tentar
    perceber o que íamos fazer.
  • 67:27 - 67:32
    Eventualmente arranjar um trabalho
    no restaurante, esperávamos nós,
  • 67:33 - 67:35
    e conseguir continuar a fazer música.
  • 67:35 - 67:39
    Planeei parar de fazer música porque
    não estava a fazer nenhum dinheiro disso
  • 67:40 - 67:40
    mas tenho que aumentar os meus rendimentos,
    muito agressivamente, a cada dois anos.
  • 67:50 - 67:52
    Acho que vou vender
    muitas coisas brevemente
  • 68:00 - 68:08
    Fora da banda, tenho um trabalho a tempo
    inteiro em pós-produção de filmes e vídeos
  • 68:08 - 68:14
    Arranjámos trabalhos normais, por exemplo,
    trabalhei numa florista
  • 68:14 - 68:18
    a entregar flores, a ajudar num casamento ou a
    conduzir uma carrinha pela cidade
  • 68:18 - 68:22
    Estamos a safar-nos muito bem nas digressões,
    consegues fazer um bom dinheiro
  • 68:22 - 68:24
    especialmente em terras
    fora das grandes cidades.
  • 68:25 - 68:32
    Mas, pessoalmente, eu continuo a passear cães
    e o Steve faz alguma ilustração à parte
  • 68:33 - 68:39
    Acho que ainda não chegamos lá,
    não é sustentável e não nos deixa
  • 68:39 - 68:45
    viver o tipo de vida que gostaríamos,
    que é um ter telhado, comida...
  • 68:46 - 68:47
    - Pintaste isso?
    - Sim!
  • 68:47 - 68:49
    - Oh meu Deus, olhem para isto.
  • 68:50 - 68:52
    Nós resolvemos, eu e a minha mulher.
  • 68:53 - 68:59
    Fazia mais sentido ser eu
    a tomar conta dos miúdos
  • 69:00 - 69:05
    por isso decidimos que eu seria
    um pai que fica em casa
  • 69:07 - 69:10
    - Esta vai ser a próxima geração.
  • 69:11 - 69:15
    - Esta vai ser a próxima geração. É espantoso.
  • 69:16 - 69:22
    Em vez de estar assustado e dizer
    "oh não, eles também se vão meter nisto",
  • 69:22 - 69:26
    estou confiante que vão ser eles a tirar-nos daqui
  • 69:33 - 69:37
    Não podíamos viver só da música,
    estamos falidos
  • 69:39 - 69:40
    - Essa é a verdade
    - Mas somos felizes.
  • 69:40 - 69:45
    Nós fazemos nove trabalhos se for preciso
    e se não estivermos em digressão
  • 69:45 - 69:49
    mas temo-nos safado muito bem nas digressões,
    só a tocar música.
  • 69:50 - 69:53
    - Não há muitos trabalhos em que
    te deixem trabalhar uma semana
  • 69:53 - 69:56
    ou dez dias e depois podes
    desaparecer durante meses.
  • 69:57 - 69:58
    - Ninguém me iria contratar.
  • 70:04 - 70:06
    Sabem daquela piado do Bill Hicks,
    de que falámos há pouco,
  • 70:06 - 70:08
    a piada de "pedrados"
    que o Bill Hicks fez, que era:
  • 70:08 - 70:13
    Eu posso levantar-me na alvorada,
    apanhar trânsito,
  • 70:13 - 70:17
    ir para um emprego que odeio,
    que não me satisfaz criativamente,
  • 70:17 - 70:19
    claro que posso fazer isso!
  • 70:19 - 70:20
    Só um segundo...
  • 70:20 - 70:27
    ou acordar à noite
    e aprender a tocar a cítara.
  • 70:33 - 70:37
    Normalmente arranjava trabalhos
    na construção mas hiperestendi o meu joelho
  • 70:37 - 70:48
    por isso tive que sair. Sou ajudante de cozinha
    e estou a tentar ajudar num bistrô.
  • 70:48 - 70:51
    Não trabalhamos juntos, mas tanto o Bob
    como eu somos pintores de casas.
  • 70:52 - 70:56
    E temos feito isso desde... Eu faço-o
    provavelmente desde os meus 20 anos
  • 70:56 - 71:06
    O facto de fazer o que faço é como que sombrio.
    É muito de estar falido este mês mas continuar
  • 71:07 - 71:11
    Estamos num beco o que é bom porque somos
    uma loja de discos "underground"
  • 71:12 - 71:21
    e não prestamos atenção a datas de lançamento.
    O novo dos White Stripes ou outra coisa
  • 71:21 - 71:26
    vamos tê-lo se quisermos e fazemos as coisas
    nos nossos próprios termos.
  • 71:26 - 71:29
    O dinheiro é papel, eu limpo o rabo com papel
  • 71:30 - 71:35
    não é assim tão essencial para a minha alma,
    não o podes levar contigo.
  • 71:36 - 71:39
    Se morrer amanhã, grande coisa,
    terei muito dinheiro que não gastei.
  • 72:02 - 72:05
    Enquanto fazia o Goatsnake, restabeleci
    contacto com o Steve O'Malley
  • 72:06 - 72:15
    Ele mudou-se para Los Angeles e, basicamente,
    surgiu-nos o conceito dos Sunn
  • 72:26 - 72:30
    Dois tipos ficarem bêbedos e pedrados
    e tocarem com o maior número
  • 72:31 - 72:36
    de amplificadores que é possível,
    a tocar riffs dos Melvins e dos Earth
  • 72:36 - 72:38
    e tentar tocá-los mais devagar.
  • 72:39 - 72:43
    Trabalhar com sons obscuros, num contexto
    musical e historicamente
  • 72:43 - 72:52
    sempre foi ter a capacidade de meditar ou
    transcender, uma fase para despertar.
