Ben McLeish - Prison, Punishment and Profit | Z-Day 2012 [ The Zeitgeist Movement ]
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0:00 - 0:03Antes, passei o último ano pesquisando
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0:03 - 0:06sistemas e entidades prisionais em geral,
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0:06 - 0:08e pensei em mostrar-lhes o que descobri.
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0:09 - 0:11Ao final, gostaria de celebrar que posso deixar
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0:12 - 0:15esse sistema horrível e perigoso para trás;
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0:15 - 0:18e iremos todos beber e celebrar o fato de que nós
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0:18 - 0:22podemos deixá-lo para trás, ao contrário da maioria.
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0:22 - 0:25Fyodor Dostoyevsky disse que se pode mensurar
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0:25 - 0:28o grau de civilização da sociedade visitando suas prisões.
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0:28 - 0:31Pode ser verdade, mas acho que em todos os sentidos
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0:31 - 0:35vemos as prisões separadas, paralelas à sociedade,
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0:35 - 0:39não um produto dessa sociedade, porém algo externo.
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0:39 - 0:44Isso é um produto do moderno paradigma prisional:
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0:44 - 0:47uma delineação de muros, barricadas,
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0:47 - 0:50acesso restrito à sua circunscrição,
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0:50 - 0:54seus opacos métodos de administração.
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0:54 - 0:58A anatomia de um sistema prisional nasce
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0:58 - 1:01ou é definida por sua separação de seu meio;
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1:01 - 1:03ele é separado do mundo exterior.
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1:04 - 1:06Ao mesmo tempo, essas instituições que desejamos entender,
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1:06 - 1:11e o sistema como um todo, abrigam o que o público vê
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1:11 - 1:15como um ramo alternativo da humanidade que transgrediu
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1:16 - 1:20o que a sociedade definiu como atividade legal.
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1:20 - 1:23Essa percepção nos ajuda a separar o sistema prisional,
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1:23 - 1:28e todo o conceito prisional, de nossa vida diária.
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1:28 - 1:31Algumas consequências problemáticas surgem disso.
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1:32 - 1:35Primeiro, é muito difícil criticar o sistema prisional.
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1:35 - 1:39Vemos menos as causas e consequências das questões sociais
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1:39 - 1:41e o efeito da pressão social nas pessoas
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1:41 - 1:44que acabam tornando-se internas no sistema prisional
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1:44 - 1:49se não virmos o sistema como produto de um tipo de sociedade.
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1:49 - 1:51Não são coisas independentes,
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1:51 - 1:54mas acabamos nos habituando com essa impressão.
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1:54 - 1:58Quero dizer que toda tentativa de crítica social
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1:58 - 2:02do método prisional precisa vir do entendimento
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2:02 - 2:05do precedente histórico que criou a prisão.
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2:06 - 2:10Isso é raramente feito academicamente e nunca, na grande mídia.
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2:10 - 2:14Essa noção de separação permite que os métodos do sistema prisional
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2:14 - 2:18sejam incorporados à sociedade, enquanto passa a impressão
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2:18 - 2:20de que os mesmos não são usados.
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2:20 - 2:22A sempre crescente e poderosa vigilância
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2:22 - 2:25já é uma parte bem incorporada à vida,
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2:25 - 2:29mas passa despercebida, já que estamos 'fora da prisão',
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2:29 - 2:32portanto devemos ser livres.
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2:32 - 2:37Comparações entre o sistema escolar e o prisional são vistas com cinismo,
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2:37 - 2:41e geralmente vêm de brincadeiras de estudantes que sentem vagamente
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2:41 - 2:45que o sistema escolar aproxima-se mais da organização coerciva
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2:46 - 2:49de uma prisão do que gostaríamos de admitir.
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2:49 - 2:53Mas há o reforço: você não está na prisão, está do lado de fora;
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2:53 - 2:56e ainda que você esteja em outra instituição social,
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2:56 - 2:58a lógica e os métodos do sistema prisional
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2:58 - 3:01em sua vida são feitos para não transparecer.
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3:01 - 3:04Você deve ser grato por não estar preso.
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3:04 - 3:09Esse é um reforço poderoso contra a visão crítica da prisão.
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3:09 - 3:13O terceiro e último efeito de separar prisão e sociedade
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3:13 - 3:16diz respeito ao movimento de reforma prisional.
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3:16 - 3:18Por estranho que pareça,
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3:18 - 3:21o debate sobre os vários fracassos ou sucessos prisionais
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3:21 - 3:26é automaticamente enquadrado como argumento para reforçar suas habilidades.
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3:26 - 3:30A demanda por reforma, melhorias, inspeções, responsabilidade
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3:30 - 3:35vem dos mesmos valores que originaram a prisão.
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3:35 - 3:38Assim, passamos a tratar os problemas prisionais
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3:38 - 3:42com base no pressuposto de criar mais prisões,
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3:42 - 3:46de modo que a vigilância, administração estruturada
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3:46 - 3:50e demandas por melhoria e rastreamento, que vemos nas prisões,
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3:51 - 3:54são reafirmadas na própria prisão, reforçando-a ainda mais.
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3:55 - 3:59Vamos dar à prisão o contexto necessário para entendê-la.
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3:59 - 4:01O que veio antes da prática da prisão?
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4:01 - 4:06O que acontecia a transgressores da lei nos dias pré-cárcere?
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4:06 - 4:09O que pressionou o desenvolvimento da prisão,
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4:09 - 4:12e como isso se segue nos dias atuais?
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4:12 - 4:14O que realmente significa, em termos sociais,
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4:14 - 4:18viver em uma sociedade que usa um sistema prisional?
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4:18 - 4:21No livro "Disciplina e Punição - O Nascimento da Prisão",
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4:21 - 4:25Michel Foucault lembra uma execução pública em 1757
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4:26 - 4:28de um regicida chamado Robert-François Damiens.
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4:28 - 4:30Em 1º de Março de 1757,
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4:30 - 4:34Damiens, o regicida, foi condenado à "Multa Honorável",
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4:34 - 4:37perante a entrada de uma igreja em Paris, ele foi
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4:37 - 4:40conduzido em uma carroça vestindo apenas uma camisa,
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4:40 - 4:43segurando uma tocha de cera quente de 1 kg.
