Return to Video

Ben McLeish - Prison, Punishment and Profit | Z-Day 2012 [ The Zeitgeist Movement ]

  • 0:00 - 0:03
    Antes, passei o último ano pesquisando
  • 0:03 - 0:06
    sistemas e entidades prisionais em geral,
  • 0:06 - 0:08
    e pensei em mostrar-lhes o que descobri.
  • 0:09 - 0:11
    Ao final, gostaria de celebrar que posso deixar
  • 0:12 - 0:15
    esse sistema horrível e perigoso para trás;
  • 0:15 - 0:18
    e iremos todos beber e celebrar o fato de que nós
  • 0:18 - 0:22
    podemos deixá-lo para trás, ao contrário da maioria.
  • 0:22 - 0:25
    Fyodor Dostoyevsky disse que se pode mensurar
  • 0:25 - 0:28
    o grau de civilização da sociedade visitando suas prisões.
  • 0:28 - 0:31
    Pode ser verdade, mas acho que em todos os sentidos
  • 0:31 - 0:35
    vemos as prisões separadas, paralelas à sociedade,
  • 0:35 - 0:39
    não um produto dessa sociedade, porém algo externo.
  • 0:39 - 0:44
    Isso é um produto do moderno paradigma prisional:
  • 0:44 - 0:47
    uma delineação de muros, barricadas,
  • 0:47 - 0:50
    acesso restrito à sua circunscrição,
  • 0:50 - 0:54
    seus opacos métodos de administração.
  • 0:54 - 0:58
    A anatomia de um sistema prisional nasce
  • 0:58 - 1:01
    ou é definida por sua separação de seu meio;
  • 1:01 - 1:03
    ele é separado do mundo exterior.
  • 1:04 - 1:06
    Ao mesmo tempo, essas instituições que desejamos entender,
  • 1:06 - 1:11
    e o sistema como um todo, abrigam o que o público vê
  • 1:11 - 1:15
    como um ramo alternativo da humanidade que transgrediu
  • 1:16 - 1:20
    o que a sociedade definiu como atividade legal.
  • 1:20 - 1:23
    Essa percepção nos ajuda a separar o sistema prisional,
  • 1:23 - 1:28
    e todo o conceito prisional, de nossa vida diária.
  • 1:28 - 1:31
    Algumas consequências problemáticas surgem disso.
  • 1:32 - 1:35
    Primeiro, é muito difícil criticar o sistema prisional.
  • 1:35 - 1:39
    Vemos menos as causas e consequências das questões sociais
  • 1:39 - 1:41
    e o efeito da pressão social nas pessoas
  • 1:41 - 1:44
    que acabam tornando-se internas no sistema prisional
  • 1:44 - 1:49
    se não virmos o sistema como produto de um tipo de sociedade.
  • 1:49 - 1:51
    Não são coisas independentes,
  • 1:51 - 1:54
    mas acabamos nos habituando com essa impressão.
  • 1:54 - 1:58
    Quero dizer que toda tentativa de crítica social
  • 1:58 - 2:02
    do método prisional precisa vir do entendimento
  • 2:02 - 2:05
    do precedente histórico que criou a prisão.
  • 2:06 - 2:10
    Isso é raramente feito academicamente e nunca, na grande mídia.
  • 2:10 - 2:14
    Essa noção de separação permite que os métodos do sistema prisional
  • 2:14 - 2:18
    sejam incorporados à sociedade, enquanto passa a impressão
  • 2:18 - 2:20
    de que os mesmos não são usados.
  • 2:20 - 2:22
    A sempre crescente e poderosa vigilância
  • 2:22 - 2:25
    já é uma parte bem incorporada à vida,
  • 2:25 - 2:29
    mas passa despercebida, já que estamos 'fora da prisão',
  • 2:29 - 2:32
    portanto devemos ser livres.
  • 2:32 - 2:37
    Comparações entre o sistema escolar e o prisional são vistas com cinismo,
  • 2:37 - 2:41
    e geralmente vêm de brincadeiras de estudantes que sentem vagamente
  • 2:41 - 2:45
    que o sistema escolar aproxima-se mais da organização coerciva
  • 2:46 - 2:49
    de uma prisão do que gostaríamos de admitir.
  • 2:49 - 2:53
    Mas há o reforço: você não está na prisão, está do lado de fora;
  • 2:53 - 2:56
    e ainda que você esteja em outra instituição social,
  • 2:56 - 2:58
    a lógica e os métodos do sistema prisional
  • 2:58 - 3:01
    em sua vida são feitos para não transparecer.
  • 3:01 - 3:04
    Você deve ser grato por não estar preso.
  • 3:04 - 3:09
    Esse é um reforço poderoso contra a visão crítica da prisão.
  • 3:09 - 3:13
    O terceiro e último efeito de separar prisão e sociedade
  • 3:13 - 3:16
    diz respeito ao movimento de reforma prisional.
  • 3:16 - 3:18
    Por estranho que pareça,
  • 3:18 - 3:21
    o debate sobre os vários fracassos ou sucessos prisionais
  • 3:21 - 3:26
    é automaticamente enquadrado como argumento para reforçar suas habilidades.
  • 3:26 - 3:30
    A demanda por reforma, melhorias, inspeções, responsabilidade
  • 3:30 - 3:35
    vem dos mesmos valores que originaram a prisão.
  • 3:35 - 3:38
    Assim, passamos a tratar os problemas prisionais
  • 3:38 - 3:42
    com base no pressuposto de criar mais prisões,
  • 3:42 - 3:46
    de modo que a vigilância, administração estruturada
  • 3:46 - 3:50
    e demandas por melhoria e rastreamento, que vemos nas prisões,
  • 3:51 - 3:54
    são reafirmadas na própria prisão, reforçando-a ainda mais.
  • 3:55 - 3:59
    Vamos dar à prisão o contexto necessário para entendê-la.
  • 3:59 - 4:01
    O que veio antes da prática da prisão?
  • 4:01 - 4:06
    O que acontecia a transgressores da lei nos dias pré-cárcere?
  • 4:06 - 4:09
    O que pressionou o desenvolvimento da prisão,
  • 4:09 - 4:12
    e como isso se segue nos dias atuais?
  • 4:12 - 4:14
    O que realmente significa, em termos sociais,
  • 4:14 - 4:18
    viver em uma sociedade que usa um sistema prisional?
  • 4:18 - 4:21
    No livro "Disciplina e Punição - O Nascimento da Prisão",
  • 4:21 - 4:25
    Michel Foucault lembra uma execução pública em 1757
  • 4:26 - 4:28
    de um regicida chamado Robert-François Damiens.
  • 4:28 - 4:30
    Em 1º de Março de 1757,
  • 4:30 - 4:34
    Damiens, o regicida, foi condenado à "Multa Honorável",
  • 4:34 - 4:37
    perante a entrada de uma igreja em Paris, ele foi
  • 4:37 - 4:40
    conduzido em uma carroça vestindo apenas uma camisa,
  • 4:40 - 4:43
    segurando uma tocha de cera quente de 1 kg.
