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Charles Eisenstein - A Ascensão da Humanidade (parte 1 de 5)

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    Gosto de dizer que o dinheiro é uma história.
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    E uma história no sentido específico que
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    é um sistema de interpretação,
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    é um sistema de significados que
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    determina funções para as pessoas,
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    e concentra a atenção humana
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    e coordena a atividade humana.
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    Então, por exemplo, vamos dizer que você
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    é muito rico e queira construir um grande edifício.
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    Como você faz com que todas essas pessoas...
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    primeiro, você tem que dizer, contar a história
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    que um grande edifício será construído aqui.
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    E como você faz com que as pessoas
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    entreguem o cimento num determinado momento?
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    Sabe? Como fazer com que todos os arquitetos,
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    e todos os engenheiros, e todos os operários,
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    concordem para devotar suas energias de vida
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    para esse projeto?
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    Você usa dinheiro pra fazer isso.
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    E outros símbolos também.
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    Horários, e coisas assim.
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    Mas o dinheiro é o que consegue a atenção de todos
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    para se focar nesse projeto.
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    Então, sim, o dinheiro é uma história.
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    E também é um acordo:
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    usar algo como meio de troca.
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    Há níveis sobre níveis nisso.
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    E o nível que eu venho falando mais, é que
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    vivemos numa sociedade monetarizada onde
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    mesmo considerando uma geração atrás,
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    haviam várias funções para as quais não usávamos dinheiro.
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    Por exemplo, cuidar das crianças.
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    Os vizinhos olhavam os filhos uns dos outros.
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    O preparo de refeições...
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    a maior parte dos alimentos era preparada
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    e comida em casa.
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    E essas coisas foram convertidas em "serviços".
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    E nós convertemos; e se voltarmos 100 anos
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    as pessoas não pagavam por entretenimento.
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    Elas cantavam músicas elas mesmas.
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    Hoje elas não cantam mais tanto assim.
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    As pessoas não pagavam por aventuras.
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    Hoje, as crianças têm esse tipo de "aventuras falsas".
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    Quando brincam de jogos de Pokemon
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    e jogos de aventura online.
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    As crianças tinham aventuras reais,
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    que não eram algo que você tinha que comprar.
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    Então nós convertemos todos esses relacionamentos
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    e funções humanas em serviços,
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    e convertemos cada vez mais a natureza em bens.
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    E eu acho que a crise hoje parece vir do fato que
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    parece que não sobrou nada pra converter
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    na dimensão de bens e serviços.
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    Toda vez que algo é convertido em bens e serviços
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    o PIB cresce, a economia cresce.
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    O que é necessário no sistema financeiro que temos hoje,
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    baseado em juros.
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    Sabe, dinheiro sendo gerado e submetido a juros
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    e mais dinheiro é necessário para pagar de volta.
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    Por isso a quantidade de dinheiro não pára de crescer.
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    E a quantidade de bens e serviços
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    que são trocados por dinheiro
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    também ficam sob pressão de crescer.
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    E... por quanto tempo isso pode durar?
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    Quantos peixes mais podemos converter em pescaria?
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    E quantas mais florestas podem ser convertidas
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    em metros cúbicos?
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    E quantos relacionamentos mais podemos converter
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    em serviços?
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    Não há quase mais nada sobrando,
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    pagamos por quase tudo.
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    E penso que, num nível realmente profundo,
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    essa crise é sobre isso.
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    E é por isso que a solução
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    com a qual todos sabemos concordar, sabe,
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    "bem, vamos fazer a economia crescer mais um pouco"...
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    não pode mais funcionar.
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    E essa é uma crise que vai além do excesso de dívida
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    e outras coisas que as pessoas estão falando.
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    Algumas pessoas estão falando da necessidade
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    de crescimento zero,
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    ou uma economia de crescimento negativo.
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    mas isso acaba soando como veneno político, sabe?
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    Mas, na verdade, vamos dizer que você e eu temos filhos,
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    e mandamos eles para uma creche.
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    E então, eu digo
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    "Ei, vamos ter uma cooperativa de cuidados de crianças!"
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    Conseguimos alguns amigos
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    e tomamos contas das crianças uns dos outros.
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    E não vamos mais pagar por isso.
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    E então começamos a cozinhar comida uns pros outros,
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    e não comemos mais em restaurantes.
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    E começamos a dar carona uns pros outros
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    e aí não pagamos por táxis.
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    O PIB iria pra baixo.
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    A economia iria pra baixo.
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    E, de acordo com a lógica dos economistas,
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    estaríamos muito pior.
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    Mas acho que muitas pessoas, hoje,
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    estão usando muito menos recursos naturais,
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    usando, sendo, hã... conservando!
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    Novamente: quando você consome menos óleo,
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    e compra menos óleo..
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    e o conserva, o PIB vai pra baixo.
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    Então muitas pessoas estão percebendo...
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    Elas estão começando a questionar o crescimento econômico.
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    Mas essa é parte de uma história muito mais profunda,
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    que eu chamo de "História da Ascenção".
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    Que a humanidade, lá atrás, de quando estávamos
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    vivendo à mercê da natureza,
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    e graças à tecnologia e à ciência,
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    nós nos tornamos capazes de controlar as forças naturais.