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4:43 - 4:46Então, na dita carroça, até a praça de Grève,
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4:46 - 4:49onde um andaime foi erguido, a carne será cortada
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4:49 - 4:54de seu peito, braços e coxas, e clivada com pinças quentes,
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4:54 - 4:58a mão direita segurando a faca com que cometeu o dito parricídio,
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4:59 - 5:02queimada com enxofre; e nos locais onde a carne se cortar,
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5:02 - 5:05chumbo fundido, óleo fervente,
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5:05 - 5:08resina quente, cera e enxofre derretidos juntos,
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5:08 - 5:11e seu corpo arrastado e esquartejado por quatro cavalos,
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5:11 - 5:14seus membros e corpo consumidos em fogo, reduzidos a cinzas
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5:14 - 5:17e as cinzas atiradas ao vento.
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5:18 - 5:21São registrados em detalhes os momentos finais dessa agonia.
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5:22 - 5:24Então o executor, com suas mangas arriadas, pegou as pinças de aço
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5:25 - 5:27feitas especialmente para a ocasião
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5:27 - 5:30com meio metro de comprimento,
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5:30 - 5:33puxou primeiro a panturrilha da perna direita,
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5:33 - 5:37então da coxa, e depois, as duas carnes do braço direito,
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5:37 - 5:40então, o peito.
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5:40 - 5:43Embora forte e robusto, o executor achou tão difícil
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5:43 - 5:46cortar as partes, que cortava o mesmo local
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5:46 - 5:49duas ou três vezes, balançando as pinças enquanto fazia;
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5:49 - 5:53e cada parte que ele arrancava formava uma ferida do tamanho
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5:53 - 5:56de uma coroa de 3 kg.
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5:57 - 5:59Histórias como a de Damiens são extremamente comuns
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5:59 - 6:03naquela época e nas centenas ou milhares de anos antes.
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6:04 - 6:06De fato, na era pré-moderna achamos muitas histórias
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6:07 - 6:09de personagens traiçoeiros decapitados,
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6:09 - 6:12suas cabeças colocadas na entrada da Ponte de Londres.
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6:12 - 6:16As desventuras de Henrique VIII com suas esposas,
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6:16 - 6:18os métodos pelos quais Guy Fawkes foi torturado
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6:18 - 6:22e depois enforcado: feitos comuns em nossa história.
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6:22 - 6:25Acho que é com aparente grande alívio
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6:25 - 6:28que boa parte do mundo abandonou torturas e execuções públicas.
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6:29 - 6:33À primeira vista, foi uma mudança humanista,
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6:33 - 6:36com intuito de não se ver derramamento de sangue
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6:36 - 6:39realizado pelo Estado sobre seu próprio povo
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6:39 - 6:43nessas sociedades que abandonaram tanto a pena de morte
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6:43 - 6:46quanto tortura ou execução pública.
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6:46 - 6:50Porém, antes de esquecermos a violência encenada do estado,
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6:50 - 6:54os seguintes pontos nos ajudarão a entender essa transição.
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6:54 - 6:57Execuções públicas são simplesmente... públicas.
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6:57 - 7:00Um espetáculo que consiste em um criminoso,
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7:00 - 7:03ou um grupo, normalmente em um palco para melhor visualização,
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7:04 - 7:06cercado por olhares dos espectadores.
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7:06 - 7:10De fato, há histórias de multidões de espectadores
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7:10 - 7:14revoltadas com execuções feitas em privado
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7:14 - 7:17ou com visão limitada ou obstruída.
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7:17 - 7:22Tal era a expectativa do público por um evento visível.
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7:23 - 7:26Os eventos também eram explicitamente encomendados
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7:26 - 7:28e realizados por agentes do estado.
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7:28 - 7:32O carrasco não é um agressor, mas um showman
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7:32 - 7:35e um funcionário do estado.
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7:35 - 7:39Como a traição, em particular, os crimes cometidos
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7:39 - 7:42são vistos como contra o monarca ou chefe de estado.
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7:42 - 7:46A retribuição da violência é como a expiação do crime,
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7:46 - 7:50muitas vezes simbólica, como Damiens segurando a faca
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7:50 - 7:53com que tentou assassinar o rei.
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7:53 - 7:57É também a reafirmação de poder do chefe de estado,
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7:57 - 8:00o qual foi prejudicado pela transgressão da lei monárquica
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8:00 - 8:03que define o poder
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8:03 - 8:06ao qual os servos estão sujeitos.
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8:06 - 8:09O poder do soberano age fisicamente sobre os súditos
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8:09 - 8:12e o olhar dos espectadores torna o evento teatral,
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8:12 - 8:14notável e central, e se pode dizer
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8:14 - 8:18que também gera forte reforço negativo nas testemunhas.
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8:18 - 8:22É isso que acontece se você desobedece as leis da terra.
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8:22 - 8:24Passar desse tipo de punição
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8:24 - 8:28para uma organização correcional e de vigilância
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8:28 - 8:31é muitas vezes considerado um ato de esclarecimento
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8:31 - 8:35ou de valores humanos em relação ao comportamento humano
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8:35 - 8:37ou à natureza do que chamamos "mal".
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8:37 - 8:39É visto predominantemente como redução
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8:39 - 8:43da maldade dos mecanismos punitivos da ordem social,
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8:43 - 8:49uma forma mais humana de interação entre sociedade e criminoso.
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8:49 - 8:52De fato, passar de tortura para punição, depois prisão
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8:52 - 8:57como principal função corretiva ocorreu na Europa em 80 anos,
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8:57 - 9:01uma mudança rápida e quase repentina na ação punitiva.
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9:01 - 9:05Demonstra que grandes mudanças na organização social acontecem,
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9:05 - 9:08mas nesse caso a mudança não foi predominantemente guiada
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9:09 - 9:12por esses valores, mas por algo mais.
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9:12 - 9:17A mudança de método no tratamento da transgressão veio com
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9:17 - 9:19o desenvolvimento de uma economia mais centrada
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9:19 - 9:22nas idéias de domínio privado e direito de propriedade.
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9:22 - 9:25Uma reorganização do poder deslocou seu ponto de aplicação,
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9:25 - 9:29do corpo que era fisicamente amarrado, em uma economia agrícola
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9:29 - 9:32e baseada em trabalho, para o que costumam chamar "a alma"
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9:33 - 9:36ou âmago da delinquência dessa sociedade.
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9:36 - 9:40Roubo e outros crimes contra a propriedade são físicos,
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9:40 - 9:43mas se crimes mais ideológicos surgem, como um aumento
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9:43 - 9:46nas fraudes quando uma economia de mercado
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9:47 - 9:50e um paradigma monetário se formam, o poder torna-se mais efetivo
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9:50 - 9:53se redirecionado ao lado comportamental do ser humano,
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9:53 - 9:56em vez do físico.