  • 4:43 - 4:46
    Então, na dita carroça, até a praça de Grève,
  • 4:46 - 4:49
    onde um andaime foi erguido, a carne será cortada
  • 4:49 - 4:54
    de seu peito, braços e coxas, e clivada com pinças quentes,
  • 4:54 - 4:58
    a mão direita segurando a faca com que cometeu o dito parricídio,
  • 4:59 - 5:02
    queimada com enxofre; e nos locais onde a carne se cortar,
  • 5:02 - 5:05
    chumbo fundido, óleo fervente,
  • 5:05 - 5:08
    resina quente, cera e enxofre derretidos juntos,
  • 5:08 - 5:11
    e seu corpo arrastado e esquartejado por quatro cavalos,
  • 5:11 - 5:14
    seus membros e corpo consumidos em fogo, reduzidos a cinzas
  • 5:14 - 5:17
    e as cinzas atiradas ao vento.
  • 5:18 - 5:21
    São registrados em detalhes os momentos finais dessa agonia.
  • 5:22 - 5:24
    Então o executor, com suas mangas arriadas, pegou as pinças de aço
  • 5:25 - 5:27
    feitas especialmente para a ocasião
  • 5:27 - 5:30
    com meio metro de comprimento,
  • 5:30 - 5:33
    puxou primeiro a panturrilha da perna direita,
  • 5:33 - 5:37
    então da coxa, e depois, as duas carnes do braço direito,
  • 5:37 - 5:40
    então, o peito.
  • 5:40 - 5:43
    Embora forte e robusto, o executor achou tão difícil
  • 5:43 - 5:46
    cortar as partes, que cortava o mesmo local
  • 5:46 - 5:49
    duas ou três vezes, balançando as pinças enquanto fazia;
  • 5:49 - 5:53
    e cada parte que ele arrancava formava uma ferida do tamanho
  • 5:53 - 5:56
    de uma coroa de 3 kg.
  • 5:57 - 5:59
    Histórias como a de Damiens são extremamente comuns
  • 5:59 - 6:03
    naquela época e nas centenas ou milhares de anos antes.
  • 6:04 - 6:06
    De fato, na era pré-moderna achamos muitas histórias
  • 6:07 - 6:09
    de personagens traiçoeiros decapitados,
  • 6:09 - 6:12
    suas cabeças colocadas na entrada da Ponte de Londres.
  • 6:12 - 6:16
    As desventuras de Henrique VIII com suas esposas,
  • 6:16 - 6:18
    os métodos pelos quais Guy Fawkes foi torturado
  • 6:18 - 6:22
    e depois enforcado: feitos comuns em nossa história.
  • 6:22 - 6:25
    Acho que é com aparente grande alívio
  • 6:25 - 6:28
    que boa parte do mundo abandonou torturas e execuções públicas.
  • 6:29 - 6:33
    À primeira vista, foi uma mudança humanista,
  • 6:33 - 6:36
    com intuito de não se ver derramamento de sangue
  • 6:36 - 6:39
    realizado pelo Estado sobre seu próprio povo
  • 6:39 - 6:43
    nessas sociedades que abandonaram tanto a pena de morte
  • 6:43 - 6:46
    quanto tortura ou execução pública.
  • 6:46 - 6:50
    Porém, antes de esquecermos a violência encenada do estado,
  • 6:50 - 6:54
    os seguintes pontos nos ajudarão a entender essa transição.
  • 6:54 - 6:57
    Execuções públicas são simplesmente... públicas.
  • 6:57 - 7:00
    Um espetáculo que consiste em um criminoso,
  • 7:00 - 7:03
    ou um grupo, normalmente em um palco para melhor visualização,
  • 7:04 - 7:06
    cercado por olhares dos espectadores.
  • 7:06 - 7:10
    De fato, há histórias de multidões de espectadores
  • 7:10 - 7:14
    revoltadas com execuções feitas em privado
  • 7:14 - 7:17
    ou com visão limitada ou obstruída.
  • 7:17 - 7:22
    Tal era a expectativa do público por um evento visível.
  • 7:23 - 7:26
    Os eventos também eram explicitamente encomendados
  • 7:26 - 7:28
    e realizados por agentes do estado.
  • 7:28 - 7:32
    O carrasco não é um agressor, mas um showman
  • 7:32 - 7:35
    e um funcionário do estado.
  • 7:35 - 7:39
    Como a traição, em particular, os crimes cometidos
  • 7:39 - 7:42
    são vistos como contra o monarca ou chefe de estado.
  • 7:42 - 7:46
    A retribuição da violência é como a expiação do crime,
  • 7:46 - 7:50
    muitas vezes simbólica, como Damiens segurando a faca
  • 7:50 - 7:53
    com que tentou assassinar o rei.
  • 7:53 - 7:57
    É também a reafirmação de poder do chefe de estado,
  • 7:57 - 8:00
    o qual foi prejudicado pela transgressão da lei monárquica
  • 8:00 - 8:03
    que define o poder
  • 8:03 - 8:06
    ao qual os servos estão sujeitos.
  • 8:06 - 8:09
    O poder do soberano age fisicamente sobre os súditos
  • 8:09 - 8:12
    e o olhar dos espectadores torna o evento teatral,
  • 8:12 - 8:14
    notável e central, e se pode dizer
  • 8:14 - 8:18
    que também gera forte reforço negativo nas testemunhas.
  • 8:18 - 8:22
    É isso que acontece se você desobedece as leis da terra.
  • 8:22 - 8:24
    Passar desse tipo de punição
  • 8:24 - 8:28
    para uma organização correcional e de vigilância
  • 8:28 - 8:31
    é muitas vezes considerado um ato de esclarecimento
  • 8:31 - 8:35
    ou de valores humanos em relação ao comportamento humano
  • 8:35 - 8:37
    ou à natureza do que chamamos "mal".
  • 8:37 - 8:39
    É visto predominantemente como redução
  • 8:39 - 8:43
    da maldade dos mecanismos punitivos da ordem social,
  • 8:43 - 8:49
    uma forma mais humana de interação entre sociedade e criminoso.
  • 8:49 - 8:52
    De fato, passar de tortura para punição, depois prisão
  • 8:52 - 8:57
    como principal função corretiva ocorreu na Europa em 80 anos,
  • 8:57 - 9:01
    uma mudança rápida e quase repentina na ação punitiva.
  • 9:01 - 9:05
    Demonstra que grandes mudanças na organização social acontecem,
  • 9:05 - 9:08
    mas nesse caso a mudança não foi predominantemente guiada
  • 9:09 - 9:12
    por esses valores, mas por algo mais.
  • 9:12 - 9:17
    A mudança de método no tratamento da transgressão veio com
  • 9:17 - 9:19
    o desenvolvimento de uma economia mais centrada
  • 9:19 - 9:22
    nas idéias de domínio privado e direito de propriedade.
  • 9:22 - 9:25
    Uma reorganização do poder deslocou seu ponto de aplicação,
  • 9:25 - 9:29
    do corpo que era fisicamente amarrado, em uma economia agrícola
  • 9:29 - 9:32
    e baseada em trabalho, para o que costumam chamar "a alma"
  • 9:33 - 9:36
    ou âmago da delinquência dessa sociedade.
  • 9:36 - 9:40
    Roubo e outros crimes contra a propriedade são físicos,
  • 9:40 - 9:43
    mas se crimes mais ideológicos surgem, como um aumento
  • 9:43 - 9:46
    nas fraudes quando uma economia de mercado
  • 9:47 - 9:50
    e um paradigma monetário se formam, o poder torna-se mais efetivo
  • 9:50 - 9:53
    se redirecionado ao lado comportamental do ser humano,
  • 9:53 - 9:56
    em vez do físico.
