Não devia surpreender ninguém que eu sempre esteja na procura de personagens femininas fortes, dinâmicas e atraentes na cultura popular e a última representação feminina de ficção da que todo o mundo está a falar é Katniss Everdeen, a dinâmica protagonista dos romances Os Jogos da Fome escritos por Suzanne Collins. Para aquelas pessoas que desconheçam a trilogia, as novelas acontecem numa América do norte num futuro distópico, num país chamado Panem. O título do livro é uma referência ao evento anual organizado pelo governo opressivo no que 24 crianças som seleccionadas ao acaso para participarem num combate a morte televisivo. Nos Jogos da Fome, como som chamados, as crianças som obrigadas a se assassinar brutalmente até só ficar uma em pé. Para este vídeo, vou deixar de lado o facto de que algumas das analogias que Collins tenta estabelecer com a tele-realidade, o desporto profissional e a guerra começam a falir quando som olhadas pelo miúdo. Eu apreço seu intento de comentar criticamente tópicos sociais, simplesmente não acredito que pais e mais a entregarem passivamente as suas crianças para estas serem massacradas na TV nacional sem luta significativa. Só é possível acreditar num combate a morte como um espectáculo quando as pessoas participantes têm sido desumanizadas ou expulsadas pela sociedade, como convictos ou escravos por exemplo, Não funciona quando simplesmente um escolhe crianças por azar entre a população geral. Dito isto, no vídeo vou-me focar principalmente na representação da personagem de Katniss no primeiro livro e na adaptação cinematográfica. Acho que o primeiro livro de Os Jogos da Fome, saído do prelo em 2009 foi umha leitura cativante, incitante e atraente e eu realmente desfrutei sendo submergida no mundo de ficção científica criado por Collins. Se não leste o livro ou viste o filme ainda [spoilers] ficas avisada. A história segue a Katniss, de 16 anos que mora numa pobre comunidade mineira no distrito 12. Ela luta para manter sua família na ausência de seu pai e depois para sobreviver na brutalidade dos Jogos da Fome. Ela é uma,mulher nova, dura, séria e responsável que usa sua inteligência para apoiar sua família numa situação que parece desesperada. Katniss não é simplificada ao seu género, isto é: seu comportamento e acções não som atribuídas a ela pelo simples facto de ser uma mulher, ela não é sensualizada nem objectivada no livro. Os seus problemas e prioridades reais pela sua família e supervivência som apresentados em nítido contraste com os valores superficiais que lhe som impostos pelo governo de Capitol enquanto ela é preparada para o espectáculo mediático dos Jogos da Fome. Essas cenas de preparação proporcionam uma crítica da indústria da beleza e da decadência da riqueza. em contraste com os distritos de classe pobre e trabalhadora que têm dificuldades para conseguir comida suficiente para suas famílias. Katniss demonstra empatia e compaixão por aquelas pessoas ao seu redor, incluindo as suas amizades, família e todas as oprimidas e pouco privilegiadas em Panem. Mais tarde na Areia ela desenvolve uma relação de apoio e confiança com Rue, o tributo do distrito 11. Mais tarde, quando Rue é assassinada tragicamente, Katniss reage a sua morte com honra e respeito. Os elementos românticos do primeiro livro, foram rangeram um bocado sendo a maioria as incertezas de Katniss sobre seos sentimentos de Peeta por ela e sua dúvida sobre som genuínos ou simplesmente fingidos. Fica claro que Collins estava a construir um triângulo amoroso entre Peeta, Katniss e Gale do estilo de Edward, Bella e Jacob. Isto não é nada novo em romances que têm como alvo garotas e mulheres e podo ignorar este cliché pois não é fulcral para o argumento do primeiro livro. A inocência de Katniss sobre o cortejo e as relações faz sentido se consideramos sua idade e as suas dificultosa situação social, económica e familiar, a sua inocência e confusão é uma parte compreensível do desenvolvimento da personagem, mas só na primeira parte da trilogia, por desgraça o triângulo amoroso vira muito mais importantes no livos 2 e 3. Tem havido protestos compreensíveis pelos altos níveis de violência na novela, especialmente se consideramos que tem como alvo jovens adultos. Acho que é uma crítica justa mas o jeito no que Katniss percebe e emprega a violência faz dela dalguma maneira