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9:56 - 9:58Em consequência, vemos o seguinte:
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9:58 - 10:00As forcas são amplamente substituídas por algemas,
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10:01 - 10:04e o espetáculo público que era notória violência punitiva
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10:04 - 10:06e execução estatal agora é substituído por
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10:06 - 10:10um espetáculo inverso que é digno de nota.
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10:10 - 10:13Se antes o criminoso era contemplado pela multidão,
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10:13 - 10:16aos poucos a correção institucional
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10:16 - 10:20converteu o modelo na organização prisional atual:
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10:20 - 10:25muitos presos, confinados, separados, com vários indivíduos,
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10:25 - 10:29em vez de uma multidão ao redor de uma torre central que tudo vê
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10:30 - 10:32e permite constante supervisão dos internos,
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10:32 - 10:36mas cujos olhos vigilantes não são identificáveis.
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10:36 - 10:39Não vistos, invisíveis. Como Foucault colocou:
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10:39 - 10:42"Visibilidade é uma armadilha."
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10:42 - 10:45Assim surgiu o "Panóptico"
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10:45 - 10:48criado por Jeremy Bentham (aí está ele),
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10:48 - 10:53uma estrutura de exclusão com criminosos sempre à vista;
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10:53 - 10:56embora o Panóptico seja famoso por sua torre central
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10:56 - 11:00e frequente natureza circular dos edifícios,
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11:00 - 11:03com o tempo a vigilância tornou-se digital,
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11:03 - 11:07e agora o onipresente centro é apoiado por CCTV
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11:07 - 11:11e coisas semelhantes, em vez de visão direta.
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11:11 - 11:14Ainda que as prisões de hoje pareçam diferentes desse modelo,
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11:14 - 11:18vemos que a vigilância é o que mais se reforçou
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11:18 - 11:21em nossas medidas punitivas; também podemos ver
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11:21 - 11:24que essas medidas são totalmente nascidas da torre central,
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11:24 - 11:27transformada em uma sala de controle hi-tech.
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11:28 - 11:30A multidão não está mais assistindo o criminoso.
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11:30 - 11:35Uma multidão de criminosos é vigiada, isolados em celas
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11:35 - 11:39e no complexo da prisão;
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11:39 - 11:43ainda assim uniformizados por, literalmente, uniformes,
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11:43 - 11:45regras e condições.
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11:45 - 11:49Podem estar totalmente isolados em solitária,
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11:49 - 11:53e ainda ter cada movimento e comportamento supervisionados.
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11:53 - 11:57De fato, o termo "super-visão" vem de "sobre-ver";
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11:57 - 12:00esses dois significados de controlar um evento
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12:00 - 12:04e ter completa visão dele são preservados no termo moderno.
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12:05 - 12:08Tal sistema sempre é defendido (especialmente por políticos)
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12:08 - 12:12como algo que reduz o crime e torna a sociedade mais segura.
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12:12 - 12:16Na verdade, o efeito psicológico de trancafiar delinquentes
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12:16 - 12:20é uma sensação de proteção contra eles,
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12:20 - 12:23e essa sensação de precisar de proteção é um recurso
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12:24 - 12:27para a manutenção de tal sistema punitivo.
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12:27 - 12:31O cárcere também é caracterizado de duas formas
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12:31 - 12:35que mantêm sua aceitação pela sociedade.
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12:35 - 12:37Uma é o reforço negativo:
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12:37 - 12:40Acredita-se que a experiência das pessoas na prisão,
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12:40 - 12:42de privação da liberdade, corrigirá seu comportamento
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12:43 - 12:46de modo que, quando soltas, se integrarão à sociedade,
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12:46 - 12:48ou, uns dizem, "alguns são tão ruins
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12:48 - 12:51que se deve trancafiá-los e jogar a chave fora!"
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12:51 - 12:54Essa visão encara o sistema prisional
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12:54 - 12:57como uma contenção permanente para perigosos permanentes.
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12:58 - 13:01Mantém-se na retórica pró-prisão
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13:01 - 13:04de que prisões devem pacificar os criminosos,
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13:04 - 13:08normalizá-los para que muitos possam ser soltos.
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13:08 - 13:10Isso, claro, pressupõe
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13:10 - 13:13que sejam não-violentos o suficiente para ser confiáveis em liberdade.
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13:13 - 13:17Um requisito para coexistir com a população em geral
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13:17 - 13:20é conter o comportamento violento perante os outros;
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13:20 - 13:25tal tendência devia ser implicitamente gerada por um sistema
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13:25 - 13:29feito para ser o regulador de seres humanos para a coexistência.
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13:29 - 13:32Mas quero mostrar a vocês o seguinte:
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13:32 - 13:36O sistema prisional, sua estrutura, sua ideologia de punição
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13:36 - 13:41por reforço negativo, seus mecanismos legais
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13:41 - 13:44e suas hierarquias criminais, administrativas e interpessoais
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13:44 - 13:46são implicitamente o que instiga, promove,
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13:46 - 13:49exige, possibilita e emprega a violência.
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13:49 - 13:52Não é mais a prioridade da prisão,
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13:52 - 13:54nem nunca foi a maior prioridade
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13:54 - 13:57ajustar seres humanos de forma correta e sustentável
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13:57 - 14:01a uma sociedade de forma cooperativa; mesmo que fosse,
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14:01 - 14:03o maior efeito real da prisão é em grande parte
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14:03 - 14:06a piora da integridade social humana.
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14:06 - 14:09Vou dividir isso nos seguintes subtópicos:
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14:09 - 14:121) Efeitos meta-sociais da prisão
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14:13 - 14:16Esses são os efeitos negativos da prisão sobre seus habitantes
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14:16 - 14:19incluindo os guardas, sejam criminosos ou não
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14:20 - 14:22(esse é um ponto chave que explicarei logo).
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14:22 - 14:252) Métodos de controle e decisão
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14:25 - 14:28Os métodos pelos quais decisões são feitas no corpo correcional;
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14:28 - 14:32esse corpo, incluindo o sistema legal, os tribunais e seus custos associados,
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14:33 - 14:36as organizações de reabilitação que trabalham junto às prisões
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14:36 - 14:38durante a soltura e transição dos prisioneiros para casa,
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14:39 - 14:41e os equipamentos, alimentos,
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14:42 - 14:44edifícios, telefonia e tudo mais.
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14:44 - 14:47Isso soa distante do tópico, mas veremos em breve
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14:47 - 14:51que tudo isso é central ao real significado de correção,
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14:51 - 14:53como a gerenciamos, e em qual direção.
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14:53 - 14:55O que estamos construindo lá?