  • 9:56 - 9:58
    Em consequência, vemos o seguinte:
  • 9:58 - 10:00
    As forcas são amplamente substituídas por algemas,
  • 10:01 - 10:04
    e o espetáculo público que era notória violência punitiva
  • 10:04 - 10:06
    e execução estatal agora é substituído por
  • 10:06 - 10:10
    um espetáculo inverso que é digno de nota.
  • 10:10 - 10:13
    Se antes o criminoso era contemplado pela multidão,
  • 10:13 - 10:16
    aos poucos a correção institucional
  • 10:16 - 10:20
    converteu o modelo na organização prisional atual:
  • 10:20 - 10:25
    muitos presos, confinados, separados, com vários indivíduos,
  • 10:25 - 10:29
    em vez de uma multidão ao redor de uma torre central que tudo vê
  • 10:30 - 10:32
    e permite constante supervisão dos internos,
  • 10:32 - 10:36
    mas cujos olhos vigilantes não são identificáveis.
  • 10:36 - 10:39
    Não vistos, invisíveis. Como Foucault colocou:
  • 10:39 - 10:42
    "Visibilidade é uma armadilha."
  • 10:42 - 10:45
    Assim surgiu o "Panóptico"
  • 10:45 - 10:48
    criado por Jeremy Bentham (aí está ele),
  • 10:48 - 10:53
    uma estrutura de exclusão com criminosos sempre à vista;
  • 10:53 - 10:56
    embora o Panóptico seja famoso por sua torre central
  • 10:56 - 11:00
    e frequente natureza circular dos edifícios,
  • 11:00 - 11:03
    com o tempo a vigilância tornou-se digital,
  • 11:03 - 11:07
    e agora o onipresente centro é apoiado por CCTV
  • 11:07 - 11:11
    e coisas semelhantes, em vez de visão direta.
  • 11:11 - 11:14
    Ainda que as prisões de hoje pareçam diferentes desse modelo,
  • 11:14 - 11:18
    vemos que a vigilância é o que mais se reforçou
  • 11:18 - 11:21
    em nossas medidas punitivas; também podemos ver
  • 11:21 - 11:24
    que essas medidas são totalmente nascidas da torre central,
  • 11:24 - 11:27
    transformada em uma sala de controle hi-tech.
  • 11:28 - 11:30
    A multidão não está mais assistindo o criminoso.
  • 11:30 - 11:35
    Uma multidão de criminosos é vigiada, isolados em celas
  • 11:35 - 11:39
    e no complexo da prisão;
  • 11:39 - 11:43
    ainda assim uniformizados por, literalmente, uniformes,
  • 11:43 - 11:45
    regras e condições.
  • 11:45 - 11:49
    Podem estar totalmente isolados em solitária,
  • 11:49 - 11:53
    e ainda ter cada movimento e comportamento supervisionados.
  • 11:53 - 11:57
    De fato, o termo "super-visão" vem de "sobre-ver";
  • 11:57 - 12:00
    esses dois significados de controlar um evento
  • 12:00 - 12:04
    e ter completa visão dele são preservados no termo moderno.
  • 12:05 - 12:08
    Tal sistema sempre é defendido (especialmente por políticos)
  • 12:08 - 12:12
    como algo que reduz o crime e torna a sociedade mais segura.
  • 12:12 - 12:16
    Na verdade, o efeito psicológico de trancafiar delinquentes
  • 12:16 - 12:20
    é uma sensação de proteção contra eles,
  • 12:20 - 12:23
    e essa sensação de precisar de proteção é um recurso
  • 12:24 - 12:27
    para a manutenção de tal sistema punitivo.
  • 12:27 - 12:31
    O cárcere também é caracterizado de duas formas
  • 12:31 - 12:35
    que mantêm sua aceitação pela sociedade.
  • 12:35 - 12:37
    Uma é o reforço negativo:
  • 12:37 - 12:40
    Acredita-se que a experiência das pessoas na prisão,
  • 12:40 - 12:42
    de privação da liberdade, corrigirá seu comportamento
  • 12:43 - 12:46
    de modo que, quando soltas, se integrarão à sociedade,
  • 12:46 - 12:48
    ou, uns dizem, "alguns são tão ruins
  • 12:48 - 12:51
    que se deve trancafiá-los e jogar a chave fora!"
  • 12:51 - 12:54
    Essa visão encara o sistema prisional
  • 12:54 - 12:57
    como uma contenção permanente para perigosos permanentes.
  • 12:58 - 13:01
    Mantém-se na retórica pró-prisão
  • 13:01 - 13:04
    de que prisões devem pacificar os criminosos,
  • 13:04 - 13:08
    normalizá-los para que muitos possam ser soltos.
  • 13:08 - 13:10
    Isso, claro, pressupõe
  • 13:10 - 13:13
    que sejam não-violentos o suficiente para ser confiáveis em liberdade.
  • 13:13 - 13:17
    Um requisito para coexistir com a população em geral
  • 13:17 - 13:20
    é conter o comportamento violento perante os outros;
  • 13:20 - 13:25
    tal tendência devia ser implicitamente gerada por um sistema
  • 13:25 - 13:29
    feito para ser o regulador de seres humanos para a coexistência.
  • 13:29 - 13:32
    Mas quero mostrar a vocês o seguinte:
  • 13:32 - 13:36
    O sistema prisional, sua estrutura, sua ideologia de punição
  • 13:36 - 13:41
    por reforço negativo, seus mecanismos legais
  • 13:41 - 13:44
    e suas hierarquias criminais, administrativas e interpessoais
  • 13:44 - 13:46
    são implicitamente o que instiga, promove,
  • 13:46 - 13:49
    exige, possibilita e emprega a violência.
  • 13:49 - 13:52
    Não é mais a prioridade da prisão,
  • 13:52 - 13:54
    nem nunca foi a maior prioridade
  • 13:54 - 13:57
    ajustar seres humanos de forma correta e sustentável
  • 13:57 - 14:01
    a uma sociedade de forma cooperativa; mesmo que fosse,
  • 14:01 - 14:03
    o maior efeito real da prisão é em grande parte
  • 14:03 - 14:06
    a piora da integridade social humana.
  • 14:06 - 14:09
    Vou dividir isso nos seguintes subtópicos:
  • 14:09 - 14:12
    1) Efeitos meta-sociais da prisão
  • 14:13 - 14:16
    Esses são os efeitos negativos da prisão sobre seus habitantes
  • 14:16 - 14:19
    incluindo os guardas, sejam criminosos ou não
  • 14:20 - 14:22
    (esse é um ponto chave que explicarei logo).
  • 14:22 - 14:25
    2) Métodos de controle e decisão
  • 14:25 - 14:28
    Os métodos pelos quais decisões são feitas no corpo correcional;
  • 14:28 - 14:32
    esse corpo, incluindo o sistema legal, os tribunais e seus custos associados,
  • 14:33 - 14:36
    as organizações de reabilitação que trabalham junto às prisões
  • 14:36 - 14:38
    durante a soltura e transição dos prisioneiros para casa,
  • 14:39 - 14:41
    e os equipamentos, alimentos,
  • 14:42 - 14:44
    edifícios, telefonia e tudo mais.
  • 14:44 - 14:47
    Isso soa distante do tópico, mas veremos em breve
  • 14:47 - 14:51
    que tudo isso é central ao real significado de correção,
  • 14:51 - 14:53
    como a gerenciamos, e em qual direção.
