Desafio o leitor a ter numa forma profunda de ceticismo
desafiando nossas noções fundamentais
do que a matéria é
do que a fisicalidade
do que a categoria inteira do que é o físico é
e junto disso,
desafiar muitas de nossas suposições mais profundas
dentro da comunidade científica e de todo lugar
sobre a natureza e origens e potenciais da consciência
e o papel da consciência no universo
o devaneio padrão que domina o meio acadêmico
praticamente em todo o mundo
insiste que tudo no universo realmente consiste de
espaço, tempo, massa, energia
e as propriedades que emergem da massa e da energia
as funções e propriedades emergentes e as características
da massa e da energia
por isso, o termo fisicalismo ou materialismo científico
a suposição por trás dessa visão
é que o que está absolutamente lá,
independentemente dos nossos conceitos humanos e
independente de nossas medidas
realmente é, precisamente, isto
espaço, tempo, massa e energia
o que as pessoas geralmente erram em não reconhecer
é a própria categoria do "físico"
do "mental"
é uma categoria que nós humanos construímos
e não apenas construímos mas re-construímos
ao longo dos últimos 400 anos
e, de fato, há muito mais tempo
mas nos últimos 400 anos da ciência
nós criamos, nós concebemos
baseado em nossos modos de observação
de medir, de nossas experimentações
exatamente quais os parâmetros do físico são
o que é matéria, o que não é matéria
estas são definições humanas
e essas definições humanas evoluíram com a ciência
a matéria física é precisamente o que as ciências físicas
são boas em medir
mas a categoria, de novo, é uma idéia física
então a noção que tudo no universo
deve caber numa idéia que nós humanos concebemos
e insistir além disso, que tudo no universo inteiro,
deve caber numa idéia que concebemos agora
que é a versão de 2009
me parece como uma real forma de idolatria
assim como os antigos judeus tinham o Bezerro de Ouro
algo que criaram e veneraram
e como aquilo nós criamos o Bezerro de Ouro do físico
da matéria
venerando-o virtualmente
como a fonte de toda a realidade
a fonte de toda bondade, a fonte de toda felicidade
mas é uma idéia
é um tipo de idolatria
e, francamente, acho que é um absurdo
acreditar que tudo no universo cabe em uma
idéia construída que criamos baseado
em tipos de medidas que nós humanos
estivemos empenhados nos últimos 400 anos
é na verdade pretencioso
então estou sugerindo, neste livro,
que olhemos além da categoria particular do físico
uma vez que o próprio espaço
não é composto de massa e energia
o tempo não é composto de massa e energia
e talvez, muito importante, as equações matemáticas
as leis da natureza
elas também não consistem
de espaço, tempo, massa ou energia
e ainda assim, quem pode negar
que esses princípios matemáticos,
que essas leis matemáticas da natureza, existem
mas não são físicas
então eu disse, antes do livro,
que eu desafio o leitor a reassessar também
a natureza da consciência
que a ciência convencional tem assumido
que a consciência simplesmente aparece
de uma forma ainda inexplicável
a partir de configurações complexas de...