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14:56 - 14:591) Efeitos meta-sociais da prisão
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14:59 - 15:03James Gilligan, chefe do Depto para Estudo da Violência
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15:03 - 15:07de Harvard, gastou décadas trabalhando em prisões.
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15:07 - 15:11Ele e outros sustentam que prisões são máquinas de violência
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15:11 - 15:13que tornam criminosos não-violentos em violentos
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15:13 - 15:16bem a tempo de sua soltura.
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15:16 - 15:19Vários fatores agem nesse efeito, sendo elemento-chave
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15:19 - 15:24a vergonha e ultraje implícitos em estar sujeito à notória coerção.
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15:25 - 15:28Isso é para alguns prisioneiros o estigma social de ser criminoso:
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15:28 - 15:31Você fica em oposição à estrutura social como indivíduo.
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15:32 - 15:36De fato, a natureza comum estruturada nas prisões
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15:36 - 15:39cria um poderoso ambiente educacional para criminosos:
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15:39 - 15:42uma escola do crime, que cospe indivíduos humilhados,
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15:42 - 15:46espoliados e perigosos em uma sociedade que não os entende
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15:46 - 15:49e nem as instituições das quais eles emergem.
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15:50 - 15:53Igualmente, os presos deixam do lado de fora famílias
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15:53 - 15:56bastante empobrecidas pela perda de um provedor,
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15:56 - 15:59daí vem a queda na coesão social,
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15:59 - 16:03no ponto em que o sistema punitivo encontra a sociedade.
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16:03 - 16:05Reincidência e os efeitos psicossociais
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16:05 - 16:08da vergonha de um familiar preso distorcem uma base já
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16:09 - 16:13problemática e estressada dessa mesma família.
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16:13 - 16:16Claro, nós abominamos violência
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16:16 - 16:19precisamente porque gera mais violência,
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16:19 - 16:23mas confinar muitas pessoas violentas juntas
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16:23 - 16:25produz efeitos violentos.
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16:25 - 16:27Citando Gilligan em "Psychiatric Quarterly"
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16:27 - 16:30descrevendo o sistema prisional de Massachusetts:
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16:30 - 16:33"Pelos anos 70, a prisão de Massachusetts
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16:33 - 16:36havia degenerado em uma virtual zona de guerra.
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16:36 - 16:39Além de distúrbios na área de segurança máxima,
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16:39 - 16:42havia períodos com média de um assassinato por mês
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16:42 - 16:46e um suicídio a cada 6 semanas em uma prisão de 600 homens.
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16:46 - 16:50Na década, foram mais de 100 mortes violentas ao todo
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16:50 - 16:54em uma única prisão, e no sistema prisional como um todo
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16:54 - 16:57havia uma epidemia de tumultos, incêndios, tomada de reféns,
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16:57 - 17:01assassinato seguido de suicídio e outras violências em que internos,
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17:01 - 17:06funcionários e até visitantes eram mortos, violentados ou feridos.
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17:06 - 17:08A investigação do tribunal federal que se seguiu
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17:08 - 17:12concluiu que muito dessa violência veio de doenças mentais
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17:12 - 17:17não tratadas nem diagnosticadas. Muitas foram causadas
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17:18 - 17:21ou ao menos exacerbadas pelas condições da prisão."
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17:21 - 17:25Gilligan, colocado a cargo desse caos,
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17:25 - 17:28instigou mais de 10 anos de tratamento psicológico
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17:28 - 17:30e terapias que promoviam auto-estima
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17:30 - 17:32através de reforço positivo.
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17:33 - 17:35Foi uma mudança de valores na abordagem da reabilitação.
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17:35 - 17:39Ele relatou: "durante os primeiros 5 anos do programa não houve tumultos
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17:39 - 17:42em nenhuma prisão, apesar de 2 casos sérios com reféns,
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17:42 - 17:45que fomos capazes de resolver sem mortes.
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17:45 - 17:47Nenhum funcionário ou visitante foi morto,
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17:48 - 17:50apesar de 7 internos do sistema prisional, ao todo,
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17:50 - 17:52terem morrido por homicídio ou suicídio.
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17:52 - 17:56Nos 5 anos seguintes, não houve tumultos nem reféns,
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17:56 - 17:581 homicídio e 2 suicídios.
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17:59 - 18:03Ou seja, houve anos inteiros sem mortes violentas."
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18:04 - 18:07Infelizmente o projeto de Gilligan foi encerrado
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18:07 - 18:10após 10 anos pelo foco do novo governador
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18:10 - 18:14em devolver aos prisioneiros o prazer de quebrar pedras.
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18:14 - 18:18Vemos o sistema regredindo a suas origens
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18:18 - 18:22de foco em violência estrutural, apesar dos possíveis resultados.
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18:23 - 18:25Mas para essa afirmação ser válida,
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18:26 - 18:29que o sistema prisional gera violência inerente,
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18:29 - 18:33uma pessoa não-violenta teria que tornar-se violenta na prisão;
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18:33 - 18:37mas melhor seria ver se o encorajamento à violência
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18:37 - 18:41também se manifesta em ambiente controlado com não-criminosos.
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18:41 - 18:45Pelo 1º ponto, que pessoas não-violentas podem se tornar violentas,
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18:45 - 18:49a atual população prisional dos EUA é de uns 2 milhões.
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18:49 - 18:52Essa população quadruplicou nos anos 80
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18:52 - 18:56com ajuda da sentença mínima obrigatória da guerra às drogas,
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18:56 - 18:59que prolonga, em média, o prazo das sentenças,
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19:00 - 19:02e pela "restrição à progressão", que mais ou menos elimina
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19:02 - 19:06a possibilidade de recompensar bom comportamento com condicional ou algo similar.
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19:06 - 19:09A "lei das 3 batidas" também garantiu que reincidentes
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19:09 - 19:12em crimes que incluem os relativos a drogas (não violentos)
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19:12 - 19:16vão mais rápido para a prisão, para ficar mais tempo também.
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19:17 - 19:20Metade das prisões nos EUA são por crimes não violentos
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19:20 - 19:22(em torno de 20% relativos a drogas);
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19:23 - 19:25mas como James Gilligan lembra, muitas prisões
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19:25 - 19:28mais estimulam do que previnem a violência e o crime.
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19:28 - 19:30Prisões têm sido chamadas "escolas do crime";
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19:31 - 19:33Eu chamaria "Escolas Superiores do Crime".
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19:33 - 19:36As pessoas têm que se tornar violentas para sobreviver a elas;
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19:36 - 19:39mesmo que não sejam atacadas pelos outros,
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19:39 - 19:42estão sujeitas a condições de degradação, humilhação, intimidação
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19:42 - 19:46e ameaças que podem levar até os mais virtuosos
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19:46 - 19:49a tornar-se mais violentos em resposta.