  • 14:53 - 14:55
    O que estamos construindo lá?
  • 14:56 - 14:59
    1) Efeitos meta-sociais da prisão
  • 14:59 - 15:03
    James Gilligan, chefe do Depto para Estudo da Violência
  • 15:03 - 15:07
    de Harvard, gastou décadas trabalhando em prisões.
  • 15:07 - 15:11
    Ele e outros sustentam que prisões são máquinas de violência
  • 15:11 - 15:13
    que tornam criminosos não-violentos em violentos
  • 15:13 - 15:16
    bem a tempo de sua soltura.
  • 15:16 - 15:19
    Vários fatores agem nesse efeito, sendo elemento-chave
  • 15:19 - 15:24
    a vergonha e ultraje implícitos em estar sujeito à notória coerção.
  • 15:25 - 15:28
    Isso é para alguns prisioneiros o estigma social de ser criminoso:
  • 15:28 - 15:31
    Você fica em oposição à estrutura social como indivíduo.
  • 15:32 - 15:36
    De fato, a natureza comum estruturada nas prisões
  • 15:36 - 15:39
    cria um poderoso ambiente educacional para criminosos:
  • 15:39 - 15:42
    uma escola do crime, que cospe indivíduos humilhados,
  • 15:42 - 15:46
    espoliados e perigosos em uma sociedade que não os entende
  • 15:46 - 15:49
    e nem as instituições das quais eles emergem.
  • 15:50 - 15:53
    Igualmente, os presos deixam do lado de fora famílias
  • 15:53 - 15:56
    bastante empobrecidas pela perda de um provedor,
  • 15:56 - 15:59
    daí vem a queda na coesão social,
  • 15:59 - 16:03
    no ponto em que o sistema punitivo encontra a sociedade.
  • 16:03 - 16:05
    Reincidência e os efeitos psicossociais
  • 16:05 - 16:08
    da vergonha de um familiar preso distorcem uma base já
  • 16:09 - 16:13
    problemática e estressada dessa mesma família.
  • 16:13 - 16:16
    Claro, nós abominamos violência
  • 16:16 - 16:19
    precisamente porque gera mais violência,
  • 16:19 - 16:23
    mas confinar muitas pessoas violentas juntas
  • 16:23 - 16:25
    produz efeitos violentos.
  • 16:25 - 16:27
    Citando Gilligan em "Psychiatric Quarterly"
  • 16:27 - 16:30
    descrevendo o sistema prisional de Massachusetts:
  • 16:30 - 16:33
    "Pelos anos 70, a prisão de Massachusetts
  • 16:33 - 16:36
    havia degenerado em uma virtual zona de guerra.
  • 16:36 - 16:39
    Além de distúrbios na área de segurança máxima,
  • 16:39 - 16:42
    havia períodos com média de um assassinato por mês
  • 16:42 - 16:46
    e um suicídio a cada 6 semanas em uma prisão de 600 homens.
  • 16:46 - 16:50
    Na década, foram mais de 100 mortes violentas ao todo
  • 16:50 - 16:54
    em uma única prisão, e no sistema prisional como um todo
  • 16:54 - 16:57
    havia uma epidemia de tumultos, incêndios, tomada de reféns,
  • 16:57 - 17:01
    assassinato seguido de suicídio e outras violências em que internos,
  • 17:01 - 17:06
    funcionários e até visitantes eram mortos, violentados ou feridos.
  • 17:06 - 17:08
    A investigação do tribunal federal que se seguiu
  • 17:08 - 17:12
    concluiu que muito dessa violência veio de doenças mentais
  • 17:12 - 17:17
    não tratadas nem diagnosticadas. Muitas foram causadas
  • 17:18 - 17:21
    ou ao menos exacerbadas pelas condições da prisão."
  • 17:21 - 17:25
    Gilligan, colocado a cargo desse caos,
  • 17:25 - 17:28
    instigou mais de 10 anos de tratamento psicológico
  • 17:28 - 17:30
    e terapias que promoviam auto-estima
  • 17:30 - 17:32
    através de reforço positivo.
  • 17:33 - 17:35
    Foi uma mudança de valores na abordagem da reabilitação.
  • 17:35 - 17:39
    Ele relatou: "durante os primeiros 5 anos do programa não houve tumultos
  • 17:39 - 17:42
    em nenhuma prisão, apesar de 2 casos sérios com reféns,
  • 17:42 - 17:45
    que fomos capazes de resolver sem mortes.
  • 17:45 - 17:47
    Nenhum funcionário ou visitante foi morto,
  • 17:48 - 17:50
    apesar de 7 internos do sistema prisional, ao todo,
  • 17:50 - 17:52
    terem morrido por homicídio ou suicídio.
  • 17:52 - 17:56
    Nos 5 anos seguintes, não houve tumultos nem reféns,
  • 17:56 - 17:58
    1 homicídio e 2 suicídios.
  • 17:59 - 18:03
    Ou seja, houve anos inteiros sem mortes violentas."
  • 18:04 - 18:07
    Infelizmente o projeto de Gilligan foi encerrado
  • 18:07 - 18:10
    após 10 anos pelo foco do novo governador
  • 18:10 - 18:14
    em devolver aos prisioneiros o prazer de quebrar pedras.
  • 18:14 - 18:18
    Vemos o sistema regredindo a suas origens
  • 18:18 - 18:22
    de foco em violência estrutural, apesar dos possíveis resultados.
  • 18:23 - 18:25
    Mas para essa afirmação ser válida,
  • 18:26 - 18:29
    que o sistema prisional gera violência inerente,
  • 18:29 - 18:33
    uma pessoa não-violenta teria que tornar-se violenta na prisão;
  • 18:33 - 18:37
    mas melhor seria ver se o encorajamento à violência
  • 18:37 - 18:41
    também se manifesta em ambiente controlado com não-criminosos.
  • 18:41 - 18:45
    Pelo 1º ponto, que pessoas não-violentas podem se tornar violentas,
  • 18:45 - 18:49
    a atual população prisional dos EUA é de uns 2 milhões.
  • 18:49 - 18:52
    Essa população quadruplicou nos anos 80
  • 18:52 - 18:56
    com ajuda da sentença mínima obrigatória da guerra às drogas,
  • 18:56 - 18:59
    que prolonga, em média, o prazo das sentenças,
  • 19:00 - 19:02
    e pela "restrição à progressão", que mais ou menos elimina
  • 19:02 - 19:06
    a possibilidade de recompensar bom comportamento com condicional ou algo similar.
  • 19:06 - 19:09
    A "lei das 3 batidas" também garantiu que reincidentes
  • 19:09 - 19:12
    em crimes que incluem os relativos a drogas (não violentos)
  • 19:12 - 19:16
    vão mais rápido para a prisão, para ficar mais tempo também.
  • 19:17 - 19:20
    Metade das prisões nos EUA são por crimes não violentos
  • 19:20 - 19:22
    (em torno de 20% relativos a drogas);
  • 19:23 - 19:25
    mas como James Gilligan lembra, muitas prisões
  • 19:25 - 19:28
    mais estimulam do que previnem a violência e o crime.
  • 19:28 - 19:30
    Prisões têm sido chamadas "escolas do crime";
  • 19:31 - 19:33
    Eu chamaria "Escolas Superiores do Crime".