  • 72:52 - 72:54
    Tecnicamente não sou muito bom,
    não sei fazer um solo.
  • 72:55 - 72:59
    Não sei fazer um solo muito bem,
    não o sei fazer de todo.
  • 73:00 - 73:09
    Mas eu gostode trabalhar com tons
    e tons baixos e manipulá-los.
  • 73:17 - 73:25
    Acho que trabalhar com alguns elementos que
    são mais velhos na música em geral.
  • 73:25 - 73:33
    Acho que a música metal, como a música folk,
    tem coisas em comum
  • 73:33 - 73:41
    com música de guerra, algo de tribalismo, uma
    amplificação da energia da música.
  • 75:49 - 75:53
    QUER DETESTEM OU AMEM.
  • 75:53 - 76:01
    Underground já não é underground. Para mim,
    é o novo "aboveground", por assim dizer
  • 76:01 - 76:07
    são muitas pequenas editoras que se juntaram
    e formaram uma comunidade.
  • 76:08 - 76:13
    As pessoas agora sabem como lhes aceder e
    conseguir o material que está na editora.
  • 76:13 - 76:18
    São mais sofisticadas, mais espertas.
    Elas querem algo diferente.
  • 76:18 - 76:20
    e as grandes editoras
    não lhes estão a dar isso.
  • 76:22 - 76:28
    Há muitos problemas,
    é como uma estranha troca.
  • 76:28 - 76:33
    Por um lado as editoras estão a desaparecer,
    não tens grandes editoras a assinar com bandas,
  • 76:33 - 76:38
    muitas vezes tens que lançar sozinho,
    mas por outro lado não o podes fazer
  • 76:39 - 76:42
    e ficar com todo o dinheiro
    e não ir para uma editora ou isso
  • 76:43 - 76:46
    gravar o teu próprio álbum em casa, vendê-lo na
    internet, esgotar os concertos.
  • 76:46 - 76:50
    São como miúdos numa loja de doces,
    podem fazer o que quiserem
  • 76:51 - 76:56
    Isso é óptimo. Acho que por serem
    independentes, permite-lhes fazer isso.
  • 76:56 - 77:02
    Acho que a melhor coisa de lançar agora é que
    as pessoas estão à procura de novas influências
  • 77:02 - 77:07
    e a tentar incorporar novas coisas e a música
    está a tornar-se cada vez mais acessível.
  • 77:08 - 77:09
    Toda a música está mais acessível.
  • 77:11 - 77:13
    As pessoas estão a encontrar
    novas formas de se inspirarem
  • 77:13 - 77:22
    Há muito boca-a-boca e acho que a internet
    está a ligar esse boca-a-boca.
  • 77:22 - 77:26
    Quando estás numa cidade alemã
    e as pessoas sabem quem tu és
  • 77:27 - 77:29
    tu pensas: "Como raio
    sabem?" e foi no computador.
  • 77:31 - 77:32
    Há um movimento ou o quer que seja...
  • 77:33 - 77:35
    As pessoas estão desejosas
    de fazer alguma música.
  • 77:35 - 77:39
    O rádio e a música comercial
    são um pesadelo.
  • 77:41 - 77:49
    As tabelas estão dominadas por música urbana:
    hip hop, country, pop, divas...
  • 77:50 - 77:54
    Haverá sempre uma audiência para heavy rock,
    mas não o verás no topo das tabelas.
  • 77:55 - 77:57
    Tudo bem.
  • 77:57 - 78:02
    É assim que vai ser. Este tipo de música é muito
    underground e é o que o torna tão bom
  • 78:03 - 78:07
    Há álbuns que alguns talvez queiram tornar
    grandes, podem não achar bom
  • 78:07 - 78:12
    mas eu acho, não tenho qualquer
    desejo de fazer outra coisa
  • 78:12 - 78:16
    Temos de o fazer, não há escolha.
    Quer as pessoas detestem, quer gostem
  • 78:16 - 78:20
    não faz qualquer diferença. Fazes porque tens
    que fazer, porque faz sentido na tua realidade
  • 78:21 - 78:24
    faz sentido no teu dia-a-dia,
    faz sentido no mundo que te rodeia.
  • 78:24 - 78:32
    Eu sei que o que fazemos é completamente
    diferente daquilo que as massas procuram,
  • 78:32 - 78:37
    mas não acho que seja
    por não querer apelar às massas.
  • 78:38 - 78:48
    O melhor seria conseguir cativar as massas,
    mas isso exige uma maior imaginação
  • 78:48 - 78:50
    algo com mais profundidade.
  • 78:50 - 78:55
    Todos os períodos têm os seus visionários
    e eu acho que algumas das bandas
  • 78:56 - 79:01
    de que temos falado têm esse sentido de
    quererem estar fora.
  • 79:02 - 79:08
    - Vocês tiveram muito sucesso num curto
    período de tempo, tocaram em arenas e assim.
  • 79:08 - 79:10
    Estarias interessado nesse estilo de vida?
  • 79:12 - 79:17
    Claro que estaria, mas ainda não aconteceu
    e não acho que vá acontecer.
  • 79:17 - 79:22
    Não significa que vá desistir.
  • 79:24 - 79:30
    Gosto de pensar que estou, musicalmente,
    um passo à frente no jogo,
  • 79:31 - 79:40
    só por me manter fiel e fazer aquilo que gosto.
    E fazê-lo com mestria, sem vergonha
  • 79:40 - 79:42
    e sem arrependimentos do que faço.
Title:
Such Hawks Such Hounds (Full Documentary)
Description:

Such Hawks Such Hounds explores the music and musicians of the American hard rock underground circa 1970-2007, focusing on the psychedelic and '70s proto-metal-derived styles that have in recent years formed a rich body of unclassifiable sounds.

his is a great documentary film by John Srebalus about heavy music of USA. Music , interviews, live and some of the heavy metal, stoner, doom and drone legends from 1970 till now. More than one hour of great music, historic point of views, attitude and great people.

Chat with : Mario Lalli, Eddie Glass, Tom Davies, Greg Anderson, Stephen McCarthy , Geof O'Keefe, Al Cisneros, Chris Hakius, Lori S., Joey Osbourne, Mark Arm, Isaiah Mitchell, Scott Wino Weinrich, Mario Rubalcaba, Mike Eginton, Joe Preston, Scott Reeder, Tony Tornay, Larry Lalli, Brant Bjork, Matt Pike, Ethan Miller, Noel Von Harmonson, Ian Christe, Joe Carducci, Tony Presedo, Laurel Stearns, Chris Kosnik, Bob Pantella, Finn Ryan, Michael Gibbons, Jenny McGee, Billy Anderson, Arik Roper, Randy Huth, Josh Martin, Jason Simon, Steve Kille, Nicky Emmert, Stephen O'Malley, John Gibbons, Isobel Sollenberger

No copyrights infrigment Intended. The copyrights belong to their respectful Owners. Go buy the dvd and support the scene,If owners wants this video to be deleted it will.

Buy the DVD.Support the scene.

http://www.suchhawkssuchhounds.com/
http://www.facebook.com/pages/Such-Hawks-Such-Hounds-Scenes-From-the-American-Hard-Rock-Underground/107952221237
http://www.imdb.com/title/tt1377796/

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Video Language:
English
Duration:
01:24:17
  • Thank you very much for the portuguese translation! You are great!!

Portuguese subtitles

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