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19:49 - 19:53E se não fossem criminosos, mas pessoas comuns?
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19:53 - 19:56O problema da violência desaparece?
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19:56 - 19:59A teoria de que prisão provoca violência prevê
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19:59 - 20:03que pessoas comuns sejam afetadas pela instituição.
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20:03 - 20:06Por sorte, isso foi testado e comprovado,
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20:07 - 20:09notavelmente, pelo dr. Philip Zimbardo
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20:10 - 20:13e seu experimento da Prisão Stanford.
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20:13 - 20:16Usando um porão de um prédio da Universidade Stanford,
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20:16 - 20:19ele e uns colegas construíram um bloco de celas rudimentar
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20:19 - 20:22com trancas, e vigilância secreta por áudio para monitorar
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20:22 - 20:26internos em suas reações ao ambiente e a outros internos.
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20:27 - 20:29Pediram voluntários pelo jornal
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20:29 - 20:34para um experimento de 7 a 14 dias por US$ 15 ao dia.
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20:35 - 20:38Os escolhidos foram selecionados por sua estabilidade mental:
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20:38 - 20:42características não-agressivas e não-dominantes.
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20:44 - 20:4524 homens da região ao todo
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20:46 - 20:49foram aleatoriamente designados prisioneiros ou guardas.
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20:49 - 20:51Prisioneiros perderam o nome e receberam um número.
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20:51 - 20:54Receberam toucas e outras coisas para envergonhá-los,
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20:55 - 20:58e foram despojados. Mas não de verdade;
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20:58 - 21:03De fato, o processo era basicamente para causar vergonha.
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21:03 - 21:06Pelas regras, as ordens dos guardas deviam ser obedecidas;
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21:06 - 21:09a agenda devia ser cumprida; as regras eram reforçadas
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21:09 - 21:13e aprendidas sendo recitadas, em ordem ou por partes.
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21:14 - 21:17O resultado foi praticamente um "reino de terror"
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21:17 - 21:21dos guardas, começando com cansativos e tediosos exercícios
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21:21 - 21:26como recitar os números de trás para frente, ao contrário, etc.
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21:26 - 21:30Mas, enquanto esses garotos comuns, mentalmente estáveis
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21:30 - 21:33seguiam em seus papéis de dominadores ou dominados,
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21:33 - 21:36surgiram resultados mais cruéis.
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21:36 - 21:39Brigas entre internos e guardas, greves de fome, desobediência,
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21:40 - 21:43destruição de propriedade e agitação entre prisioneiros
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21:43 - 21:46logo suscitaram essencialmente formas de tortura,
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21:46 - 21:49crueldade, privação do sono e mais.
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21:49 - 21:54Um interno desistiu após dois dias de sujeição e foi substituído.
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21:54 - 21:56Todos esqueceram que era um experimento.
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21:56 - 22:00Havia uma regra de que não se referissem a ele como tal.
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22:00 - 22:03Mesmo Zimbardo (como um fictício superintendente prisional)
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22:03 - 22:07acabou procurando delações, convencendo os incomodados
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22:07 - 22:10a sujeitarem-se ainda mais, etc.
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22:10 - 22:12O experimento entrou em colapso depois de 5 dias,
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22:12 - 22:14ele lembra algum lugar a vocês?
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22:14 - 22:16O Google acha que sim:
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22:17 - 22:18Ele diz Abu Ghraib.
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22:19 - 22:22Em par com o experimento de Zimbardo
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22:22 - 22:26vem a associação direta com Stanley Milgram, que mencionamos hoje;
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22:26 - 22:29de fato Milgram e Zimbardo foram amigos de escola.
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22:29 - 22:31O experimento de Milgram mostrou que mais de 90% das pessoas
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22:32 - 22:34testadas aplicariam o que acreditavam
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22:35 - 22:37ser choques mortalmente perigosos a vítimas não vistas,
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22:38 - 22:42se comandadas por um coordenador de uniforme branco.
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22:42 - 22:44Zimbardo mostra que pessoas comuns em uma estrutura prisional
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22:45 - 22:46podem produzir tensão e violência.
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22:47 - 22:50Impessoalização vai ao encontro do esquema de comando,
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22:50 - 22:53coerção e administração de poder estruturais.
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22:53 - 22:58Distorcemos uma criatura comum
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22:59 - 23:02se a tratarmos de forma distorcida.
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23:02 - 23:06Já Milgram mostra como as pessoas são levadas a punir outras.
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23:07 - 23:10Assim, temos que desvendar o comportamento de guardas brutais,
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23:10 - 23:13não como uma deturpação da metodologia prisional,
-
23:13 - 23:16mas um sintoma de seus efeitos em seres humanos
-
23:16 - 23:19independente de que lado da lei estão.
-
23:20 - 23:22Parte II: Decisão e Governança
-
23:23 - 23:27Que passos damos para adaptar prisões? Adaptá-las em que?
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23:27 - 23:29O que governa o desenvolvimento das prisões hoje?
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23:29 - 23:33Para muitos, ainda é a erradicação do comportamento criminal
-
23:33 - 23:36ou o pagamento de um débito social de alguma forma.
-
23:36 - 23:40Como minha alegação é de que a cultura gera a prisão,
-
23:40 - 23:43devíamos todos ser capazes de prever o seguinte:
-
23:43 - 23:47Em uma cultura social baseada no lucro
-
23:47 - 23:51o sistema prisional refletirá essa tendência
-
23:51 - 23:54do lucro acima de qualquer outra consideração,
-
23:54 - 23:57ou seja, conluio, fraude, etc., da mesma forma.
-
23:58 - 24:00Então, não é surpresa
-
24:00 - 24:03que vejamos a evolução de prisões privadas
-
24:03 - 24:07como força dominante no sistema correcional atual.
-
24:07 - 24:12As americanas Wackenhut e CCA (Corporação Correcional da América)
-
24:12 - 24:15e suas subsidiárias na Austrália e outros países
-
24:15 - 24:19são agora proeminentes, mas menos conhecidas do que deveriam,
-
24:19 - 24:23vendidas à sociedade como "alternativas baratas" às prisões estatais,
-
24:23 - 24:27mas mais "eficientes", devido ao suporte corporativo.
-
24:27 - 24:31A CCA, por exemplo, tem agora uma oferta
-
24:31 - 24:33para assumir todo o aparato correcional
-
24:33 - 24:36dos 48 estados americanos.
-
24:37 - 24:39Um elemento chave da oferta
-
24:39 - 24:43é a promessa de ocupação de ao menos 90% da capacidade.