  • 19:33 - 19:36
    As pessoas têm que se tornar violentas para sobreviver a elas;
  • 19:36 - 19:39
    mesmo que não sejam atacadas pelos outros,
  • 19:39 - 19:42
    estão sujeitas a condições de degradação, humilhação, intimidação
  • 19:42 - 19:46
    e ameaças que podem levar até os mais virtuosos
  • 19:46 - 19:49
    a tornar-se mais violentos em resposta.
  • 19:49 - 19:53
    E se não fossem criminosos, mas pessoas comuns?
  • 19:53 - 19:56
    O problema da violência desaparece?
  • 19:56 - 19:59
    A teoria de que prisão provoca violência prevê
  • 19:59 - 20:03
    que pessoas comuns sejam afetadas pela instituição.
  • 20:03 - 20:06
    Por sorte, isso foi testado e comprovado,
  • 20:07 - 20:09
    notavelmente, pelo dr. Philip Zimbardo
  • 20:10 - 20:13
    e seu experimento da Prisão Stanford.
  • 20:13 - 20:16
    Usando um porão de um prédio da Universidade Stanford,
  • 20:16 - 20:19
    ele e uns colegas construíram um bloco de celas rudimentar
  • 20:19 - 20:22
    com trancas, e vigilância secreta por áudio para monitorar
  • 20:22 - 20:26
    internos em suas reações ao ambiente e a outros internos.
  • 20:27 - 20:29
    Pediram voluntários pelo jornal
  • 20:29 - 20:34
    para um experimento de 7 a 14 dias por US$ 15 ao dia.
  • 20:35 - 20:38
    Os escolhidos foram selecionados por sua estabilidade mental:
  • 20:38 - 20:42
    características não-agressivas e não-dominantes.
  • 20:44 - 20:45
    24 homens da região ao todo
  • 20:46 - 20:49
    foram aleatoriamente designados prisioneiros ou guardas.
  • 20:49 - 20:51
    Prisioneiros perderam o nome e receberam um número.
  • 20:51 - 20:54
    Receberam toucas e outras coisas para envergonhá-los,
  • 20:55 - 20:58
    e foram despojados. Mas não de verdade;
  • 20:58 - 21:03
    De fato, o processo era basicamente para causar vergonha.
  • 21:03 - 21:06
    Pelas regras, as ordens dos guardas deviam ser obedecidas;
  • 21:06 - 21:09
    a agenda devia ser cumprida; as regras eram reforçadas
  • 21:09 - 21:13
    e aprendidas sendo recitadas, em ordem ou por partes.
  • 21:14 - 21:17
    O resultado foi praticamente um "reino de terror"
  • 21:17 - 21:21
    dos guardas, começando com cansativos e tediosos exercícios
  • 21:21 - 21:26
    como recitar os números de trás para frente, ao contrário, etc.
  • 21:26 - 21:30
    Mas, enquanto esses garotos comuns, mentalmente estáveis
  • 21:30 - 21:33
    seguiam em seus papéis de dominadores ou dominados,
  • 21:33 - 21:36
    surgiram resultados mais cruéis.
  • 21:36 - 21:39
    Brigas entre internos e guardas, greves de fome, desobediência,
  • 21:40 - 21:43
    destruição de propriedade e agitação entre prisioneiros
  • 21:43 - 21:46
    logo suscitaram essencialmente formas de tortura,
  • 21:46 - 21:49
    crueldade, privação do sono e mais.
  • 21:49 - 21:54
    Um interno desistiu após dois dias de sujeição e foi substituído.
  • 21:54 - 21:56
    Todos esqueceram que era um experimento.
  • 21:56 - 22:00
    Havia uma regra de que não se referissem a ele como tal.
  • 22:00 - 22:03
    Mesmo Zimbardo (como um fictício superintendente prisional)
  • 22:03 - 22:07
    acabou procurando delações, convencendo os incomodados
  • 22:07 - 22:10
    a sujeitarem-se ainda mais, etc.
  • 22:10 - 22:12
    O experimento entrou em colapso depois de 5 dias,
  • 22:12 - 22:14
    ele lembra algum lugar a vocês?
  • 22:14 - 22:16
    O Google acha que sim:
  • 22:17 - 22:18
    Ele diz Abu Ghraib.
  • 22:19 - 22:22
    Em par com o experimento de Zimbardo
  • 22:22 - 22:26
    vem a associação direta com Stanley Milgram, que mencionamos hoje;
  • 22:26 - 22:29
    de fato Milgram e Zimbardo foram amigos de escola.
  • 22:29 - 22:31
    O experimento de Milgram mostrou que mais de 90% das pessoas
  • 22:32 - 22:34
    testadas aplicariam o que acreditavam
  • 22:35 - 22:37
    ser choques mortalmente perigosos a vítimas não vistas,
  • 22:38 - 22:42
    se comandadas por um coordenador de uniforme branco.
  • 22:42 - 22:44
    Zimbardo mostra que pessoas comuns em uma estrutura prisional
  • 22:45 - 22:46
    podem produzir tensão e violência.
  • 22:47 - 22:50
    Impessoalização vai ao encontro do esquema de comando,
  • 22:50 - 22:53
    coerção e administração de poder estruturais.
  • 22:53 - 22:58
    Distorcemos uma criatura comum
  • 22:59 - 23:02
    se a tratarmos de forma distorcida.
  • 23:02 - 23:06
    Já Milgram mostra como as pessoas são levadas a punir outras.
  • 23:07 - 23:10
    Assim, temos que desvendar o comportamento de guardas brutais,
  • 23:10 - 23:13
    não como uma deturpação da metodologia prisional,
  • 23:13 - 23:16
    mas um sintoma de seus efeitos em seres humanos
  • 23:16 - 23:19
    independente de que lado da lei estão.
  • 23:20 - 23:22
    Parte II: Decisão e Governança
  • 23:23 - 23:27
    Que passos damos para adaptar prisões? Adaptá-las em que?
  • 23:27 - 23:29
    O que governa o desenvolvimento das prisões hoje?
  • 23:29 - 23:33
    Para muitos, ainda é a erradicação do comportamento criminal
  • 23:33 - 23:36
    ou o pagamento de um débito social de alguma forma.
  • 23:36 - 23:40
    Como minha alegação é de que a cultura gera a prisão,
  • 23:40 - 23:43
    devíamos todos ser capazes de prever o seguinte:
  • 23:43 - 23:47
    Em uma cultura social baseada no lucro
  • 23:47 - 23:51
    o sistema prisional refletirá essa tendência
  • 23:51 - 23:54
    do lucro acima de qualquer outra consideração,
  • 23:54 - 23:57
    ou seja, conluio, fraude, etc., da mesma forma.
  • 23:58 - 24:00
    Então, não é surpresa
  • 24:00 - 24:03
    que vejamos a evolução de prisões privadas
  • 24:03 - 24:07
    como força dominante no sistema correcional atual.
  • 24:07 - 24:12
    As americanas Wackenhut e CCA (Corporação Correcional da América)
  • 24:12 - 24:15
    e suas subsidiárias na Austrália e outros países
  • 24:15 - 24:19
    são agora proeminentes, mas menos conhecidas do que deveriam,
  • 24:19 - 24:23
    vendidas à sociedade como "alternativas baratas" às prisões estatais,
  • 24:23 - 24:27
    mas mais "eficientes", devido ao suporte corporativo.