compostos químicos
engajados ou interagindo com eletricidade
mas ninguém está propondo exatamente
como isso acontece
ninguém está propondo com qualquer grau de confiança
ou com confirmação empírica
quando a evolução da vida neste planeta
a consciência apareceu pela primeira vez
e quais as condições para que aparecesse
e também não sabemos como,
no desenvolvimento do feto humano,
dentro do útero de sua mãe,
e também não sabemos quando a consciência aparece
e quais as causas necessárias para que isso aconteça
nós simplesmente assumimos
que, de alguma forma, a consciência deve
simplesmente emergir da matéria
e porque
porque nós somos muito bons em observar a matéria
somos muito bons em observar e investigar
e realizar experimentos
em configurações de massa e energia
mas a ciência inteira, nos últimos 400 anos,
nunca concebeu nenhum meio sofisticado
para observar diretamente estados de consciência
a mente
os processos mentais
especialmente ao longo do último século
a maioria esmagadora das investigações científicas
sobre a natureza da mente tem sido indireta
focando no que a ciência é boa em olhar
o físico, o objetivo, o quantificável
então certamente cientistas, psicólogos cognitivos,
neurocientistas
irão interrogar os outros sobre
suas experiências subjetivas
mas um psicólogo cognitivo comentou recentemente
nós não tomamos os relatos de outras pessoas
outras experiências subjetivas como fatos
nós simplesmente os tomamos como relatos
como dados
o mesmo psicólogo cognitivo afirmou que
todas os experimentos subjetivos consistem de
alucinações
então temos que nos basear mais
nos princípios metafísicos do materialismo
do que em nossas próprias experiências imediatas
como se nossas experiências imediatas não contassem
e nós deveríamos confiar mais
nas observações da ciência
como se tivessem um acesso especial
e nas suposições metafísicas de que tudo
deve se resumir matéria
e nas propriedades emergentes da matéria
esse modo de pensar de ignorar ou marginalizar
a experiência em primeira pessoa
e insistir que princípios metafísicos
que agradam à autoridade de uma certa comunidade
é exatamente o modo de pensar
do classicismo medieval
é exatamente o jeito de pensar
que os pioneiros da revolução científica
se rebeleram contra
é dito que os escolásticos
que os filósofos escolásticos em particular
se negavam a olhar pelo telescópio de Galileu
ou telescópios comparáveis aos dele
porque tinham certeza que se vissem algo
que refutasse suas próprias suposições metafísicas
baseadas na Bíblia, baseadas em Aristóteles
e outros pensadores gregos
se eles vissem qualquer coisa que refutasse
o que eles acreditavam ser verdade
eles teriam certeza que o que eles viam devia ser alucinação
e portanto não deveria ser dado qualquer crédito
poderia ser ignorado, marginalizado
esta é exatamente a atitude
de muitos cientistas cognitivos hoje
se você nota algo ao observar sua própria mente
que viole princípios do materialismo científico
você deve estar observando uma alucinação
sua direta observação de sua própria mente não conta
e, de fato, psicólogos cognitivos
neurofisiólogos cognitivos
não desenvolveram nenhum meio de observar
estados mentais de nenhuma maneira
eles vivem nas mãos de amadores
mas dizem que os relatos dos amadores não são factuais
eles são simplesmente o que os amadores disseram
então estamos agora em uma situação
no que diz respeito à consciência
e, de fato, à mente
comparável ao que filósofos naturais medievais
estavam envolvidos no início do Século 17
uma igreja massiva e muito poderosa
mas algumas pessoas, como Galileu,
que eram empiricistas verdadeiros
e insistiam que não iam perceber com nossos sensos
quando olhamos pro céu
observando o sol, a lua e as estrelas
se nós vermos algo diretamente
especialmente usando métodos sofisticados de observação
que supera as suposições, ou refuta as suposições
do escolacicismo medieval
essas suposições devem morrer
e nós nos basearemos primeiramente nas experiências
esta é a visão dos contemplativos budistas
e de outros contemplativos pelo mundo
nós nos basearemos primeiro na experiência imediata
da natureza da mente, de estados de consciência
e nós vamos sondar os espaços da mente
como astrônomos sondaram o espaço físico
o espaço do universo
e então contemplativos budistas e outros
tem encontrado dimensões múltiplas
tem encontrado dimensões de consciência
que estão por baixo da nossa psiqué ordinária
da mente consciente e subconsciente
chamada de consciência substrata
que é bem-aventurada, luminosa e não-conceitual
e que não surge da matéria
não surge da atividade neurológica no cérebro
não surge da matéria de qualquer tipo
não é material, não surge do material
é condicionada pela matéria
mas não surge da matéria
uma dimensão mais profunda da consciência
aqueles que acessam a consciência substrata
o contínuo sutil da consciência mental
usam isso como uma plataforma
como lançar um telescópio Hubble
além da atmosfera
do nosso planeta
para poderem sondar no espaço profundo
para além das distorções
da atmosfera, da contaminação da atmosfera
da luz, da poluição e assim por diante
e permitiram-lhes sondar muito mais profundamente
o espaço do universo
da mesma maneira, aqueles que lançaram suas mentes
na órbita, no substrato da consciência
usaram isso como uma plataforma para sondar
(continua na parte 2)