-
24:44 - 24:48Ou seja, agora medimos o sucesso do sistema prisional
-
24:48 - 24:51por indicadores econômicos que vão contra
-
24:51 - 24:54o bem estar dos internos e da população em geral.
-
24:54 - 24:59Valorizado por ser maior, e não menor.
-
24:59 - 25:03Pelo dinheiro que economiza, não as vidas que salva.
-
25:04 - 25:07A manutenção de uma população prisional estável
-
25:07 - 25:11ou, ainda melhor, crescente
-
25:11 - 25:15tornou-se bom para milhares de indústrias satélites.
-
25:15 - 25:182 milhões de detentos comem 6 milhões de refeições ao dia,
-
25:18 - 25:21literalmente um público cativo para serviços de alimentação.
-
25:21 - 25:24A telefônica Sprint fez grandes contratos com prisões
-
25:24 - 25:27para fornecer serviços de comunicação. Internos adoecem,
-
25:27 - 25:31desenvolvendo companhias de saúde privadas que os servem.
-
25:31 - 25:34Wackenhut e CCA negociam ações em Wall Street
-
25:34 - 25:37com base no tamanho da população prisional,
-
25:37 - 25:40quanto maior melhor para a economia.
-
25:40 - 25:43Já mencionei as 3 leis dos EUA:
-
25:43 - 25:47as 3 Batidas, Restrição à Progressão, Sentença Mínima Obrigatória,
-
25:47 - 25:49todas têm um efeito sobre a população prisional.
-
25:49 - 25:53É interessante notar que essas leis e muitas outras
-
25:53 - 25:56são elaboradas por uma organização chamada
-
25:56 - 26:00Conselho de Câmbio Legislativo Americano (ALEC).
-
26:01 - 26:04Centenas de leis estaduas são aprovadas todo ano
-
26:04 - 26:09como "heroicas" para as políticas públicas americanas.
-
26:10 - 26:12A ALEC sustenta que sua agenda promove:
-
26:12 - 26:17livre mercado, governos enxutos, direitos de estado e privatização.
-
26:17 - 26:19Durante esses encontros fechados,
-
26:19 - 26:22centenas de representantes da indústria prisional, como Wackenhut,
-
26:22 - 26:28pagam caro para debater textos pré-moldados
-
26:28 - 26:31de leis que serão levadas por representantes estaduais
-
26:31 - 26:34para seus estados, onde elas serão apresentadas
-
26:34 - 26:37como posições daquele representante
-
26:37 - 26:40em vez da corporação que infiltrou aquela lei.
-
26:40 - 26:44Vocês veem porque não confio nas ideias do governo?
-
26:45 - 26:47São pré-concebidas!
-
26:47 - 26:49[Aplausos]
-
26:52 - 26:55Restrição à progressão, a propagada sentença mínima obrigatória
-
26:55 - 26:59e as 3 batidas foram todas promovidas
-
27:00 - 27:03pela força-tarefa de justiça criminal da ALEC, incluindo a CCA
-
27:03 - 27:06(que agora alega ter saído da ALEC no último ano) e outras
-
27:06 - 27:10para garantir uma população prisional robusta e crescente
-
27:10 - 27:15garantindo a viabilidade da indústria prisional privada.
-
27:15 - 27:19Há mais. O trabalho forçado, por uma mixaria
-
27:19 - 27:23ou nada, permite que as empresas usem trabalho prisional
-
27:23 - 27:27para produzir coisas mais baratas e vender a um valor maior
-
27:27 - 27:30(ou maior lucro) à população não prisional.
-
27:30 - 27:33Há uma suave diferença aí, não há?
-
27:33 - 27:37É mais eficiente economicamente se o lucro é seu guia,
-
27:37 - 27:40como se não falássemos da viabilidade da prisão
-
27:40 - 27:43enquanto ferramenta de reabilitação social.
-
27:43 - 27:47Devia ser chamado como é: Escravidão 2.0!
-
27:47 - 27:50É todo um novo foco da medida de sucesso
-
27:50 - 27:54desse sistema em indicadores econômicos baseados em privação,
-
27:54 - 27:57acesso restrito e controle antes de tudo.
-
27:57 - 28:01Propagou-se para prisões privadas no Reino Unido, Austrália e além.
-
28:01 - 28:03Se a prisão é um microcosmo da sociedade
-
28:03 - 28:06como James Gilligan declara no livro "Prevenindo a Violência"
-
28:06 - 28:10e que Dostoyevski refere-se em minha citação de abertura,
-
28:10 - 28:14ela se ampliará se nosso paradigma tornar-se mais predatório
-
28:14 - 28:17como buscam as forças dominantes pró-lucro
-
28:17 - 28:20que desviam a atenção da mídia e influenciam a política,
-
28:20 - 28:23como se espera de qualquer outra área
-
28:23 - 28:26que seja tomada, mercantilizada e comoditificada,
-
28:26 - 28:29transformada em um mecanismo de viabilidade econômica
-
28:30 - 28:32em vez de viabilidade.
-
28:33 - 28:35[Aplausos]
-
28:41 - 28:43Qual a alternativa então?
-
28:43 - 28:46Uns 2 anos atrás eu falava com um taxista (como costumo)
-
28:46 - 28:49sobre o homem de Utah sentenciado à morte,
-
28:49 - 28:51que escolheu ser morto pelo pelotão de fuzilamento,
-
28:52 - 28:54em 2010!
-
28:54 - 28:58Falando em punição e seus efeitos, sugeri
-
28:58 - 29:01que a violência do sistema penal encoraja mais crimes,
-
29:01 - 29:05divisão social e doenças sociais. O taxista respondeu:
-
29:05 - 29:08"O que você quer, dar-lhes uma medalha?"
-
29:08 - 29:10Essa visão dual, de recompensa ou punição,
-
29:11 - 29:13é fácil de se cair,
-
29:13 - 29:15mas estamos tentando resolver o problema do crime,
-
29:16 - 29:18e não ignorá-lo ou celebrá-lo.
-
29:18 - 29:22Resolvê-lo, e não gerenciá-lo em uma estrutura que perpetua
-
29:22 - 29:25a violência que origina o comportamento criminal,
-
29:25 - 29:30e criar uma sociedade com menos crime e violência,
-
29:30 - 29:33não apenas estender o curativo prisional mais além.
-
29:33 - 29:37Como o trabalho de James Gilligan, Wilkinson e Pickett no livro
-
29:37 - 29:40"O Nível Espiritual" e muitos outros trabalhos deixam claro:
-
29:41 - 29:45destratar, privar, limitar e humilhar um ser humano
-
29:45 - 29:48é a certeza para comportamentos mais aberrantes e violentos.