  • 24:27 - 24:31
    A CCA, por exemplo, tem agora uma oferta
  • 24:31 - 24:33
    para assumir todo o aparato correcional
  • 24:33 - 24:36
    dos 48 estados americanos.
  • 24:37 - 24:39
    Um elemento chave da oferta
  • 24:39 - 24:43
    é a promessa de ocupação de ao menos 90% da capacidade.
  • 24:44 - 24:48
    Ou seja, agora medimos o sucesso do sistema prisional
  • 24:48 - 24:51
    por indicadores econômicos que vão contra
  • 24:51 - 24:54
    o bem estar dos internos e da população em geral.
  • 24:54 - 24:59
    Valorizado por ser maior, e não menor.
  • 24:59 - 25:03
    Pelo dinheiro que economiza, não as vidas que salva.
  • 25:04 - 25:07
    A manutenção de uma população prisional estável
  • 25:07 - 25:11
    ou, ainda melhor, crescente
  • 25:11 - 25:15
    tornou-se bom para milhares de indústrias satélites.
  • 25:15 - 25:18
    2 milhões de detentos comem 6 milhões de refeições ao dia,
  • 25:18 - 25:21
    literalmente um público cativo para serviços de alimentação.
  • 25:21 - 25:24
    A telefônica Sprint fez grandes contratos com prisões
  • 25:24 - 25:27
    para fornecer serviços de comunicação. Internos adoecem,
  • 25:27 - 25:31
    desenvolvendo companhias de saúde privadas que os servem.
  • 25:31 - 25:34
    Wackenhut e CCA negociam ações em Wall Street
  • 25:34 - 25:37
    com base no tamanho da população prisional,
  • 25:37 - 25:40
    quanto maior melhor para a economia.
  • 25:40 - 25:43
    Já mencionei as 3 leis dos EUA:
  • 25:43 - 25:47
    as 3 Batidas, Restrição à Progressão, Sentença Mínima Obrigatória,
  • 25:47 - 25:49
    todas têm um efeito sobre a população prisional.
  • 25:49 - 25:53
    É interessante notar que essas leis e muitas outras
  • 25:53 - 25:56
    são elaboradas por uma organização chamada
  • 25:56 - 26:00
    Conselho de Câmbio Legislativo Americano (ALEC).
  • 26:01 - 26:04
    Centenas de leis estaduas são aprovadas todo ano
  • 26:04 - 26:09
    como "heroicas" para as políticas públicas americanas.
  • 26:10 - 26:12
    A ALEC sustenta que sua agenda promove:
  • 26:12 - 26:17
    livre mercado, governos enxutos, direitos de estado e privatização.
  • 26:17 - 26:19
    Durante esses encontros fechados,
  • 26:19 - 26:22
    centenas de representantes da indústria prisional, como Wackenhut,
  • 26:22 - 26:28
    pagam caro para debater textos pré-moldados
  • 26:28 - 26:31
    de leis que serão levadas por representantes estaduais
  • 26:31 - 26:34
    para seus estados, onde elas serão apresentadas
  • 26:34 - 26:37
    como posições daquele representante
  • 26:37 - 26:40
    em vez da corporação que infiltrou aquela lei.
  • 26:40 - 26:44
    Vocês veem porque não confio nas ideias do governo?
  • 26:45 - 26:47
    São pré-concebidas!
  • 26:47 - 26:49
    [Aplausos]
  • 26:52 - 26:55
    Restrição à progressão, a propagada sentença mínima obrigatória
  • 26:55 - 26:59
    e as 3 batidas foram todas promovidas
  • 27:00 - 27:03
    pela força-tarefa de justiça criminal da ALEC, incluindo a CCA
  • 27:03 - 27:06
    (que agora alega ter saído da ALEC no último ano) e outras
  • 27:06 - 27:10
    para garantir uma população prisional robusta e crescente
  • 27:10 - 27:15
    garantindo a viabilidade da indústria prisional privada.
  • 27:15 - 27:19
    Há mais. O trabalho forçado, por uma mixaria
  • 27:19 - 27:23
    ou nada, permite que as empresas usem trabalho prisional
  • 27:23 - 27:27
    para produzir coisas mais baratas e vender a um valor maior
  • 27:27 - 27:30
    (ou maior lucro) à população não prisional.
  • 27:30 - 27:33
    Há uma suave diferença aí, não há?
  • 27:33 - 27:37
    É mais eficiente economicamente se o lucro é seu guia,
  • 27:37 - 27:40
    como se não falássemos da viabilidade da prisão
  • 27:40 - 27:43
    enquanto ferramenta de reabilitação social.
  • 27:43 - 27:47
    Devia ser chamado como é: Escravidão 2.0!
  • 27:47 - 27:50
    É todo um novo foco da medida de sucesso
  • 27:50 - 27:54
    desse sistema em indicadores econômicos baseados em privação,
  • 27:54 - 27:57
    acesso restrito e controle antes de tudo.
  • 27:57 - 28:01
    Propagou-se para prisões privadas no Reino Unido, Austrália e além.
  • 28:01 - 28:03
    Se a prisão é um microcosmo da sociedade
  • 28:03 - 28:06
    como James Gilligan declara no livro "Prevenindo a Violência"
  • 28:06 - 28:10
    e que Dostoyevski refere-se em minha citação de abertura,
  • 28:10 - 28:14
    ela se ampliará se nosso paradigma tornar-se mais predatório
  • 28:14 - 28:17
    como buscam as forças dominantes pró-lucro
  • 28:17 - 28:20
    que desviam a atenção da mídia e influenciam a política,
  • 28:20 - 28:23
    como se espera de qualquer outra área
  • 28:23 - 28:26
    que seja tomada, mercantilizada e comoditificada,
  • 28:26 - 28:29
    transformada em um mecanismo de viabilidade econômica
  • 28:30 - 28:32
    em vez de viabilidade.
  • 28:33 - 28:35
    [Aplausos]
  • 28:41 - 28:43
    Qual a alternativa então?
  • 28:43 - 28:46
    Uns 2 anos atrás eu falava com um taxista (como costumo)
  • 28:46 - 28:49
    sobre o homem de Utah sentenciado à morte,
  • 28:49 - 28:51
    que escolheu ser morto pelo pelotão de fuzilamento,
  • 28:52 - 28:54
    em 2010!
  • 28:54 - 28:58
    Falando em punição e seus efeitos, sugeri
  • 28:58 - 29:01
    que a violência do sistema penal encoraja mais crimes,
  • 29:01 - 29:05
    divisão social e doenças sociais. O taxista respondeu:
  • 29:05 - 29:08
    "O que você quer, dar-lhes uma medalha?"
  • 29:08 - 29:10
    Essa visão dual, de recompensa ou punição,
  • 29:11 - 29:13
    é fácil de se cair,
  • 29:13 - 29:15
    mas estamos tentando resolver o problema do crime,
  • 29:16 - 29:18
    e não ignorá-lo ou celebrá-lo.
  • 29:18 - 29:22
    Resolvê-lo, e não gerenciá-lo em uma estrutura que perpetua
  • 29:22 - 29:25
    a violência que origina o comportamento criminal,
  • 29:25 - 29:30
    e criar uma sociedade com menos crime e violência,
  • 29:30 - 29:33
    não apenas estender o curativo prisional mais além.