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    E a dominar o mundo natural.
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    E fazer a natureza "nossa".
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    A domesticar o selvagem.
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    E o passo final nessa ascenção será
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    talvez com nanotecnologia, engenharia genética,
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    será o controle completo da natureza,
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    e transcender os limites da natureza.
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    E viver pra sempre e curar todas as doenças.
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    Mas, sabe, todas esses sonhos tecno-utópicos...
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    e parte desse sonho é que nós vamos crescer pra sempre,
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    que a dimensão humana vai crescer pra sempre.
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    Então, o sistema financeiro que temos hoje
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    que na verdade obriga um crescimento exponencial infinito,
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    é parte dessa história maior.
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    E essa história maior está chegando a um fim também.
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    Assim como nossos esforços
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    para controlar e dominar a natureza
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    não estão mais pagando os dividendos que pagavam antes.
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    Sabe, no meio do século XX, estávamos dizendo
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    que iríamos eliminar todas as doenças.
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    Cientistas estavam testemunhando no Congresso, sabe?
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    "Até o ano 2000, não haverá mais doenças"
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    "e não haverão mais insetos."
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    "Nós teremos conquistados os insetos"
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    "com químicos milagrosos como o DDT,"
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    "e não haverão mais insetos."
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    Então, esse tipo de pensamento
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    era totalmente normal.
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    Todos sabiam em 1950 que
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    teríamos colônias espaciais
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    e teríamos longevidade ilimitada no ano 2000.
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    E hoje, isso, o futuro, ainda não chegou.
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    E nunca vai chegar.
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    E não só isso, mas não temos certeza se deveria chegar...
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    ou se nós queremos que ele chegue.
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    Então todas essas camadas de histórias sobre histórias
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    estão chegando ao fim.
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    Incluindo a história do dinheiro
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    como parte da história da ascensão,
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    e parte de uma outra história do Eu, do Eu separado,
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    competindo contra outros Eus separados
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    num universo objetivo.
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    Essa é outra história que está chegando ao fim.
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    E novas histórias estão surgindo para substitui-las.
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    E por isso estou entusiasmado
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    a respeito das moedas alternativas, ou complementares
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    que estão aparecendo por aí.
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    Porque pra mim isso é parte de uma
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    nova história do dinheiro.
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    E, mais abrangentemente, uma nova história das pessoas,
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    uma nova história do Eu.
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    Uma nova história do mundo.
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    Eu conto a história de um mundo mais bonito
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    em todas as suas dimensões.
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    E parte dessa história, eu digo, de maneira suscinta,
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    é a história do ser conectado,
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    vivendo em parceria co-criativa com a Amada Terra.
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    E não mais "Mãe Terra".
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    E isso requer uma explicação, quer que eu faça isso?
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    Sim, ok, então...
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    nós tivemos esse período de crescimento
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    como espécie humana
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    do qual o sistema de dinheiro que conhecemos faz parte.
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    E então crescemos e crescemos e crescemos.
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    E tomamos e tomamos e tomamos,
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    do planeta,
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    da mesma maneira que uma criança recebe dos pais.
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    E agora, eu sou um pai.
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    E eu jamais quero que meus filhos se preocupem
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    se estão recebendo demais.
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    Esse não é o trabalho deles.
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    A função deles é receber.
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    E eles não têm que pensar:
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    "Será que estou comendo demais?"
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    "Será que papai está tendo dificuldades em me dar toda essa comida?"
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    Não quero que pensem isso.
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    Quero que comam de acordo com suas necessidades.
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    E essa tem sido nossa relação com a Mãe Terra.
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    Nós temos este sentimento de "ter direito",
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    que todo mundo anda desprezando agora,
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    mas talvez tenha sido correto e apropriado
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    durante a infância da humanidade.
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    Então o que acho que está acontecendo agora
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    é que a humanidade está entrando na idade adulta.
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    E as crises que estão convergindo em nossa época...
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    não só a crise financeira ou econômica,
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    mas a da energia, da saúde, a ecológica, solo, água etc
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    Essas são a provação da mudança de idade
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    que temos que atravessar
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    para entrar no estado de vida adulta.
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    E quando você entra, você entra nesse estágio
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    onde o crescimento físico pára.
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    Seu relacionamento com o outro,
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    seus relacionamentos de amor...
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    eles mudam.
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    Você ainda ama seus pais, mas algo novo acontece:
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    você se apaixona.
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    E o relacionamento entre os amantes é diferente.
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    É diferente de um relacionamento com os pais.
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    Você não deseja apenas receber e receber e receber.
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    Você também deseja dar.
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    E eu acho que isso é o que falo quando digo "Amada Terra".
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    Bom, isso só vai até certo ponto...
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    digo, de uma maneira, sempre será a Mãe Terra.
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    Mas há esse novo conceito de "Amada Terra"
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    no qual nós desejamos dar de volta para a Terra também.
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    E a segunda parte é que desejamos
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    entrar numa parceria co-criativa
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    porque é outra coisa que acontece com eles.
Title:
Charles Eisenstein - A Ascensão da Humanidade (parte 1 de 5)
Description:

pra ler "A Ascensão da Humanidade" (The Ascent of Humanity), em inglês, aqui: http://www.ascentofhumanity.com/text.php

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English
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