-
29:48 - 29:52Sacuda um jarro de vidro com formigas e elas lutarão.
-
29:52 - 29:56Sacuda como punição, elas lutarão ainda mais, ad infinitum.
-
29:57 - 29:59Então, aceitei o desafio do taxista
-
29:59 - 30:03e procurei prisões alternativas ou outras abordagens.
-
30:03 - 30:07Não precisei ir longe. Nas montanhas da Estíria, Áustria,
-
30:07 - 30:11na cidadezinha de Leoben, há uma prisão tão irreconhecível
-
30:11 - 30:14que se tornou um email viral em 2008.
-
30:15 - 30:18Comentários como "talvez eu deva cometer uns crimes
-
30:18 - 30:22para ir a esse acampamento de férias!" eram frequentes
-
30:22 - 30:25e chegaram a ecoar em um artigo do NY Times
-
30:25 - 30:28que descrevia a prisão e falava com o arquiteto.
-
30:28 - 30:30Então, pensei em dar uma olhada nesse lugar
-
30:30 - 30:33e perguntar ao diretor o que achava da viabilidade, função
-
30:34 - 30:37e papel da prisão. Então, fui à prisão
-
30:37 - 30:39(a qual tenho certeza que agrada a vocês).
-
30:39 - 30:42O mestre Manfred Giessauf e o chefe da guarda
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30:42 - 30:44deram 2 generosas horas de seu tempo,
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30:44 - 30:47permitiram gravar a entrevista e até mostraram a prisão!
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30:48 - 30:51Tem uma biblioteca, obras de arte nos muros,
-
30:51 - 30:54projetados para os detentos preencherem, salas de exercício
-
30:54 - 30:58e áreas abertas que permitem ver à distância;
-
30:58 - 31:00Isso é algo que não percebemos, e as pessoas esquecem.
-
31:00 - 31:02Consideramos distância algo comum.
-
31:02 - 31:06O prédio todo é de vidro para permitir a entrada de luz.
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31:06 - 31:09Portanto os prisioneiros, não envoltos em escuridão,
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31:09 - 31:11podem sentir que estão em uma instituição
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31:12 - 31:14projetada para reabilitação.
-
31:14 - 31:17Coerentes ao projeto, os cursos de reintegração social
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31:17 - 31:21oferecem aos detentos os fundamentos da operação da prisão.
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31:21 - 31:25A violência é muito menor, assim como o absenteísmo
-
31:25 - 31:28dos guardas; praticamente um quarto do absenteísmo
-
31:28 - 31:32em prisões normais, então os guardas também não sofrem.
-
31:32 - 31:34O princípio básico dessa prisão é literalmente inevitável,
-
31:35 - 31:37afixado no muro, ele diz:
-
31:37 - 31:40"Jeder, dem seine Freiheit entzogen ist, muss menschlich
-
31:40 - 31:42und mit Achtung vor dem Menschen
-
31:42 - 31:45innewohnenden Würde behandelt werden",
-
31:45 - 31:49"Todos os privados de liberdade devem ser tratados com humanidade
-
31:49 - 31:52e respeito pela dignidade inerente da pessoa humana."
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31:52 - 31:56Vem da Convenção Internacional de Direitos Políticos e Civis.
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31:57 - 31:58[Aplausos]
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31:58 - 32:00Sim, deem a eles uma salva de palmas!
-
32:05 - 32:08(São pessoas adoráveis. Nem questionaram
-
32:08 - 32:10porque eu estava entrevistando-os.)
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32:10 - 32:13O orçamento do Centro Correcional Leoben era de uns €50 milhões.
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32:13 - 32:15Foi concluído em 2007,
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32:15 - 32:18contratado em um concurso de arquitetura.
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32:18 - 32:21"50 milhões", perguntei, "por que não construir mais prisões
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32:21 - 32:23ou economizar e fazer uma mais barata?
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32:24 - 32:27Afinal, não seria econômico poupar dinheiro,
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32:27 - 32:31baratear processos, cortar serviços, reduzir a gordura?"
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32:31 - 32:32A resposta:
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32:32 - 32:36"Depende se você contabiliza o custo social
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32:36 - 32:39para a economia social. Você pode fazer prisões baratas.
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32:39 - 32:43Pode fazer uma prisão com estrutura mais barata;
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32:43 - 32:45mas se dirige uma prisão como as Supermax americanas,
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32:46 - 32:48você produz bombas-relógio humanas.
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32:49 - 32:51São liberadas em algum momento, e quem sabe
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32:51 - 32:54os custos sociais de tal ato?
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32:54 - 32:58No mínimo, não podemos liberar prisioneiros piores
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32:58 - 33:00do que eram quando os recebemos."
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33:01 - 33:05Leoben não é um experimento ideal para reforma prisional.
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33:05 - 33:08Não há prisão perpétua nesse sistema,
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33:08 - 33:10e criminosos muito violentos não vão para lá.
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33:10 - 33:13Por ironia, muitos estão lá por crimes monetários,
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33:13 - 33:17que tendem a se repetir depois da liberdade
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33:17 - 33:19já que não devem ter boas ofertas de emprego
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33:19 - 33:23e provavelmente têm dívidas, pelas quais foram presos.
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33:23 - 33:26Pode ser uma gaiola dourada, mas é uma gaiola,
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33:26 - 33:30limitada em sua utilidade pelo funcionamento geral
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33:30 - 33:35ou disfuncional da sociedade que povoa suas instalações.
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33:35 - 33:38Ainda é um curativo, mas do qual podemos aprender,
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33:38 - 33:42cujos valores vêm da Convenção Internacional dos Direitos Civis:
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33:42 - 33:45os direitos de seres humanos, portanto,
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33:45 - 33:48sendo o ponto de partida a trabalhar, e não o lucro
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33:48 - 33:51ou baixo custo ou qualquer coisa tão servil
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33:52 - 33:55como as prisões privadas nos EUA, Reino Unido ou Austrália.
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33:57 - 33:59Como espécie, temos que entender
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33:59 - 34:02que o desejo de ver os outros presos é a mesma violência
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34:02 - 34:04que vemos no crime.
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34:04 - 34:07A punição que infligimos a prisioneiros é a mesma violência
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34:07 - 34:10que afirmamos condenar ao agir dessa forma.
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34:10 - 34:12Acima de tudo, é preciso perceber
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34:12 - 34:15que prisões não resolvem problema nenhum.
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34:15 - 34:19São outra fonte de violência e de poder e controle sistematizados.