  • 29:33 - 29:37
    Como o trabalho de James Gilligan, Wilkinson e Pickett no livro
  • 29:37 - 29:40
    "O Nível Espiritual" e muitos outros trabalhos deixam claro:
  • 29:41 - 29:45
    destratar, privar, limitar e humilhar um ser humano
  • 29:45 - 29:48
    é a certeza para comportamentos mais aberrantes e violentos.
  • 29:48 - 29:52
    Sacuda um jarro de vidro com formigas e elas lutarão.
  • 29:52 - 29:56
    Sacuda como punição, elas lutarão ainda mais, ad infinitum.
  • 29:57 - 29:59
    Então, aceitei o desafio do taxista
  • 29:59 - 30:03
    e procurei prisões alternativas ou outras abordagens.
  • 30:03 - 30:07
    Não precisei ir longe. Nas montanhas da Estíria, Áustria,
  • 30:07 - 30:11
    na cidadezinha de Leoben, há uma prisão tão irreconhecível
  • 30:11 - 30:14
    que se tornou um email viral em 2008.
  • 30:15 - 30:18
    Comentários como "talvez eu deva cometer uns crimes
  • 30:18 - 30:22
    para ir a esse acampamento de férias!" eram frequentes
  • 30:22 - 30:25
    e chegaram a ecoar em um artigo do NY Times
  • 30:25 - 30:28
    que descrevia a prisão e falava com o arquiteto.
  • 30:28 - 30:30
    Então, pensei em dar uma olhada nesse lugar
  • 30:30 - 30:33
    e perguntar ao diretor o que achava da viabilidade, função
  • 30:34 - 30:37
    e papel da prisão. Então, fui à prisão
  • 30:37 - 30:39
    (a qual tenho certeza que agrada a vocês).
  • 30:39 - 30:42
    O mestre Manfred Giessauf e o chefe da guarda
  • 30:42 - 30:44
    deram 2 generosas horas de seu tempo,
  • 30:44 - 30:47
    permitiram gravar a entrevista e até mostraram a prisão!
  • 30:48 - 30:51
    Tem uma biblioteca, obras de arte nos muros,
  • 30:51 - 30:54
    projetados para os detentos preencherem, salas de exercício
  • 30:54 - 30:58
    e áreas abertas que permitem ver à distância;
  • 30:58 - 31:00
    Isso é algo que não percebemos, e as pessoas esquecem.
  • 31:00 - 31:02
    Consideramos distância algo comum.
  • 31:02 - 31:06
    O prédio todo é de vidro para permitir a entrada de luz.
  • 31:06 - 31:09
    Portanto os prisioneiros, não envoltos em escuridão,
  • 31:09 - 31:11
    podem sentir que estão em uma instituição
  • 31:12 - 31:14
    projetada para reabilitação.
  • 31:14 - 31:17
    Coerentes ao projeto, os cursos de reintegração social
  • 31:17 - 31:21
    oferecem aos detentos os fundamentos da operação da prisão.
  • 31:21 - 31:25
    A violência é muito menor, assim como o absenteísmo
  • 31:25 - 31:28
    dos guardas; praticamente um quarto do absenteísmo
  • 31:28 - 31:32
    em prisões normais, então os guardas também não sofrem.
  • 31:32 - 31:34
    O princípio básico dessa prisão é literalmente inevitável,
  • 31:35 - 31:37
    afixado no muro, ele diz:
  • 31:37 - 31:40
    "Jeder, dem seine Freiheit entzogen ist, muss menschlich
  • 31:40 - 31:42
    und mit Achtung vor dem Menschen
  • 31:42 - 31:45
    innewohnenden Würde behandelt werden",
  • 31:45 - 31:49
    "Todos os privados de liberdade devem ser tratados com humanidade
  • 31:49 - 31:52
    e respeito pela dignidade inerente da pessoa humana."
  • 31:52 - 31:56
    Vem da Convenção Internacional de Direitos Políticos e Civis.
  • 31:57 - 31:58
    [Aplausos]
  • 31:58 - 32:00
    Sim, deem a eles uma salva de palmas!
  • 32:05 - 32:08
    (São pessoas adoráveis. Nem questionaram
  • 32:08 - 32:10
    porque eu estava entrevistando-os.)
  • 32:10 - 32:13
    O orçamento do Centro Correcional Leoben era de uns €50 milhões.
  • 32:13 - 32:15
    Foi concluído em 2007,
  • 32:15 - 32:18
    contratado em um concurso de arquitetura.
  • 32:18 - 32:21
    "50 milhões", perguntei, "por que não construir mais prisões
  • 32:21 - 32:23
    ou economizar e fazer uma mais barata?
  • 32:24 - 32:27
    Afinal, não seria econômico poupar dinheiro,
  • 32:27 - 32:31
    baratear processos, cortar serviços, reduzir a gordura?"
  • 32:31 - 32:32
    A resposta:
  • 32:32 - 32:36
    "Depende se você contabiliza o custo social
  • 32:36 - 32:39
    para a economia social. Você pode fazer prisões baratas.
  • 32:39 - 32:43
    Pode fazer uma prisão com estrutura mais barata;
  • 32:43 - 32:45
    mas se dirige uma prisão como as Supermax americanas,
  • 32:46 - 32:48
    você produz bombas-relógio humanas.
  • 32:49 - 32:51
    São liberadas em algum momento, e quem sabe
  • 32:51 - 32:54
    os custos sociais de tal ato?
  • 32:54 - 32:58
    No mínimo, não podemos liberar prisioneiros piores
  • 32:58 - 33:00
    do que eram quando os recebemos."
  • 33:01 - 33:05
    Leoben não é um experimento ideal para reforma prisional.
  • 33:05 - 33:08
    Não há prisão perpétua nesse sistema,
  • 33:08 - 33:10
    e criminosos muito violentos não vão para lá.
  • 33:10 - 33:13
    Por ironia, muitos estão lá por crimes monetários,
  • 33:13 - 33:17
    que tendem a se repetir depois da liberdade
  • 33:17 - 33:19
    já que não devem ter boas ofertas de emprego
  • 33:19 - 33:23
    e provavelmente têm dívidas, pelas quais foram presos.
  • 33:23 - 33:26
    Pode ser uma gaiola dourada, mas é uma gaiola,
  • 33:26 - 33:30
    limitada em sua utilidade pelo funcionamento geral
  • 33:30 - 33:35
    ou disfuncional da sociedade que povoa suas instalações.
  • 33:35 - 33:38
    Ainda é um curativo, mas do qual podemos aprender,
  • 33:38 - 33:42
    cujos valores vêm da Convenção Internacional dos Direitos Civis:
  • 33:42 - 33:45
    os direitos de seres humanos, portanto,
  • 33:45 - 33:48
    sendo o ponto de partida a trabalhar, e não o lucro
  • 33:48 - 33:51
    ou baixo custo ou qualquer coisa tão servil
  • 33:52 - 33:55
    como as prisões privadas nos EUA, Reino Unido ou Austrália.
  • 33:57 - 33:59
    Como espécie, temos que entender
  • 33:59 - 34:02
    que o desejo de ver os outros presos é a mesma violência
  • 34:02 - 34:04
    que vemos no crime.
  • 34:04 - 34:07
    A punição que infligimos a prisioneiros é a mesma violência
  • 34:07 - 34:10
    que afirmamos condenar ao agir dessa forma.
  • 34:10 - 34:12
    Acima de tudo, é preciso perceber
  • 34:12 - 34:15
    que prisões não resolvem problema nenhum.