algo único. Especialmente se comparamos com outras das chamadas "fortes personagens femininas" cuja força normalmente nasce da sua habilidade e disposição para exercer violência. Embora Katniss possui as habilidades de caça e rastrejo necessária para sobreviver no duro terreno da Arena. ela permanece confusa e tem problemas com a ideia de assassinar pessoalmente outro ser humano ainda no contexto dum combate a morte. Admiravelmente ela não se pode forçar para desejar a morte das pessoas oponentes nem das inimigas. Ainda sendo consciente que de permanecerem com vida ela nunca poderia voltar a casa. Esses momentos amossam que Katniss não virou totalmente dessensibilizada com a violência e o sofrimento ainda quando foi forçada a participar num horrível e violento sistema. Dito isto, desejaria que Collins fosse mais consistente quando escreve as respostas de Katniss perante a morte. Quando Rua é assassinada o feito é descrito como profundamente traumático e emocional para Katniss. [A escritora] não fai que Katniss corra na procura de vingança, aliás permite que chore a morte dum jeito mui humano. Estamos do seu lado quando luta com o processo de luto. Apropriadamente ela sente choque, dor, culpabilidade e depressão temporal. Cumpre reconhecer que Collins descreve o processo emocional como testemunha da força de Katniss e não duma debilidade. Porém quando Foxface é acidentalmente mas tragicamente morto por amoras venenosas, Katniss nem pestaneja. Ela não mostra nenhuma reacção emocional apesar da jovem tributo do distrito 5 não ter ferido ninguém durante os Jogos. Embora Katniss nom tiver umha relação pessoal com Foxface, sua morte teria que ter sido representada como trágica e inquietante. Não pode rematar sem lembrar que na realidade a violência é traumática e tem consequências reais duradoiras para todas as pessoas implicadas. Não estou pedindo histórias completamente livres de violência, mas defendo que a violência tem que ser representada de forma consistente e tem que reflectir as suas repercussões emocionais e físicas. Numa cultura mediática que exagera e enche de atrativo a violência, é refrescante ver uma personagem como Katniss, reagir perante a violência duma forma mais honesta e genuína, a maior parte do tempo. Gosto de Collins não ter deixado Katniss sair da Arena intacta. Ela sofre graves consequências físicas e emocionais ao finalizar os Jogos, suas percepções de seguridade e confiança foram destrozadas. Quando os criadores do Jogo anunciam que só pode haver uma vitoriosa Peeta arrebola a sua faca como protesto e Katniss automaticamente pensa que ele a vai atacar, assim que carrega o seu arco e crava uma seta no seu coração Mais tarde quando os doutores de Capitol operam a Peeta, Katniss tem um ataque de pânico e pensa que está de volta na Arena. Ela imagina que a equipa médica é uma manda de mutações a atacar seu amigo. Estes exemplos som provas das alucinações e a paranóia que de forma compreensível Katniss sofre como resultado do trauma extrema que experimentou nos Jogos da Fome. Estas cenas som de ajuda para a diferenciar de tantas chamadas personagens femininas fortes na cultura popular que só replicam o arquétipo de macho estóico, sem emoções e inalterável que dalguma maneira atravessa situações de extrema violência e trauma sem nenhum efeito visível. É refrescante que se deixe a Katniss atravessar um período de stress pós-traumático e que a experiência emotiva remate por fazer dela uma personagem mais forte, e não uma mais débil. Algumas pessoas têm perguntando se Katniss é então uma personagem feminista pela sua compaixão, empatia, astúcia, desenvoltura e inteligência, Eu acho que personifica muitos valores feministas, no mínimo no primeiro livro. No meu próximo vídeo falarei sobre o filme em comparção com o livro, especialmente em relação a representação do género e a violência. Sempre que é feito um filme dum romance há uma série de grandes diferenças, e vou discutir quais dessas mudanças foram bem sucedidas e quais nom. Assim que procura vê-lo. O fan art dos Jogos da Fome que usei neste vídeo foi feito estás fascinantes ilustradoras e ilustradores. Se gostaste do vídeo e queres ver mais analises profundas de personagens femininas na cultura popular por favor apoia o meu trabalho e a mim fazendo um donativo hoje. Podes visitar feministfrequency.com/donate