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Nan Goldin [part 1]

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    Quando eu tinha 15 anos fui para uma escola
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    que era situada em Summerhill na Inglaterra
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    que é uma escola livre, onde não há aulas
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    a maioria dos estudantes tinha sido expulsa de escolas comuns
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    nós corríamos pelados e fazíamos sexo
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    e aprendiamos habilidades sociais
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    e eu imediatamente fiquei obsecada por tirar fotos
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    então eu me tornei a fotógrafa da escola
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    meu primeiro personagem foi David Armstrong
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    que ainda é meu melhor amigo uns 30 anos depois
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    David tinha começado a fazer Drag [Queen]
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    ele se vestia de mulher. Ele se parecia uma mulher, de qualquer forma
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    e através dele eu conheci toda uma comunidade de Drag Queens
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    Então cerca de 8 meses depois de sair da escola eu comecei a viver com essas Drag Queens
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    Isso foi no início dos anos 70 em Boston
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    Nesse período as Drag Queens não podiam trabalhar, não podiam sair durante o dia
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    Então vivíamos uma existencia noturna
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    E íamos para o mesmo bar "The Other Side" [O Outro Lado] todas as noites
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    e eu era a fotógrafa do bar
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    O bar era gerenciado pela máfia, mas eles gostavam de mim e me deixavam fotografar o tempo todo
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    e eu levava as fotos para a farmácia
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    eu não tinha uma câmara escura
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    então elas voltavam como pequenas fotos instantaneas
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    E aí as Queens fazíam pilhas para ver quem tinha mais fotos delas
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    e meu trabalho era todo sobre tributo
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    porque eu achava que eram as pessoas mais bonitas que eu tinha visto na minha vida
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    Eu sabia desde nova que o que eu via na televisão não tinha nada a ver com a vida real
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    então eu queria fazer um registro da vida real
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    e essa necessidade psicológica incluía ter a câmera comigo o tempo todo
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    e registrar cada aspecto da minha vida
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    e da vida dos meus amigos
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    então a câmera funcionava parcialmente como minha memória
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    kirky foi uma de minhas melhores amigas em toda minha vida
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    nós éramos uma família e não havia distinção entre gay e hétero
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    Kirky e eu éramos ambas bissexuais
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    e realmente vivíamos isso. não só na teoria mas, na realidade
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    Ela era A Diva, uma espécie de superestar em torno de quem toda nossa família girava
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    Era na casa dela que tinhamos a ação de graças
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    onde ela servia ópio e peru
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    íamos para boites toda noite
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    todo mundo usava heroína, mas era uma droga de festa
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    não era um vício naquela época
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    Sharon viveu com Cookie por muitos anos
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    nós éramos companheiras constantes
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    e quando cookie começou a dormir com homens Sharon entrou em crise
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    e eu confortava as duas
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    e então ela foi para a Itália e conheceu Vittorio Scarpati, um artista italiano
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    e alguns anos depois ele veio para Nova Iorque e eles se casaram
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    e ambos eram HIV positivo
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    mas em 1989 Vittorio morreu em setembro
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    e depois que Vittorio morreu Cookie perdeu a voz e não podia mais falar
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    e isso é no dia em que Victorio morreu
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    teve uma visitação ao seu caixão por todos nós durante todo o dia
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    e essa é Cookie. Nessa época ela já não podia falar nem andar sem sua bengala
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    e depois disso ela meio que desistiu
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    em meados da década de 80 muitos de nós ficamos viciados em drogas
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    principalmente em heroína e cocaína
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    então a linha entre uso e abuso foi atravessada
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    eu cheguei no ponto, com o meu vício, de não conseguir sair de casa por seis meses
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    eu estava consumindo uma quantidade enorme de cocaína
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    de 5 a 10 sacos por dia
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    e parte do tempo naquele período era ser uma viciada em cocaína
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    em 1988 eu estava em uma clínica de reabilitação
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    por 2 meses e depois 3 meses eu fiquei em uma casa de recuperação
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    e eu comecei a me fotografar e meu próprio rosto
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    para descobrir como estava minha aparencia sem drogas
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    e para caber novamente na minha própria pele
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    então essa foi tirada no hospital
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    o crucifixo não era parte do hospital
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    era só um iten que eu colecionava
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    eu sou judaica, mas eu colecionava muitas coisas, algumas delas são arte católica
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    então era como meu sinal de boa sorte
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    O nome do hotel está na fronha, então você pode perceber se olhar com atenção que eu estou num hospital
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    e era um período de muito medo e um certa crise de identidade
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    nada era familiar
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    então eu tinha vivido 15 anos na escuridão
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    eu nunca havia saido durante o dia
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    e então de repente eu estava vivendo nessa luz
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    e eu não sabia naquela época que a luz afetava o filme colorido
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    eu sinceramente não sabia isso
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    então o trabalho se tornou todo sobre luz
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    ambos metafórica e literalmente, sobre ir da escuridão para a luz
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    e então um ano e meio depois eu estava forte o suficiente para me mudar novamente para Nova Iorque
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    E eu estava vivendo com uma jovem que havia sido minha amante chamada Shavon
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    e eu fotografava ela todos os dias e isso se tornou quase uma forma de fazer amor
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    era como uma carícia
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    ela ficava magoada se eu não a fotografasse
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    e isso foi parte de conhecer o quanto eu podia me aproximar de alguém sem as drogas
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    e isso foi no verão de 1990 fomos para Province Town
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    Province Town é um resort gay na ponta de Cape Cod em Massachussetts
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    nada foi montado. Ela estava sentada dessa forma e então ela tirou a roupa
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    isso era com o que ela estava me olhando naquele tempo
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    essa era a intimidade entre nós, esse era o sentimento que estava entre nós
Title:
Nan Goldin [part 1]
Description:

Nan Goldin talks about her work.
From Contacts Vol. 2, Portraits of Contemporary Photographers. Initiated by William Klein, 2000.

http://pl.youtube.com/watch?v=L9VWSCuKM1Y part 2.

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Video Language:
English
Duration:
07:18
Tauana Macedo edited Portuguese, Brazilian subtitles for Nan Goldin [part 1]
Tauana Macedo added a translation

Portuguese, Brazilian subtitles

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