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34:20 - 34:22Resolver a criminalidade, viver em uma sociedade não violenta,
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34:22 - 34:26é viver em uma sociedade onde prisões são erradicadas.
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34:26 - 34:30Concentrar esforços em terapias positivas que previnam violência,
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34:31 - 34:33e ao mesmo tempo busquem uma sociedade
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34:33 - 34:36que previna a violência desde o início.
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34:36 - 34:39Fazer isso é resolver a questão prisional.
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34:40 - 34:42[Aplausos]
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34:46 - 34:49Basear uma instituição em direitos humanos é mudar
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34:49 - 34:54as instalações físicas de acordo a necessidades humanas:
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34:54 - 34:58luz solar, espaço, interação social. Baseá-la na função,
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34:58 - 35:01em vez da forma, é ignorar o equilíbrio contábil
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35:01 - 35:05pelo sucesso do sistema em relação aos seres humanos
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35:05 - 35:08e não para alguma corporação se beneficiar de uma porção
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35:08 - 35:11da sociedade que por acaso trabalha para eles naquele momento.
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35:11 - 35:14Claro, não é culpa deles, é? A questão é que
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35:14 - 35:17eles também estão presos ao sistema de endividamento
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35:17 - 35:20sistematizado que cria o sistema prisional.
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35:20 - 35:22Acima de tudo, resolver o problema do crime
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35:22 - 35:26não é construir mais prisões, como se diz sempre
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35:26 - 35:28em discussões públicas,
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35:28 - 35:31como a solução de uma doença não é passar
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35:31 - 35:34mais tempo no hospital, em vez de tratar a doença
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35:34 - 35:38que está debilitando o corpo.
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35:38 - 35:40A solução para a doença é a erradicação
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35:40 - 35:44ou cura de seus elementos não funcionais.
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35:45 - 35:48A solução da doença do crime e do mal da sociedade
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35:48 - 35:50é uma reorientação desde a base da função social
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35:50 - 35:53para conter as consequências da disfunção social,
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35:53 - 35:55que chamamos de crime.
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35:55 - 35:58Até lá, não mudaremos nada
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35:58 - 36:01até mudarmos nós mesmos e nossos valores; e conhecê-los.
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36:02 - 36:06Hoje, tratamos os problemas o mais barato e forçado possível.
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36:06 - 36:09Assim, prisão é um tratamento barato
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36:09 - 36:12e não uma correção para a criminalidade.
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36:13 - 36:16De forma ampla, prisão é a essência social
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36:16 - 36:21de nossas atitudes para com a mente e o indivíduo.
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36:21 - 36:25Um dia, se nossos preceitos culturais e princípios econômicos
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36:26 - 36:30forem orientados para soluções a respeito da coesão social
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36:30 - 36:33e verdadeira sustentabilidade, as populações futuras
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36:34 - 36:37verão nossa era com mais horror
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36:37 - 36:40do que vemos as sociedades anteriores de tortura
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36:40 - 36:44e violência bruta, como no início dessa apresentação,
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36:44 - 36:47pois tínhamos a compreensão científica das coisas
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36:47 - 36:49e não agimos sobre elas.
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36:50 - 36:53Sintam a futura humanidade pasma
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36:53 - 36:57ao olhar nossa era, essa em que vivemos.
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36:57 - 37:00Coloque-se no futuro e olhe para trás,
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37:00 - 37:02com o horror que eles sentirão.
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37:02 - 37:05Até nos tornarmos a base para essa população futura,
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37:05 - 37:08eles não deixarão de nos olhar com horror, descrença
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37:08 - 37:12e arrependimento, pois nos entenderão melhor
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37:12 - 37:15do que entendemos a nós mesmos e a nossos presos.
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37:15 - 37:18Para eles, de fato, somos todos prisioneiros.
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37:18 - 37:20Muito obrigado, eu gostaria de agradecer a todos
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37:20 - 37:22que falaram aqui hoje.
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37:22 - 37:24[Aplausos]
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37:32 - 37:34Eles fazem de graça!
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37:36 - 37:37Fazem porque é divertido.
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37:37 - 37:41Gostaria de agradecer a todos vocês por comparecerem.
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37:41 - 37:44É muito gentil de sua parte; isso nunca é menosprezado.
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37:44 - 37:47Vamos descer a rua até um pub! Juntem-se a nós.
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37:47 - 37:50A 300 metros, do outro lado da rua, na esquina.
-
37:50 - 37:53Perdão, esqueci o nome. Estaremos lá a noite toda,
-
37:53 - 37:57bebendo e respondendo perguntas, e perguntando também.
-
37:57 - 37:58Obrigado novamente.
-
37:58 - 38:00[Aplausos]
-
38:00 - 38:02Obrigado, Ben.
- Title:
- Ben McLeish - Prison, Punishment and Profit | Z-Day 2012 [ The Zeitgeist Movement ]
- Description:
-
*Please sign up for our main Mailing List:
http://www.thezeitgeistmovement.com/ *"Visibility is a Trap." - Michel Foucault
The modern incarnation of the prison system is evaluated at its root value set, and core functions. Discussed are the origins of prison in torture and public spectacle, its inversion into modern incarceration models, and the morphing of the carceral model into one which reflects the dominant economic value system - profit before intended function, and its resulting violent social costs.
Additionally, prison's effects upon non-criminals (including guards) are detailed in order to demonstrate the system's wholly undermining effects upon social integrity, regardless of criminality.
The solution to crime is not more prisons, but the wholesale reorientation of society to a supportive, human-centered global citizenry, where the causes of crime are dealt with by the removal of stresses on the individual level, and the replacement of a competitive, divisive economic-social model with one of support, collaboration and rational, humane global village.
Main Sources:
Books:
Discipline & Punish - Michel Foucault
Violence - James Gilligan
Preventing Violence - James Gilligan
The Lucifer Effect - Dr Phillip Zimbardo
The Show of Violence - Dr Frederic Wertham
Zero Degrees of Empathy - Simon Baron-Cohen
The Spirit Level - Wilkinson and Pickett
Value Wars - John McMurtry (esp. Part II - Unlocking the Invisible Prison, pp 70-78)
Journal Articles:
Private Prison Management - Panacaea or Pretense? - Sarah Vallance
Prison's Dilemma: Do Education and Jobs Programmes Affect Recidivism? - Sedgley, Scott et al
The Psychopharmacologic Treatment of Violent Youth - Gilligan and Lee
The Last mental Hospital - Gilligan
Other:
Site Visit to Leoben Correctional Center, Austria - Video Language:
- English
- Duration:
- 38:06