  • 34:15 - 34:19
    São outra fonte de violência e de poder e controle sistematizados.
  • 34:20 - 34:22
    Resolver a criminalidade, viver em uma sociedade não violenta,
  • 34:22 - 34:26
    é viver em uma sociedade onde prisões são erradicadas.
  • 34:26 - 34:30
    Concentrar esforços em terapias positivas que previnam violência,
  • 34:31 - 34:33
    e ao mesmo tempo busquem uma sociedade
  • 34:33 - 34:36
    que previna a violência desde o início.
  • 34:36 - 34:39
    Fazer isso é resolver a questão prisional.
  • 34:40 - 34:42
    [Aplausos]
  • 34:46 - 34:49
    Basear uma instituição em direitos humanos é mudar
  • 34:49 - 34:54
    as instalações físicas de acordo a necessidades humanas:
  • 34:54 - 34:58
    luz solar, espaço, interação social. Baseá-la na função,
  • 34:58 - 35:01
    em vez da forma, é ignorar o equilíbrio contábil
  • 35:01 - 35:05
    pelo sucesso do sistema em relação aos seres humanos
  • 35:05 - 35:08
    e não para alguma corporação se beneficiar de uma porção
  • 35:08 - 35:11
    da sociedade que por acaso trabalha para eles naquele momento.
  • 35:11 - 35:14
    Claro, não é culpa deles, é? A questão é que
  • 35:14 - 35:17
    eles também estão presos ao sistema de endividamento
  • 35:17 - 35:20
    sistematizado que cria o sistema prisional.
  • 35:20 - 35:22
    Acima de tudo, resolver o problema do crime
  • 35:22 - 35:26
    não é construir mais prisões, como se diz sempre
  • 35:26 - 35:28
    em discussões públicas,
  • 35:28 - 35:31
    como a solução de uma doença não é passar
  • 35:31 - 35:34
    mais tempo no hospital, em vez de tratar a doença
  • 35:34 - 35:38
    que está debilitando o corpo.
  • 35:38 - 35:40
    A solução para a doença é a erradicação
  • 35:40 - 35:44
    ou cura de seus elementos não funcionais.
  • 35:45 - 35:48
    A solução da doença do crime e do mal da sociedade
  • 35:48 - 35:50
    é uma reorientação desde a base da função social
  • 35:50 - 35:53
    para conter as consequências da disfunção social,
  • 35:53 - 35:55
    que chamamos de crime.
  • 35:55 - 35:58
    Até lá, não mudaremos nada
  • 35:58 - 36:01
    até mudarmos nós mesmos e nossos valores; e conhecê-los.
  • 36:02 - 36:06
    Hoje, tratamos os problemas o mais barato e forçado possível.
  • 36:06 - 36:09
    Assim, prisão é um tratamento barato
  • 36:09 - 36:12
    e não uma correção para a criminalidade.
  • 36:13 - 36:16
    De forma ampla, prisão é a essência social
  • 36:16 - 36:21
    de nossas atitudes para com a mente e o indivíduo.
  • 36:21 - 36:25
    Um dia, se nossos preceitos culturais e princípios econômicos
  • 36:26 - 36:30
    forem orientados para soluções a respeito da coesão social
  • 36:30 - 36:33
    e verdadeira sustentabilidade, as populações futuras
  • 36:34 - 36:37
    verão nossa era com mais horror
  • 36:37 - 36:40
    do que vemos as sociedades anteriores de tortura
  • 36:40 - 36:44
    e violência bruta, como no início dessa apresentação,
  • 36:44 - 36:47
    pois tínhamos a compreensão científica das coisas
  • 36:47 - 36:49
    e não agimos sobre elas.
  • 36:50 - 36:53
    Sintam a futura humanidade pasma
  • 36:53 - 36:57
    ao olhar nossa era, essa em que vivemos.
  • 36:57 - 37:00
    Coloque-se no futuro e olhe para trás,
  • 37:00 - 37:02
    com o horror que eles sentirão.
  • 37:02 - 37:05
    Até nos tornarmos a base para essa população futura,
  • 37:05 - 37:08
    eles não deixarão de nos olhar com horror, descrença
  • 37:08 - 37:12
    e arrependimento, pois nos entenderão melhor
  • 37:12 - 37:15
    do que entendemos a nós mesmos e a nossos presos.
  • 37:15 - 37:18
    Para eles, de fato, somos todos prisioneiros.
  • 37:18 - 37:20
    Muito obrigado, eu gostaria de agradecer a todos
  • 37:20 - 37:22
    que falaram aqui hoje.
  • 37:22 - 37:24
    [Aplausos]
  • 37:32 - 37:34
    Eles fazem de graça!
  • 37:36 - 37:37
    Fazem porque é divertido.
  • 37:37 - 37:41
    Gostaria de agradecer a todos vocês por comparecerem.
  • 37:41 - 37:44
    É muito gentil de sua parte; isso nunca é menosprezado.
  • 37:44 - 37:47
    Vamos descer a rua até um pub! Juntem-se a nós.
  • 37:47 - 37:50
    A 300 metros, do outro lado da rua, na esquina.
  • 37:50 - 37:53
    Perdão, esqueci o nome. Estaremos lá a noite toda,
  • 37:53 - 37:57
    bebendo e respondendo perguntas, e perguntando também.
  • 37:57 - 37:58
    Obrigado novamente.
  • 37:58 - 38:00
    [Aplausos]
  • 38:00 - 38:02
    Obrigado, Ben.
Title:
Ben McLeish - Prison, Punishment and Profit | Z-Day 2012 [ The Zeitgeist Movement ]
Description:

*Please sign up for our main Mailing List:
http://www.thezeitgeistmovement.com/ *

"Visibility is a Trap." - Michel Foucault

The modern incarnation of the prison system is evaluated at its root value set, and core functions. Discussed are the origins of prison in torture and public spectacle, its inversion into modern incarceration models, and the morphing of the carceral model into one which reflects the dominant economic value system - profit before intended function, and its resulting violent social costs.

Additionally, prison's effects upon non-criminals (including guards) are detailed in order to demonstrate the system's wholly undermining effects upon social integrity, regardless of criminality.

The solution to crime is not more prisons, but the wholesale reorientation of society to a supportive, human-centered global citizenry, where the causes of crime are dealt with by the removal of stresses on the individual level, and the replacement of a competitive, divisive economic-social model with one of support, collaboration and rational, humane global village.

Main Sources:
Books:
Discipline & Punish - Michel Foucault
Violence - James Gilligan
Preventing Violence - James Gilligan
The Lucifer Effect - Dr Phillip Zimbardo
The Show of Violence - Dr Frederic Wertham
Zero Degrees of Empathy - Simon Baron-Cohen
The Spirit Level - Wilkinson and Pickett
Value Wars - John McMurtry (esp. Part II - Unlocking the Invisible Prison, pp 70-78)
Journal Articles:
Private Prison Management - Panacaea or Pretense? - Sarah Vallance
Prison's Dilemma: Do Education and Jobs Programmes Affect Recidivism? - Sedgley, Scott et al
The Psychopharmacologic Treatment of Violent Youth - Gilligan and Lee
The Last mental Hospital - Gilligan
Other:
Site Visit to Leoben Correctional Center, Austria

more » « less
Video Language:
English
Duration:
38:06

Portuguese, Brazilian subtitles

Revisions